Por Amor ou por Vingança Um grande covarde

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Ethan

Depois que saí da casa da Mariana naquela manhã, passei em casa apenas para tomar banho e trocar de roupa, pois ainda usava a mesma com a qual fui ao shopping na noite anterior, e depois fui para a empresa sem mais demora.

Vários investidores estrangeiros me aguardavam para uma reunião importante e após algumas horas, eu me sentia completamente dolorido e a minha secretária logo percebeu o desconforto e enquanto um dos meus diretores de projetos fazia uma apresentação para os demais participantes, a Liz me entregou um copo com água e um comprimido, que eu engoli sem nem ao menos perguntar do que se tratava.

Ainda assim, eu esperava ardentemente que se tratasse de algum analgésico, porque a tensão muscular estava no nível máximo já.

A dor diminuiu sensivelmente e quando a reunião acabou, caminhei diretamente para a minha sala e pedi que a Liz me acompanhasse, precisaria passar algumas instruções sobre a reunião.

Quando já estávamos em minha sala, o desconforto da noite mal dormida ainda se fazia presente, assim como a lembrança da mulher que me fazia agir como um garoto, dormindo em um colchão colocado no chão e pequeno demais para mim.

— O que aconteceu, Ethan?

— Comigo? — perguntei sem entender — Não sei a que se refere.

— Parece que teve uma noite péssima…

Sorri pela observação, mas não concordo com a forma de ver a situação. Contei então para Liz tudo o que tinha acontecido na noite anterior, éramos amigos nesse nível de intimidade, mas ainda assim não entrei em detalhes sobre a chantagem que fiz inicialmente com Mariana, pois com toda a certeza ela não iria aprovar tal atitude e eu receberia longos sermões a partir de então.

— Porque você simplesmente não compra uma cama para a Mariana? — ela sugeriu em tom de brincadeira — Acredito que por toda a situação, seja mais fácil ela aceitar isso do que levá-la para o seu apartamento, afinal, tem a tia Celina.

Como eu não tive essa brilhante ideia antes? Poderia ter evitado todo o desconforto da noite anterior!

— Preciso que providencie uma cama King Size e solicite a entrega para esse endereço — orientei, escrevendo o endereço no papel e entregando para ela — Hoje ainda.

Liz me olhou com um meio sorriso, mas eu não me importei que ela estivesse exibindo um sorriso cheio de si, afinal, antes tarde do que mais tarde e precisava reconhecer que o mérito dessa vez era todo dela.

— Já precisei enviar vários tipos de presentes para as suas "namoradas" — fez sinal de aspas — mas uma cama é a primeira vez. Não sei se posso chamar de presente, no entanto… é apenas uma cama.

— Concordo com você sobre não ser um presente para a Mariana, e diria até que dessa vez estou presenteando a mim mesmo — falei com ironia — Caso contrário, daqui a pouco estarei sem andar, com tantas dores em meu corpo.

— Acredito que Mariana seja ainda a garota que você está disputando com o Arthur Rodrigues… ou estou enganada?

— Não estou disputando a Mariana com ninguém! — protestei com raiva — Arthur é carta fora do baralho, precisa apenas aceitar isso.

Liz fez arquear de sobrancelha que me deixou bastante irritado, como se estivesse discordando de minhas palavras, mas eu desconsiderei o questionamento em seu olhar e pedi para que ela resolvesse o meu problema logo de uma vez. Essa seria a sua maior prioridade para aquela manhã.

Precisava que aquela cama estivesse ainda hoje na casa da Mariana e como ela não iria para a loja hoje, eu passaria em casa apenas para tomar banho e trocar de roupa.

no final da tarde, quando eu já não estava me aguentando de vontade de ver a Mariana e aproveitar a nossa cama nova da melhor maneira possível, decidi que iria encerrar o expediente um pouco mais cedo, e talvez eu conseguisse chegar na casa dela ainda para o jantar.

Mas meus planos foram frustrados e o meu bom humor completamente afetado pelo anúncio feito por Liz de que havia uma certa pessoa que desejava falar comigo, quando eu já estava desligando o meu computador.

Eu deixei bastante claro que ele não deveria me procurar aqui na empresa — falei para a minha secretária, deixando transparecer toda a minha raiva — Ele está ficando louco?

Ele está na recepção e deixou bastante claro que só sairá de lá após falar pessoalmente com você, Ethan — Liz explicou — Acredito que não seja uma boa ideia tentar despachar o homem sem antes o atender.

A Liz estava certa, é claro, e eu não poderia me arriscar a contrariar aquele idiota sem antes dar-lhe um aviso que o colocaria de volta em seu lugar de origem. Sendo assim, pedi a Liz para autorizar a subida dele e me preparei para receber o homem que estava tentando me chantagear. Logo a mim.

Quando Jorge Souza entrou em minha sala, eu o encarei com uma falsa expressão de tranquilidade, e o cumprimentando apenas com um aceno e indicando que ele deveria se sentar em uma das cadeiras dispostas a frente da minha mesa.

Acredito que tenha deixado claro que não desejava visitas em minha empresa — falei de maneira fria.

Como a grana não foi até mim — ele diz com sarcasmo — eu vim até a grana.

O homem sorridente e cheio de segurança diante de mim se tratava de um ex-funcionário da FERZ, que algum tempo atrás tinha me procurado em busca de uma parceria para prejudicar a reputação de Murilo Fernandes, ao causar um grande escândalo em torno da sua empresa, algo que aceitei de imediato e sem pensar nem mesmo duas

sempre acontece quando o assunto é Murilo, eu caí de cabeça na ideia de macular a boa reputação dele no mercado, tudo isso para destruir a sua carreira como empresário e fazer com que ele pague pelo que

como também estava se repetindo constantemente no que diz respeito a ele, eu cometi um grande erro ao me filiar a um lunático que só pensava em ganhar dinheiro fácil, às custas de qualquer um que caísse no seu golpe

Jorge se tornou um poço sem fundo, sempre em busca de mais e mais dinheiro, em troca de continuar com o processo trabalhista contra o Murilo e não abrir a boca sobre a minha participação na tentativa fracassada de sabotar o evento de confraternização da FERZ, o que acabou acontecendo no final das contas, mas não da maneira como eu tinha

apoiaria a Bruna a cometer tamanha maldade ao empurrar a garota do Murilo, ou qualquer outra pessoa, escada abaixo, como ela havia acabado por

— O valor acordado já foi devidamente pago — falei com a máxima frieza — Eu diria até que já o paguei repetidas vezes, e agora não pretendo dar nenhum centavo

Jorge não parece se intimidar com o que acabei de dizer e solta uma risada de escárnio, que não me afeta em nada, caso fosse essa a sua

— Tenho certeza de que não é nenhum bobo, Constantino — ele diz com um sorriso irônico. — Sabe muito bem que eu posso jogar toda essa sujeira no ventilador. E você não deseja que eu faça isso, não

A ameaça feita pelo Jorge acaba despertando algumas lembranças e sinto uma estranha sensação de culpa, pois essas foram praticamente as mesmas palavras que usei para pressionar a Mariana e que agora estavam sendo usadas