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O primeiro beijo do Ryke romance Capítulo 3

Ambas se desafiavam com os olhos. Então, Scarlett percebeu que sua amiga nunca havia sido sincera com ela e nem se importado, do jeito que lhe havia jurado fazer, tantas vezes antes. Agora, não conseguia esconder sua verdadeira face e era realmente bem desprezível. Tudo o que Scarlett podia ver nela era sua inveja e o mal que se escondia por trás de seus olhos.

"Você chegou na hora certa!" Ela exclamou, lançando as mãos no ar. "Talvez você possa explicar com o que acabei de me deparar? Algo me diz que você sempre soube que sua mãe estava trans*ndo com meu pai, mas nunca achou que eu merecesse saber. O que mais tá escondendo de mim, Megan?! Parece que eu não te conheço. Quer dizer, você armou pra que eu deitasse com um estranho ontem à noite, e fosse est*prada, que não te conheço mais!"

A mãe de Megan arregalou os olhos em choque, e Scarlett se perguntou qual seria a reação de seu pai, mas não se viraria para verificar por si mesma, não iria quebrar o contato visual com a amiga.

Megan apenas olhava para ela, sem dizer uma palavra.

A mãe dela a encarou: "Do que você tá falando? O que quer dizer com armar pra você? Minha filha nunca faria isso. Teve um caso de uma noite com um homem mas quer culpar a Meg por isso?... Minha filha, diga alguma coisa!"

Mas Megan estava muito quieta, seu rosto ficando vermelho carmesim, e Scarlett não a suportava mais. Logo, levantou a mão e deu um tapa no rosto dela, o mais forte que pôde. O som ecoou no ar, por alguns segundos após isso, e ela tropeçou alguns passos para trás, segurando a bochecha, com um olhar de espanto e dor.

Todos ficaram em silêncio e chocados por um tempo até que a mãe dela segurou o pulso de Scarlett e o apertou.

"Seu! Como ousa bater na minha filha, dentro da minha própria casa?!”

Ela ergueu sua mão para retribuir o tapa, mas a jovem não esperou por ele, estava cega de raiva, e o sentimento lentamente tomava conta de seu raciocínio. Sem pensar, a empurrou para trás, com todas as suas forças, coisa pela qual a mulher não esperava, o que a fez soltar um pequeno ruído, antes de cair. Todos observaram seu corpo bater dolorosamente no chão e sua cabeça, no canto de uma mesa que estava no caminho.

Megan gritou, olhando para o corpo machucado de sua mãe, gotas de sangue escorrendo do ferimento na nuca, e então correu e ajoelhou-se na frente dela, com muito medo de tocá-la.

"Mãe... Ai meu Deus... mãe?! Consegue me ouvir?! M*rda."

Scarlett piscou repetidamente, não sabia o que fazer. Então, apenas cerrou os punhos, olhando para a mulher, cujos olhos não focavam em nada em particular. De repente, seu pai a empurrou para longe, para se ajoelhar ao lado da mulher.

Cuidadosamente, ele levantou a parte superior do corpo dela e a colocou sobre suas coxas. Sua mão segurou a parte de trás de sua cabeça e ela gemeu de dor. A jovem assistia a tudo horrorizada. Era estranho para ela ver o cuidado e a atenção que seu próprio pai tinha com outra mulher estranha.

"Joyce…" Ele disse em um sussurro: "Joyce, o que aconteceu, querida?"

'Querida?' A jovem teria rido, se a situação não estivesse literalmente explodindo sua mente. A mãe de Megan olhou para ele e sorriu. Megan, por outro lado, estava de pé novamente, e apontou um dedo para a amiga:

"Você machucou minha mãe! Seu problema é comigo, por que teve que meter ela nisso? Ela poderia ter morrido, pelo amor de Deus!"

"Meg, pare." A mulher choramingou: "E-eu tô bem... Por favor, não culpe a Scar, hoje ela tá claramente fora de si…"

Mãe e filha, então, trocaram um olhar. Scarlett percebeu como parecia que elas se comunicavam silenciosamente. Então, Megan virou-se para o homem ajoelhado ao lado de sua mãe e falou palavras que fizeram a jovem entender que seu pesadelo estava apenas começando:

"Por que tá tão quieto, pai? Você viu o que ela fez, não foi? Até quando vai ficar quieto e fingir que tá tudo bem? Até quando mamãe e eu vamos ser injustiçadas e colocadas em último lugar, após a única filha que você reconhece?"

Ao ouvir isso, Scarlett riu, e todos os olhos voltaram-se para ela, parecia louca e agora, Megan estava realmente apavorada com ela. Em seguida, ela deu um passo para trás, quando a jovem apontou seu olhar assassino para ela.

"Acabei mesmo de ouvir você dizer 'pai'?"

Apesar do medo que sentia, Megan manteve a cabeça erguida.

"Você me ouviu muito bem." Ela confirmou acenando finalmente.

Ela então se virou para o homem que ainda estava ajoelhado no chão, embora a mulher tivesse se recuperado o suficiente para sentar sozinha, segurando sua cabeça.

