VALERIA
Levantei os olhos e contemplei o interior do mundo onde Umbros estava aprisionado.
A sensação era horrível, como se toda felicidade tivesse sido sugada por um vórtice de maldade.
O que parecia ser uma ilha flutuava ao longe, fora de nosso alcance, e era o único elemento sólido nesse lugar.
Todo o restante estava encoberto por uma névoa negra como tinta, enquanto relâmpagos lampejavam ao longe entre nuvens de tempestade e escuridão.
Era como estar flutuando no vazio.
— Dê o primeiro passo e nos leve até a Ilha Lunar.
— O primeiro passo? Para onde? — perguntei, olhando para baixo. A sensação de vertigem me fez recuar rapidamente.
— Não seja idiota. Vi que você tinha asas de corvo quando lutou contra o Rei Lycan. Use-as e pare de perder tempo. Voe até a ilha.
Fechei os olhos e tentei invocar a transformação.
Esperava que funcionasse, pois não conseguia controlá-la com facilidade.
Contudo, a sensação de coceira começou em minhas costas, seguida de um desconforto crescente.
Meu vestido se rasgou um pouco, e enormes asas de penas escuras se abriram, batendo com força.
Eu nunca as havia usado para voar uma distância tão longa.
— Eu... nunca usei assim. Não sei se consigo chegar até o outro lado. — confessei, praticando os movimentos e tentando lembrar como os corvos voam.
— Só há uma maneira de descobrir... — ele disse, despertando um mau pressentimento em meu coração.
Sem aviso, uma mão fria empurrou minhas costas, e gritei ao me ver cair.
Bati as asas desesperadamente, movendo braços e pernas para tentar me estabilizar, enquanto meu coração pulsava descontrolado de medo.
Finalmente consegui me equilibrar após quase morrer de susto.
Girei, pronta para insultá-lo de todas as formas possíveis, mas as palavras ficaram presas na garganta ao vê-lo se transformar em uma névoa fina, que flutuou pelo ar até se posicionar ao meu lado.
Eu me esquecera de que vampiros também podiam usar a magia dos elementos naturais e que, além disso, esse homem havia roubado o poderoso sangue que me pertencia.
Resignada ao meu destino, bati as asas, me adaptando à nova e fascinante sensação, enquanto avançava sobre o abismo em direção à ilha, ainda um pouco instável.
Quando meus pés finalmente tocaram o chão, suspirei aliviada, recolhi as asas, e ele reapareceu em sua forma corpórea ao meu lado.
— Encontre o local de descanso das Selenias. Posso sentir o poder delas próximo. Não demore. Vamos, não podemos ficar aqui por muito tempo. — ele voltou a me pressionar.
Olhei para a floresta diante de nós e avancei às cegas mais uma vez, guiada apenas por meus instintos e pelo forte chamado que sussurrava em meu coração.
Milhares de vozes pareciam me chamar, e, à medida que caminhávamos sob as sombras das árvores escuras e retorcidas, essas vozes se tornavam mais altas, quase me sobrecarregando.
As ruínas de alguma edificação surgiram quando a floresta se abriu em uma clareira.
— Está aqui. — sussurrei, parada ao pé de uma escadaria parcialmente destruída.
Coloquei a mão no peito e me perguntei como despertaria minha mãe.
Nana nunca me deu muitos detalhes.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Rei Lycan e sua Tentação Sombria
Comprei o capítulo e não consigo ler porquê?...
Eu queria continuar lendo...