O Rei Lycan e sua Tentação Sombria romance Capítulo 19

VALERIA

Olho para o lado e vejo a filha do Alfa, que também saiu para o exterior.

— Bem, sua majestade leva muito a sério cuidar de sua alcateia — respondo no modo de serva fiel e diplomática.

Ela começa a conversar comigo de forma descontraída, jovem como é, sem muitas preocupações.

Ela me conta animada sobre uma feira noturna que fazem no centro do vilarejo, onde vendem especialidades locais.

O fato de ela não me olhar estranho ou me tratar diferente por causa das cicatrizes já lhe rende pontos comigo.

— Parece que há muitas coisas interessantes. Gostaria de ir, mas não posso sair do lado de sua alteza, lamento…

— Vá com ela, se quiser — a voz de Aldric soa atrás de mim.

— Vou demorar um pouco aqui e você pode se distrair na praça. Não se afaste muito; logo me junto a vocês.

Viro-me para vê-lo mexendo no bolso, e já imagino o que ele vai fazer em seguida.

— Obrigada, senhor — agradeço rapidamente, quase puxando a garota para escapar.

— Espere, Valeria — ele segura meu braço, não me deixando ir, e me obriga a encará-lo.

— Pegue este dinheiro, compre o que quiser, não importa o quanto gaste, trouxe o suficiente — ele tenta colocar a bolsa pesada em minha mão, mas eu a retraio e a seguro junto ao corpo.

— Tenho meu próprio dinheiro, sua majestade, meu salário, vou pagar pelas minhas coisas pessoais. Se quiser algo para você...

— Não, é para você, compre vestidos, maquiagem, não sei, o que você gostar — insiste, dando um passo à frente com o dinheiro estendido.

— Não é necessário, Rei Lycan, já recebi este mês pelos meus serviços de criada — nego firmemente, rejeitando-o.

Antes que ele reaja, me afasto, deixando-o parado no alpendre.

Sinto seu olhar fixo queimando minhas costas, mas caminho ereta, com orgulho.

"Sou apenas sua serva, Rei Aldric, não me confunda com ações ambíguas," penso, respondendo mentalmente.

"Será que, com tanta rebeldia, chego ao amanhecer com a cabeça no lugar?"

Pergunto-me meio de brincadeira, sem imaginar a noite turbulenta e os perigos que enfrentaria.

*****

— Olha, Valeria, que lindas pulseiras! — Adele me puxava por todos os estandes ao redor da praça.

Finalmente pude sentir um pouco de vida nesta alcateia meio apagada.

Lanternas iluminavam sobre nossas cabeças, enfeitando a noite.

Eu me distraía observando alguns cremes medicinais, ainda na esperança de encontrar um milagre para acelerar minha recuperação.

Quando me virei, Adele não estava em lugar algum.

Caminhei à sua procura e, no fim da praça, a vi ao longe, conversando em um beco escuro com o que parecia ser um homem.

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