O ônibus fez uma parada, eu desci tocando o chão quente do calor da cidade um tanto pequena, pra vida barulhenta que Iron costumava a ter. Eu era a visão da pura ansiedade, coração batendo a mil e uma mochila de lado. Caminhei coisa de meio quarteirão, cheguei na porta de um hotel de beira de estrada e bati com a mão na sineta do balcão.
O lugar era simples, tinha uma parede de quadro com vários recados pendurados, um molho de chaves do outro lado e uma caderneta sobre o balcão. Esperei um pouco, e um rapaz aparentando ter um pouco mais que a minha idade desceu as escadas, usava camisa de manga comprida, jeans e botas. Ele sorriu, tinha a cabeleira castanha e curta e pareceu curioso quando se colocou atrás do balcão.
— Visitando cidades do interior? — questionou puxando a caderneta e abrindo as páginas um tanto empolgado.
— Oi. Eu preciso de um quarto simples, inicialmente para uma semana.
— Veio de onde? — perguntou enquanto fazia uma anotação.
— Érina. — respondi a pergunta certa, já que minhas origens seriam complicadas de responder. Tirei um documento de trás do bolso, depositei em cima do balcão e olhei ao redor. — Você já ouviu falar da fazenda dos Primes?
Ele pegou o documento, copiou a numeração e concordou olhando pra cima.
— Você é uma daquelas jornalistas universitárias? Desde quando o ocorrido saiu nos jornais locais, sempre tem alguém querendo montar uma lenda urbana em cima. — Eu fiquei quieta e deixei o moço falar enquanto ele pegava uma chave e apontava pra mim. — A lavoura pegou fogo, e os pobres Primes morreram tentando apagar as chamas. Só que ela foi comprada. México? — Ele olhou o documento.
— Gracias. — respondi pegando o documento de sua mão junto com as chaves, enquanto ele fazia uma cara empolgada e eu fingi um sotaque improvisado.
— Segunda porta a direita, o café está incluso na diária, só que é servido na mesa central.
— Tudo bem, obrigada.
Eu subi as escadas decidida a encontrar o rumo das coisas a partir daqui. Encontrei a porta, girei a chave e me deparei com a cama pequena, um banheiro simples e uma televisão de cubo média. Eu me sentei na cama, abri o bolso da mochila e tirei as lembranças que carregava comigo como um amuleto de fé. A foto de Iron com a Pray, a carta e o unico pedacinho dela que tenho.
(...)
— Dom…! Dom! — chamei, o pegando na saída do casarão de Sore, uma vez que já fazia um bom tempo que eu não o via. — Dom, porque fez isso?
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