ALDRIC
Olho nos olhos apavorados dessa Alfa.
Nunca gostei particularmente dela, mas seu irmão é um membro valioso dos Guardiões e, agora, o único que pode ler esses Altares.
— Por que estava levando Valeria como se estivesse fugindo? Sei que você ouviu muito bem o rugido do meu lycan. Por que diabos não esperou por mim e a colocou em perigo novamente?
Aperto mais minha mão com raiva ao lembrar como cheguei àquela saída d’água e as vi sendo arrastadas pela correnteza. Não pensei nem por um segundo antes de saltar atrás da minha fêmea.
— Se… Senhor… Eu… estava ferida por causa da luta, tive… tive medo de que saíssem mais inimigos daqueles buracos escuros… na parede… e nos matassem antes que o senhor chegasse… Agi por impulso, pulei nervosa sem pensar…
Ela responde gaguejando, e eu me inclino mais perto, observando o interior de seus olhos erráticos, cheios de pânico.
Quando cheguei, vi muito bem a sombra de um homem fugindo por aquele buraco na parede que ela mencionou, então faz algum sentido.
— "Cheira a energia sombria," — diz meu lobo entre dentes.
Com ele desperto, meus sentidos estão mais aguçados, e coisas que antes eu não percebia agora são muito evidentes.
Baixo o olhar e examino o ferimento feio em seu estômago, contaminado com magia sombria. Parece ter sido causado por uma arma enfeitiçada, o que também pode explicar o cheiro estranho.
— O que aconteceu com os corpos? Como descobriram o Altar e envolveram Valeria? O que fazia com ela naquele lugar?
Ela fica em silêncio por alguns segundos, e cada vez me convenço mais de que está escondendo algo.
— Diga logo, Celine! Não me obrigue a usar meu comando!
— Os corpos… Eu… o menino foi enfeitiçado e enganou sua donzela. Eu…
— Já chega… Aldric… — ouvi, de repente, a voz fraca de Valeria, capturando minha atenção por completo.
Virei-me imediatamente para vê-la tentando se levantar do chão. Soltei Celine e fui ajudá-la.
— Calma, pequena, calma. Não se esforce. Dói em algum lugar? — Acaricio Valeria e a seguro contra meu peito nu. Ela está tão fria e frágil em meus braços que meu coração se aperta.
— Ela me ajudou… Deixe-a em paz. Ela não fez nada de errado. Foram aqueles malditos vampiros… Eles… usaram o menino, o enfeitiçaram, e ele morreu… — Valeria diz com a voz quebrada, abaixando seus olhos azuis, cheios de lágrimas.
— Tudo bem, tudo bem. Não fale sobre isso. Não se lembre, não reviva esse momento ruim. Tranquila, pequena. Valeria, não chore, por favor. Não chore, meu amor… — Ela começou a soluçar baixinho, molhando minha pele enquanto se agarrava ao meu corpo.
Eu sei que ela se apegou ao menino, que parece ser a peça-chave aqui. Foi o único cadáver intacto.
Ouço um rugido e olho para a floresta, vendo Quinn surgir em sua forma de lycan.
Seu pelo é marrom escuro, muito menor do que minha besta, mas ainda assim poderoso.
Ele se transforma e se aproxima de sua irmã, encostada na árvore.
— Celine, você está bem?! — Ele a examina, e ela apenas assente com a cabeça baixa. — Senhor, a senhorita Valeria está bem?
— Está bem! E vista-se, pelo amor da Deusa! Já basta um de nós andando com a p**** de fora! — digo entre dentes, pressionando mais a cabeça de Valeria contra meu peito e me virando de costas para Quinn.
— Como assim os corpos desapareceram? Por que a aura do Rei está ainda mais intensa? — Ela se agarra a mim enquanto termina de beber meu sangue, recuperando um pouco de cor e começando a se curar.
Eu já havia mencionado os cadáveres desaparecidos através de nosso vínculo privado como irmãos.
Explico o que vi no porão enquanto corria apressado e dei uma olhada rápida.
— E parece que o lobo interior de sua majestade voltou. Por isso ele está ainda mais forte, se é que isso é possível — digo, franzindo o cenho e ajudando-a a se levantar.
É claro que voltou, e ele me desafiou, deixando bem claro para meu lobo interior que Valeria é dele.
Como se o cheiro de sexo selvagem e as “evidências” deixadas de propósito naquele Altar não fossem um tapa na minha cara.
Ele também a marcou. Parece temporário, mas, mesmo assim, o corpo de Valeria emite um aviso bruto e claro para qualquer macho que tente se aproximar dela.
— Acho que o inimigo eliminou os corpos para encobrir a verdadeira assassina. Aldric saberia imediatamente que eu não os matei. Ele poderia suspeitar de Valeria. Alguém sobreviveu e conhece o segredo dela, a importância que ela tem. Que droga! — Ela ruge de repente, olhando para mim com olhos nervosos.
— Tenho muito para te contar. Sei o que o Altar diz e também o mistério sobre a donzela do Rei. Quinn, precisamos protegê-la. Ela é diferente. Talvez ela possa me ajudar com o meu problema.
— Sua majestade está apaixonado por Valeria, mas por quanto tempo isso vai durar? E se ele descobrir? Ela está em perigo ao lado dele...
— Espere, espere, Celine, eu não estou entendendo. Fale mais devagar…
— Ah, não! — exclama de repente, levando a mão à boca. — Coloquei a relíquia de prata no bolso do vestido de Valeria!

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Rei Lycan e sua Tentação Sombria
Comprei o capítulo e não consigo ler porquê?...
Eu queria continuar lendo...