FLORÊNCIA NARRANDO
Quando eu sair do morro, eu sair andando pelas ruas, eu não sabia o que fazer, a minha irmã voltou, e ela é o amor dele, eu não posso ser um impecilho, ou um peso na vida deles, eu estou morrendo e eu apenas preciso deixar todos viverem felizes, minha mãe pode ser feliz com a minha irmã, o Alemão pode viver feliz, ele pode ter uma família com ela, eu não poderei dar nada a ele, afinal eu nunca fui o amor dele. Na verdade a maior dor na minha alma é sentir o amor que tô sentindo, eu tô mal com isso, eu estou triste com tudo que tô passando em minha vida, as vezes eu só penso que não deveria ter nascido, por onde eu passo eu só trago sofrimento, eu não sou boa pra ninguém, eu sou um encosto na vida de todos, e pensar no próximo é o melhor, eles precisam esquecer que existo, eu vou me virando como posso, estou com a Carla, ela é uma boa pessoa, ela e as filhinhas dela a Clara, e a Claudia, elas são tão lindas que eu fico tão feliz quando tô ao lado delas. As vezes eu olho para essas crianças a acho que tudo na vida tem um propósito, e esse teria que ser o meu, eu estou aqui, passando por isso, estou na rua a duas semanas, foi isso que eu conseguir contar, eu sempre fico no abrigo com as filhas da Carla, juntas sempre passamos dificuldades, já passamos fome, cede, dormimos no frio pesado, só para proteger essas crianças, e principalmente eu venho passando mal constantemente, mas como eu disse pra Carla o que tenho, ela vive preocupada comigo.
Carla: Flor? - ela chama minha atenção e eu olho na sua direção.
Florência: Oi, Carla. - digo sorrindo e ela está com os olhos cheios de lágrimas.
Carla: Eu queria que você soubesse que me dói te ver assim. - ela fala se sentando a meu lado. - Você é uma menina de ouro e não merece morrer minha amiga. - ela diz e as lágrimas molham seu rosto, e acabo sentindo meus olhos marejarem.
Florência: Tudo na nossa vida tem um propósito, eu estou com essa doença terminal, mas se for pra morrer agora, eu vou feliz, até porque eu conheci pessoas como vocês que fizeram a diferença na minha vida. - digo e as lágrimas molham meu rosto. - Eu amo muito a minha mãe, eu me apaixonei por um homem que hoje não pode ser meu, a minha irmã gêmea é a beneficiaria de tudo, sempre foi, ele me pegou porque eu tenho o mesmo rosto que ela, e hoje eu sei disso, ela voltou e agora eles podem ser feliz, ela pode dar uma família para ele, e eu não posso, eu tô morrendo. - digo e ela me abraça forte.
Carla: Oh minha amiga, por favor não fica assim. - ela diz chorando. - Você é tão boa, tão maravilhosa. - diz soluçando.
Florência: Se for da vontade de Deus, que eu vá embora, eu vou, eu vou sabendo que foi a vontade dele, foi ele que me chamou, e eu irei feliz, sabendo que eu fiz coisas boa aqui na terra, eu fui criada em um convento, eu fiz tudo conforme eu achei que era certo, e cá estou. - digo chorando enquanto nos abraçamos.
Carla: Oh minha amiga, me dói muito te ouvir falar isso. - ela diz e vamos nos afastando, eu limpo suas lágrimas.
Florência: Eu te agradeço por tudo que você faz por mim, obrigada por sempre trazer a comida para mim, mesmo sendo difícil, mas você sempre trás. - digo sentindo as lágrimas molharem meu rosto.
Então ela me da um pouco da comida que ela trouxe e a gente divide entre nós duas, as crianças estão dormindo, então comemos ali em silêncio, quando acabamos nós deitamos e ficamos olhando as estrelas, o que me fez viajar no sorriso dele, aquele sorriso lindo, toco em meus lábios ao lembrar dos seus beijos, e acabo me encolhendo, eu começo a chorar em silêncio, e fico encolhida chorando. Acabei dormindo de tanto que chorei. Acordei na manhã seguinte com a Claudinha me chamando.
Claudia: Tia Flor. - ela mexe comigo e eu acabo acordando.
Florência: Oi princesinha, bom dia. - digo e ela sorrir.
Claudia: A mamãe disse que assim que a senhora acordasse, era para irmos para o outro abrigo. - ela fala e apenas concordo.
Florência: Tudo bem meu amorzinho, vamos, a Clarinha já acordou? - pergunto e ela aparece na minha frente.
Clara: Titia, vamos. - ela diz toda sorridente e me levanto, pego as nossas coisas, e dou a mão para elas, a gente segue para o outro abrigo, a gente só se muda quando o tempo está para chover, e hoje é o caso, está um pouco nublado.
Florência: Assim que chegamos lá, precisamos fazer nossa higiene tá? - digo e elas concordam, então continuamos andando para o abrigo. A Claudia, ela é a filha mais velha da Carla, ela tem 8 aninhos e a Clara tem 4 aninhos, a história de vida delas é surreal, e muito triste, fico pensando enquanto caminhamos para o abrigo, assim que chegamos no mesmo, procuramos um espaço para a gente e nos acomodamos.
Claudia: Tia Flor, aqui já podemos ficar sossegadas. - ela diz sorridente e eu toco o rosto dela.
Florência: Aqui mesmo minha pequena, a tia vai arrumar as coisas aqui, vá buscar água ali naquela fonte, e tome cuidado, qualquer coisa você grite que a tia vai a seu encontro. - digo e ela sorrir.
Claudia: Eu sei me defender tia, Flor. Mas eu grito sim. - ela diz sorrindo e eu sei que ela é tão pequena e já pensa como adulto e isso é muito duro de se ver, mas cá estamos vivendo essa realidade, então acabo arrumando as coisas com a Clarinha, e a mesma sorrir e me da um abraço.
Clara: Eu te amo, titia Flor. - ela diz e eu abraço de volta e as lágrimas molham meu rosto.
Florência: A tia Flor, te ama além do infinito. - digo chorando e ela toca meu rosto.
Clara: Não chora titia. - ela diz enquanto enxuga minhas lágrimas, então a Claudia volta com a água.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: PRESA COM O TRAFICANTE (MORRO)
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