"Pai, tô cansada de ser uma filha ilegítima, tá bom? Agora é sua chance de dizer a verdade, pra que todos possamos ficar em paz. Não dá mais pra fugir disso.”

O homem ficou de pé, e suas duas filhas olhavam para ele. Sabia que era verdade, não podia mais fugir. Ao falar, fez questão de não olhar diretamente para Scarlett.

"Ouça, querida... é verdade. De fato, Megan é sua irmã."

Ele se atreveu a lançar um olhar para ela. O rosto da jovem estava totalmente inexpressivo. De alguma forma, isso deixou o pai dela chateado e sua voz se exaltou:

"Não me olhe assim, tá bom? Tentei esconder isso porque não queria que sofresse, mas você não me dá escolha. Veio aqui e invadiu o quarto sem ao menos... Bem, de qualquer forma, não é necessário. Você ia acabar descobrindo, de uma forma ou de outra. O problema é que já tô saindo com a Joyce há algum tempo, antes mesmo de eu me casar com sua mãe. Nós terminamos naquela época, mas eu não sabia que ela tava grávida. Conheci Megan alguns anos depois, mas não pude dizer nada a sua mãe ou você, então mantive isso em segredo. Mas tudo o que eu sempre quis, Scar, foi contar a você sobre sua irmã... Não era assim que eu queria que as coisas fossem. E você pode sentir que foi injustiçada, mas se coloque no lugar da Meg, que teve que viver como uma filha ilegítima. Você teve todos os privilégios com os quais ela só pode sonhar... não é possível que esteja mais zangada do que ela agora."

O homem deu alguns passos à frente. A jovem estava congelada como uma estátua e não conseguia falar, nem uma vez. Então, seu pai respirou fundo e sorriu sem jeito:

"Vejo que tá lidando muito bem com isso, Scar... Ótimo. Agora que já sabe a verdade, podemos começar um novo capítulo de nossas vidas juntos e nos tornar uma família..."

"Pare."

O pai não respondeu, apenas apertou sua mão trêmula e ela percebeu que ele havia se arrependido de suas ações, mas já era tarde demais. Ela correu para fora e não parou mesmo quando o homem chamou seu nome, começando a chorar assim que entrou no elevador, e seu coração doía tanto que ela temia que estivesse realmente partido.

Ela foi confrontar Megan sobre seu est*pro, mas nem conseguiu fazê-lo. Em vez disso, ela rompeu o relacionamento que tinha com o pai e se tornou uma órfã completa, havia perdido os pais.

A jovem saiu do prédio, chorando um pouco e balançando a cabeça, confusa. Achava que Megan havia arruinado sua vida em apenas algumas horas, roubando sua virgindade e seu pai, e se perguntou se esse sempre foi seu objetivo, desde o início de sua amizade. Havia se aproximado dela da primeira vez com o único propósito de arruinar sua existência?

Scarlett estava tão perdida em seus pensamentos que não percebeu o veículo escuro que de repente freou e parou não muito longe dela. O homem no banco de trás saltou rapidamente, observando a jovem esbarrar em algumas pessoas que caminhavam na direção oposta, nem se dando ao trabalho de se desculpar. Era como se estivesse presa em sua própria bolha e o mundo exterior se tornasse invisível para ela.

O homem correu atrás dela e segurou seu braço:

"Ei..."

Ela se virou e franziu a testa quando o reconheceu, era o acompanhante masculino com quem havia acordado pela manhã. Tinha uma expressão preocupada no rosto, mas ela sabia que não deveria acreditar que realmente se importava com ela.

"Não me toque." Ela soltou essas palavras, arrancando o braço de perto dele, que o apertava: "O que aconteceu?" Ele perguntou.

O rapaz estendeu a mão em sua jaqueta e tirou um lenço, mas ela se recusou a aceitá-lo.

"Me diga o que aconteceu." O homem insistiu. "Talvez eu possa te ajudar. Olhe, se é sobre hoje de manhã..."

"Sim, seu filho da p*ta! É sobre hoje de manhã e também sobre o que acabou de acontecer comigo. E sabe de uma coisa?! Não tem nada que você possa fazer por mim e, mesmo que pudesse, nunca vou aceitar qualquer tipo de ajuda vinda de um acompanhante!"

A jovem poderia ter cuspido no rosto dele, mas decidiu não fazer isso, e não notou a forma como o guarda-costas do homem olhou para ela, com as mãos apoiadas nas armas e esperando uma única ordem do chefe. Entretanto, o homem não disse nada.

"Senhor.…"

"Deixe ela ir." Ele suspirou, observando a mulher se afastar: "Há tanta raiva nela…"

Ele se perguntou por que queria tanto ajudá-la. Afinal, era apenas uma mulher entre tantas outras, e já havia tentado ser gentil duas vezes, sua generosidade já era mais do que suficiente.

"Vamos pra empresa." Ele disse aos seus homens, antes de voltar para o carro, mas não conseguiu parar de pensar em Scarlett no caminho, nem um pouco sequer.

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