Perigoso (Letal - Vol.2) romance Capítulo 28

“— Eu não quero voltar, Iron, porque não tenho mais uma vida lá fora. — eu abri os olhos, virei o rosto e fiquei olho a olho, detalhando cada centímetro do rosto enrijecido pela cicatriz. — Não dá pra reverter o que aconteceu, e não quero arriscar que aconteça. Eles estavam felizes, e sem mim. Eu acho que é assim que tem que ficar.

Ele me olhou, aproximou a ponta do nariz e roçou meus lábios. Quando o beijo aconteceu, eu fechei meus olhos, abracei ele, mas ele não continuou o beijo.

— Disse que não me escolheu… — sussurrou.

— Isso importa pra você? — perguntei nervosa, também sussurrando, e os olhos virando uma piscina — Importa?

— Esse é o problema, cadela. — deixei uma lágrima escapar ao ouvir — Importo. Essa é a merda. Eu me importo.”

(...)

Eu deixava uma lágrima escapar, recordando-me dos momentos em que eu e Iron estávamos nos entendendo. Pray estava desacordada atrás, Dom mantendo o olhar sério para frente e a minha cabeça o mais longe possível. E se eu só tivesse com a cabeça um pouco mais no lugar? E se eu não tivesse me envolvido com Dominic tão cedo…

— Merda… — resmungou Dom, me fazendo olhar pra frente.

Adiante a pista, um paredão fechado. Um comboio de carros, que eu deduzo não ser a polícia, estava à deriva. Eu toquei no painel do carro, olhei pra trás vendo a Pray desacordada, olhei pro Dom, senti meu coração acelerar e o vi apertar as mãos no volante.

— Dom, não vai dá pra passar! — soltei em voz alta, olhei para ele e ele permaneceu em silêncio.

O conjunto de carros empilhados tornou-se um conjunto de alaranjados explodidos. O centro da linha explodiu em chamas, distendendo o laranja e coletando os carros ao lado. A onda de calor se expandiu, empurrou alguns veículos adiante e alcançou até mesmo a gente, distorcendo o controle do volante. A pressão pegou no calor do asfalto, estourou um pneu e inevitavelmente capotamos.

Eu gritei, vi o blindado do pára-brisa se marcar de trincados, enquanto o mundo girava em câmera lenta. Dom tentou se manter firme durante as voltas que o mundo dava, meu corpo sofreu baques contra o grosso cinto e forçou o pescoço no tecido grosso, enquanto meus braços brincavam soltos e meus cabelos dançavam a música da morte, em cada baque que sofremos. Adentramos o acostamento, passamos pela divisão da estrada e batemos na árvore; que dava acesso a vegetação natural à beira da pista.

Achei que ia morrer, mas a estrutura do carro era reforçada o suficiente para segurar o baque de todo mundo, enquanto eu via de um jeito alucinado o corpinho da Pray aprisionado no cinto em forma de “X”, com a cabecinha para baixo, presa e acoplada da cadeirinha, que agora estava de ponta cabeça.

Eu queria gritar, socorrer ela, mas meu ouvido estava zunindo, enquanto eu acho que Dominic tinha mais reação que eu. Eu estava para ceder, estava mesmo quase cedendo à moleza e a tontura da cabeça, mas senti uma agulhada alfinetar em meu pescoço, o ar entrou de uma vez em meus pulmões e eu arregalei os olhos, no susto. O rosto de Dominic tornou-se minha primeira imagem clara, junto com sua voz.

— Uma dose de adrenalina. Vamos, você precisa reagir!

Me movi no susto, puxei o cinto e quase caí, enquanto os braços de Dominic me puxavam para fora e eu vi os resultados da batida em seu rosto. Ele estava com ferimentos e sangrando, enquanto a cadeirinha da Pray já estava para fora, e eu fui diretamente até ela. Desacordada, tinha um machucado na mão e um pequeno corte no rosto, enquanto eu soltava ela e a pegava nos braços.

— O que foi que aconteceu?

— Abaixa! — gritou. Eu me encolhi, senti Dom colocar o corpo sobre o meu e ouvi uma troca de tiros, onde um projétil atingiu o blindado capotado, que Dom mantinha como um escudo.

— O que foi que aconteceu? Como foi que você conseguiu explodir aquilo?

— Não foi eu. — ele me levantou, eu mantinha Pray de encontro ao meu peito, tampando a cabecinha dele e enquanto ele me fazia andar para frente, eu olhei para trás.

Iron. Era ele. Ao topo atirando, atirando e entrando em confronto com a linha da estrada. Dominic continuou me fazendo andar, e para o meu azar via-se ao longe mais carros chegando. Eu estava trêmula, andando de um jeito nervoso, cada vez mais adentrando a mata.

— O que estamos fazendo? — perguntei, mais para mim mesmo do que para ele.

Dom não esperava uma emboscada densa mata adentro, mas era meio óbvio, não é? Não tinha para onde ir além do comboio na estrada. Tinha tanta gente saindo do meio das árvores, que não dava pra contar. Dominic imediatamente entrou na frente, me manteve às suas costas e levantou as mãos.

— Está bien... ¡Soy yo a quien quieres!

— ¡Atrás, traidor! ¡Queremos a la niña!

— No entregaré a la mujer… — O homem diante dos outros, simplesmente atirou.

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