O Retorno da Deusa Médica romance Capítulo 240

Como uma enorme pedra caindo do céu, a tensão pairava no ar como fumaça após uma explosão.

“Senhor Sousa, se o senhor tem tanto tempo livre, deveria primeiro resolver a bagunça em sua própria casa, assim evitaria comprometer outras pessoas.”

O clima ficava cada vez mais pesado, tão opressivo quanto a expressão de Nicolas.

Após alguns instantes, Nicolas finalmente respondeu de forma fria e cortante.

“Dos meus assuntos, eu mesmo cuido, não precisa se preocupar, Senhor Carvalho. Recomendo que o senhor cuide melhor dos seus próprios problemas.”

Ele então recostou-se no sofá, relaxando o corpo de maneira displicente, as pernas abertas sem o menor pudor.

Embora olhasse de baixo para cima, não demonstrava qualquer inferioridade, ao contrário, sua postura transbordava desdém.

“Ouvi dizer que o Senhor Carvalho está prestes a ter boas notícias. Devo lhe dar os parabéns antecipados?”

Ricardo franziu a testa. “Parabéns pelo quê?”

“Pelo seu casamento, é claro.”

Nicolas curvou os lábios em um sorriso enigmático, com um toque provocativo.

“Na festa de aniversário da Senhora Maria, todos comentavam que o casamento com a filha dos Martins, Fernanda, já estava acertado. Um evento tão importante merece congratulações, não acha? Fique tranquilo, no dia da cerimônia, farei questão de lhe entregar um grande presente, em sinal da minha mais sincera consideração.”

Durante todo o tempo, Nicolas sorria.

Mas, para Ricardo, aquele sorriso era estranhamente ofensivo.

Quando ele estava prestes a responder, Nicolas retomou a palavra.

“No entanto, preciso lhe alertar sobre algo. Já que está comprometido com outra pessoa, espero que mantenha certa distância da nossa Adelina. Seria melhor evitar proximidade desnecessária.”

“Na última vez, no leilão, já vi como sua noiva é ciumenta—arrumou confusão com Adelina sem motivo nenhum. Se não tomar cuidado, nunca se sabe quantos problemas ainda causará para a nossa Adelina! Talvez para você não faça diferença, mas para ela, a reputação é importante.”

Parecia que lâminas invisíveis cruzavam o ar.

O clima ficava ainda mais tenso, como numa tempestade iminente.

Após alguns momentos de silêncio, Ricardo soltou uma breve risada, mas seus olhos continuavam frios.

“E o senhor acredita em boatos? Não imaginei que o Senhor Sousa fosse tão dado a fofocas!”

Assim, os dois acabaram ficando para o jantar.

Durante a refeição, Nicolas não parava de servir comida para Adelina.

“Coma mais do que você gosta, tem trabalhado tanto ultimamente, está visivelmente mais magra, precisa se alimentar melhor.”

Assim que ele tirava os talheres, Ricardo se apressava em servir.

“Você está se recuperando, evite frutos do mar, prefira alimentos mais leves.”

Adelina olhava para o prato, que ficava cada vez mais cheio, sem saber o que dizer.

Enquanto isso, Marcelo e Daniel comiam o arroz, os olhos atentos, de um lado para o outro.

Depois de observarem por um tempo, não aguentaram mais.

Limparam a boca, largaram os talheres e, em uníssono, cruzaram os bracinhos.

“Senhores, por que não resolvem isso numa briga? Lá no nosso jardim de infância, as crianças já não discutem assim.”