O Retorno da Deusa Médica romance Capítulo 239

Nicolas manteve-se inabalável, como sempre fora alguém que tinha tudo planejado em sua mente, mas jamais revelava seus pensamentos em palavras.

Adelina o conhecia bem e sabia que sua autoconfiança vinha de sua solidez interior.

“Já que você já decidiu, desejo-lhe sucesso.”

Ela sorriu levemente, sem demonstrar qualquer preocupação com ele.

“Com a sua capacidade, certamente não haverá problema algum. Quem deveria estar preocupado são eles.”

Nicolas arqueou as sobrancelhas, logo voltando ao seu habitual ar irreverente.

“Agora todos lá fora dizem que enlouqueci. Dizem que um filho ilegítimo ousa disputar poder e riqueza com o verdadeiro senhor da família Sousa. Que insolência! Ainda falam que, por a família Sousa me dar de comer, já seria um favor, e que eu deveria aceitar tudo de cabeça baixa, sem causar problemas. Fazer tanto barulho assim seria, de fato, presunção da minha parte.”

Ao falar, ele próprio começou a rir, com sarcasmo estampado nos olhos e no sorriso.

Adelina, com expressão serena, tomou um gole d’água.

“As pessoas de fora não sabem da verdade, apenas repetem o que ouvem. Não precisa levar isso a sério.”

“Claro que não levo a sério. Se fosse para levar, já teria morrido de raiva há anos.”

Nicolas soltou uma risada debochada, evidentemente não se importando nem um pouco.

No entanto, seu olhar esfriou de repente.

“Embora eu não me importe com as coisas podres da família Sousa, todas as calúnias que fizeram durante esses anos, eu as anotei uma a uma.”

Sua mãe, uma verdadeira esposa legítima, sempre se comportou com dignidade, mas fora insultada e chamada de destruidora de lares alheios. Isso era uma mágoa que ele nunca superara.

A família Sousa, ele ainda iria acertar as contas com eles; era apenas uma questão de tempo.

Agora, a hora havia chegado...

Ao entardecer, ouviu-se um movimento vindo do hall de entrada.

Logo em seguida, soaram duas vozes infantis, alegres.

“Mamãe, nós voltamos!”

O olhar de Adelina suavizou-se, e, ao levantar os olhos, viu Marcelo e Daniel correndo em sua direção como dois pequenos foguetes.

Eles pretendiam se lançar nos braços de Adelina, mas pararam bruscamente no meio do caminho.

“Ué?” Os dois pares de olhos escuros olharam surpresos para Nicolas. “Sr. Sousa está aqui?”

Nicolas descruzou as pernas, sorrindo de maneira rara e gentil.

“Sim, terminou a aula? Gostaram da escola hoje?”

Por que se sentiria culpada? Entre ela e Nicolas, tudo era limpo e claro.

Além disso, mesmo que houvesse algo entre ela e Nicolas, isso não dizia respeito a Ricardo.

Ao pensar nisso, voltou a encará-lo com expressão neutra.

“Obrigada por trazer as crianças até aqui.”

Mal terminara de falar, Nicolas lançou-lhe um olhar insatisfeito.

Ele pressionou a língua contra a bochecha esquerda, claramente aborrecido, e, de propósito diante de Ricardo, reclamou com Adelina.

“Se você estiver ocupada e Marcelo e Daniel precisarem de alguém para buscá-los, pode pedir diretamente para mim. Não seria a primeira vez que os levo, não há necessidade de incomodar terceiros.”

Adelina: “...?”

Seria impressão dela? Por que aquelas palavras soaram tão estranhas?

De repente, uma risada sarcástica irrompeu no ambiente.

Ricardo se aproximou a passos firmes, falando sem qualquer gentileza.

“O que foi? Sr. Sousa acha que não a envolveu o suficiente e quer que ela sofra mais alguns ataques, mais alguns ferimentos?”