Por Amor ou por Vingança Minha Família

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Mariana

Quando Ethan exigiu que eu o acompanhasse de volta para São Paulo, acreditei que aquilo indicava que ele pretendia passar o domingo comigo, o que eu dificilmente poderia recusar, pois com toda a certeza, ele usaria a minha recusa como fonte para a sua chantagem.

Sendo assim, eu me preparei psicologicamente para o que poderia acontecer e também não avisei nada para a minha tia sobre estar voltando para São Paulo mais cedo do que o esperado, tendo em vista que eu não iria estar voltando realmente para a minha casa.

Surpreendente, Ethan fez algo completamente diferente do que eu esperava, e me levou diretamente para a minha casa, me deixando bastante confusa com aquela sua atitude, ainda assim, considerei o fato realmente agradável, no final das contas, eu tinha conseguido adiar por mais um dia, talvez que isso mais até, o momento em que precisaria estar com ele de uma maneira que eu não me sentia assim tão preparada quanto gostaria de admitir.

Entro na sala de estar da pequena e confortável casa onde estou morando com a minha tia, desde que "ganhei" o dinheiro do leilão.

— Já está de volta, Mari? — tia Cilene pergunta, visivelmente surpresa com a minha chegada antecipada.

Ela estava vendo televisão e como sempre acontece quando me ver chegar, ela sorriu de maneira amorosa, feliz com o meu retorno para casa.

— Voltei um pouco mais cedo do que o previsto, tia. — concordo, a abraçando e beijando o seu rosto. — Como passou a noite de ontem?

Minha tia é uma mulher na casa dos sessenta anos, uma senhorinha rechonchuda e de bem com a vida, que apesar de ter passado por uma situação bastante complexa nos últimos meses, continuava a ser uma pessoa feliz e de bem com a vida, como sempre foi.

Tia Cilene me criou desde que eu era apenas um bebe recém nascido, quando a minha mãe faleceu após complicações no parto e eu a amava como a mãe que eu não tive, mesmo guardando um lugarzinho bem especial para a minha mãe biológica e que eu não pude conhecer.

A minha tia tinha um quadro sério de má circulação do sangue, o que a fazia sofrer muito com dores fortíssimas, principalmente em uma de suas pernas, e o seu médico havia recomendado a amputação do membro na altura do joelho, e a colocação de um artificial, a chamada prótese.

Como aquela foi a solução encontrada para diminuir o sofrimento da tia Cilene, nós aceitamos, é claro.

A minha tia não se deixou abater, mas a sua adaptação ao membro artificial foi lenta e delicada, como acontece com a maioria das pessoas da sua idade e ela não conseguiu recuperar totalmente a mobilidade da perna, o que dificultou bastante a sua vida em nossa antiga casa.

Tia Cilene tinha morado toda a sua vida em uma casa estreita e onde ela acabou por aumentar o espaço de maneira vertical, tendo em vista o diminuto espaço existente.

A casa possuia dois andares, e vários desníveis, o que implicava em muitos degraus e escadas, e com o processo de adaptação tão difícil, a estrutura da casa só aumentava os problemas e por esse motivo, decidimos que o melhor a ser feito era vender a casa e comprar uma na qual ela pudesse se movimentar com mais facilidade.

Mas a maior oferta que conseguimos pela residência da minha tia não chegava nem perto do valor das casas que encontramos no mesmo bairro em que morávamos, e que eram de fato apropriadas para a minha tia.

Por isso eu não pensei nem mesmo duas vezes quando apareceu a oportunidade do leilão na boate e com o dinheiro que ganhei, pude fazer a compra da nossa nova casa.

O pouco dinheiro que me restou, entrei em sociedade com a Virgínia, mas com uma participação bem menor que a dela, que investiu um valor bem mais alto que o meu.

— Eu dormi a noite toda, querida. Não precisa se preocupar, está tudo tranquilo por aqui.

Larguei a mala em um dos cantos da sala e sentei no sofá ao lado da minha tia, feliz em saber que ela não teve dificuldade alguma durante a

Não posso acreditar que está assistindo novamente os episódios dessa novela, tia Cilene! — reclamei, mas estava sorrindo.

— Desculpe, Mari. — ela pede, envergonhada. — Eu sei que você me falou que a Lavínia Moura é uma cobra, mas gosto tanto da atuação dela nessa novela… mas só estou vendo hoje.

Caí na risada com as palavras da minha tia, pois eu sabia que ela é fã da atriz e que assistia aos capítulos da novela quando eu não estava, por saber que eu não gostava da Lavínia.

A Lavínia não é tão má assim, tia. — conto.

Não? — pergunta, já bastante curiosa.

Eu explico para a minha tia sobre tudo o que aconteceu na noite anterior, durante a festa na mansão do Murilo no Guarujá, e seus olhos brilham de emoção, ao saber que a Lavínia pediu desculpas e até mesmo ajudou a Virgínia a não cair da escada, e ficou triste quando disse que ela havia sofrido uma pequena queda no final das contas.

sabia que no fundo aquela menina não podia ser tão ruim assim. — minha tia comenta, nitidamente satisfeita por saber que a sua atriz preferida tinha se regenerado. — Mas essa Bruna, hein! Que mulher mais nojenta.

Uma cobra peçonhenta mesmo, tia.

a Lavínia está grávida? Que

tia era sempre muito espontânea e levava tudo de maneira mais leve possível, além de ser bastante jovial e usar até mesmo as expressões dos mais

disso, ela não era ligada à questão de idade ou aparência, não se importava de estar ficando mais velha, como algumas pessoas na sua idade, que pareciam não querer aceitar a idade que

a conversar de maneira animada, e pouco após o almoço, recebi a mensagem do Murilo, contando que ele e a Virgínia também já estavam de volta a São Paulo, e que a minha amiga ainda estava um pouco abalada pelo que aconteceu na noite anterior com

quando os pais da Virgínia entraram em contato comigo, querendo saber da filha, eu os levei para o apartamento do Murilo, e acabei não conseguindo guardar segredo sobre a história por trás da raiva que o Ethan tinha só Murilo e contei tudo para eles que ficou muito triste e se sentindo o culpado pelo fim trágico da jovem

ao menos nós sabemos o porquê da perseguição do Ethan ao Murilo. — Virgínia comentou no dia seguinte, quando nos encontramos na

em torno de dezesseis horas, horário combinado para que eu chegasse à loja e a Virgínia pudesse ir embora para