VALERIA
Parecia que o tempo havia congelado, e estávamos de volta àquele momento em que ela entrou no quarto e viu seu filho morto em minhas mãos.
Não me arrependo de nada.
Dorian matou meu filhote primeiro, então, olho por olho me parecia mais do que justo.
Endireito os ombros e levanto o queixo de forma desafiadora.
Se ela pensa que vou temê-la ou respeitá-la como antes, está muito enganada.
Sei que ela pode abrir a boca diante de Aldric, me acusar.
Afinal, minha ex-amiga Sophia provavelmente viu minha transformação.
Mas será a palavra dela contra a minha. Vamos ver em quem o Rei vai acreditar.
— Alfa, não sabia que havia mais convidados — Aldric diz ao meu lado, com sua típica frieza e aspereza.
— Majestade, por favor, me desculpe por não tê-lo recebido pessoalmente. O Alfa não havia me avisado de sua chegada — ela dá um passo à frente e faz uma reverência bajuladora diante do meu homem.
— E quem é você? — Sua Majestade arqueia uma sobrancelha inquisitiva.
— Sou, por ora, a regente interina. Meu pequeno neto é o futuro Alfa da Alcateia Bosque de Outono, que se anexou a esta pequena alcateia. Então, basicamente, administro as duas — responde ela, e fico chocada. Neto? Que neto? Dorian era filho único.
— Meu amor, venha, cumprimente o Rei Lycan e seus subordinados como eu te ensinei — de repente, ela pega uma criança pequena, de cerca de dois anos, nos braços. Não consigo acreditar no que estou vendo. De onde saiu esse menino que agora está cumprimentando Aldric?
Não pode ser... Será que é filho de Dorian e Sophia? Ou de outra pessoa?
É óbvio que, pela idade, ele foi concebido enquanto Dorian ainda era casado comigo.
A raiva ferve dentro de mim, mas me esforço ao máximo para não deixar que Aldric perceba meus sentimentos turbulentos.
— Ela é minha fêmea, sua futura Rainha. Deve saudá-la com respeito — Aldric aperta minha cintura, indicando ao menino que me chame de Majestade também.
— Sua Majeshta, a Rainha bem-vin... Mmm, como era mesmo a palavra, vovó? — Ele se vira para perguntar e, em seguida, repete o cumprimento infantil com doçura. Só consigo olhar para seus olhos inocentes e sorrir, mesmo que minha alma esteja se despedaçando.
Sei que ele não tem culpa. Nunca descontaria em uma criança, mas dói tanto. Meu filho também poderia estar aqui, grande. Esse filhote é o fruto de uma traição tão dolorosa, e tenho certeza de que essa velha cúmplice sabia de sua existência.
— Muito bem. Gosto de filhotes assim, educados. Com certeza, será um excelente Alfa — Aldric diz, satisfeito. Percebo que o Rei tem uma fraqueza por crianças pequenas.
Aquela noite, tivemos um jantar desconfortável.
Mas mal havia terminado de engolir o que estava no prato, quando um dos sentinelas veio correndo avisar que viram uma criatura estranha na floresta.
Parecia uma vampira e até atacou algumas pessoas que passavam por perto.
Aldric se levantou imediatamente da mesa.
Na verdade, todos nos levantamos.
— Quinn, cuide delas com sua vida. Vou investigar — Aldric ordenou, saindo para a varanda.
— Meu amor, não faça imprudências, Valeria. Caçarei essa criatura e voltarei em breve, está bem? — Ele acariciou meu cabelo e beijou minha testa.
Assenti com um suspiro e, então, o vi sair com pressa, acompanhado do Alfa e dos sentinelas.
Vou me virar, mas, de repente, sinto algo frio escorrer pelo meu peito.
— Alteza, sinto muito. Que vergonha... Acho que estou muito nervosa com tudo isso... Deixe-me ajudá-la — era Anaís, minha ex-sogra, com uma cara de falsa vergonha, depois de ter jogado todo o vinho em mim de propósito.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Rei Lycan e sua Tentação Sombria
Comprei o capítulo e não consigo ler porquê?...
Eu queria continuar lendo...