Os Gêmeos Desconhecidos: As Escolhas De Uma Mãe romance Capítulo 1601

No início, Francisco Barros achou que Astrid Freita tinha brigado com Orlando Capelo, mas ao ouvir o choro incontrolável no banco de trás, Francisco também ficou aflito.

Era a primeira vez que via Astrid chorar daquele jeito, tão profundamente triste.

Francisco quis perguntar, mas ficou hesitante por um bom tempo; Astrid parecia totalmente imersa em seu próprio mundo de tristeza, inacessível para qualquer um.

No fim das contas, Francisco não conseguiu perguntar nada, apenas continuou dirigindo em silêncio.

Astrid chorava sem conseguir se controlar. Ela não sabia por que não correu para fora há pouco; talvez, ao ver Rafaela Barros daquele jeito, tenha sentido medo.

Ela sabia que Rafaela não queria ser vista tão magra e debilitada, então, naquele momento, um tipo de força a impediu de sair.

Câncer de estômago em estágio avançado.

Como médica, Astrid sabia muito bem o que essas palavras significavam.

Ao lembrar do estado de Rafaela, o coração de Astrid se apertou profundamente. Ela sabia... Rafaela não tinha muito tempo.

As lágrimas caíam como uma enchente; Astrid estava tomada pela dor.

Então era esse o segredo que todos vinham escondendo dela.

Rafaela provavelmente já sabia sobre sua doença há muito tempo. Desde quando? Astrid de repente se lembrou do dia em que Rafaela saiu de Brasília; naquele dia Rafaela lhe disse tantas coisas, com um olhar cheio de saudade.

Naquele momento, achou estranho, mas não pensou que Rafaela pudesse estar gravemente doente.

Provavelmente, Rafaela já sabia da doença naquela época.

Mas escolheu esconder dela. Será que queria esperar até partir para lhe contar?

O peito de Astrid doía, quase sufocante. Ela sentia raiva de Rafaela por não ter lhe contado nada, mas ao mesmo tempo sentia pena da amiga por carregar sozinha a dor da doença.

Ao voltar para a casa da Família Barros, Everaldo Cerqueira, ainda preocupado com Astrid, esperava na porta e logo viu Astrid descer do carro com os olhos vermelhos.

Everaldo quis se aproximar, mas Astrid, de cabeça baixa, expressão fria e olhar perdido, passou direto por todos e entrou em casa, ignorando completamente Everaldo.

"Senhorita..."

Astrid não respondeu.

Orlando parou o carro e desceu rapidamente, mas Astrid já tinha subido direto para seu quarto.

"Sr. Capelo, a senhorita...?" Everaldo estava visivelmente preocupado.

Orlando franziu a testa. "Ela já sabe de tudo."

Astrid sentou-se no tapete, abraçando os joelhos, com o rosto enterrado nas pernas.

Astrid sabia perfeitamente que não podia culpar Orlando; ele só não contou para protegê-la.

Se fosse ela no lugar de Orlando, talvez tivesse feito o mesmo.

Na verdade, Astrid não estava brava com Orlando. O que sentia era uma dor tão intensa que não sabia como lidar com essa notícia repentina e devastadora.

"Eu entendo, não te culpo. Vai descansar, por favor. Só quero ficar sozinha um pouco, prometo que não vou me machucar."

Após dizer isso, Astrid não quis mais falar nada.

Do lado de fora, Orlando não teve coragem de ir embora.

"Papai?" Helios e Dani, ao ouvirem que Astrid e Orlando tinham voltado, vieram pelo corredor e encontraram Orlando parado do lado de fora, com o rosto preocupado.

"Papai, por que você está aí fora? E a mamãe?"

"Ela está lá dentro."

Os dois meninos olharam para a porta, tentaram girar a maçaneta e perceberam que estava trancada. Dani franziu a testa. "Papai, você deixou a mamãe brava? Por isso não pode entrar?"