Na manhã seguinte Eloise acordou mais tarde do que de costume, com os olhos ainda pesados e a mente embaralhada pelos últimos dias. O julgamento, a sentença, a confissãode Jonas. Tudo se misturava como se tivesse sido um sonho confuso demais para ser real. Mas bastou ela ligar a televisão para perceber que não havia sonho algum.
A primeira imagem que apareceu foi a de seu pai, escoltado pelos guardas, sendo levado para fora do tribunal. A manchete, em letras vermelhas, ocupava a parte inferior da tela:
“Jonas Romile condenado a 40 anos de prisão — confissão choca o país.”
Eloise engoliu em seco. O rosto dele estava estampado em todos os canais, em todos os sites que ela abriu pelo celular. As fotos se repetiam: Jonas algemado, Jonas erguendo o rosto com orgulho, Jonas olhando fixamente para ela antes de ser levado.
O telefone vibrou ao lado. Uma mensagem de Katherine:
“Você viu? Está em todo lugar. Quer que eu vá até aí?”
Eloise suspirou. Estava tentada a aceitar, mas sabia que Katherine também tinha a própria vida, os próprios compromissos. E, além disso, Jason já estava cuidando de tudo.
Quase como se tivesse lido seus pensamentos, o celular tocou de novo. Era ele. Havia avisado que sairia cedo para resolver alguns assuntos.
— Bom dia. — a voz grave preencheu seu ouvido.
— Bom dia. — respondeu, ainda sonolenta.
— Não ligue a televisão. — ele disse, firme.
Eloise mordeu o lábio, hesitando.
— Já liguei.
Um silêncio breve do outro lado, como se ele tivesse previsto exatamente isso.
— Então desligue. — pediu, quase numa ordem. — Eu já esperava a repercussão, Eloise. Está pior do que ontem.
Ela apertou o celular contra a orelha.
— Eu não consigo simplesmente desligar, Jason. Ele é meu pai.
— Eu sei. — respondeu, com um tom mais brando. — Mas agora não é só sobre ele. É sobre você também.
Eloise franziu a testa.
— Sobre mim?
— Sim. — Jason suspirou. — Você acha que a imprensa vai se contentar em noticiar apenas os crimes dele? Não. Eles vão querer manchetes novas. E sabe o que vende mais? Você.
Ela fechou os olhos. Claro que ele tinha razão.
— Então o que fazemos? — perguntou, quase em desespero.
Jason respondeu com a calma de quem já havia decidido há horas.
— Eu já comecei a agir. Ontem mesmo entrei em contato com alguns editores. Negociei limites. Eles podem noticiar o julgamento, mas não têm o direito de explorar a sua vida pessoal.
Eloise arqueou as sobrancelhas.
— Eles vão aceitar isso?
— Com um pouco de pressão, eles aceitam. — a voz dele carregava aquela firmeza que sempre a deixava ao mesmo tempo irritada e segura. — Além disso, meu advogado já entrou com notificações formais para qualquer veículo que tentar usar sua imagem sem autorização.
Ela respirou fundo, grata, mas ainda inquieta.
— Mesmo assim… eu sei como funciona. Eles não vão parar. Sempre vai ter alguém querendo manchete.
Jason hesitou por um segundo antes de responder:
— Então eu vou te blindar. Se for preciso, vou comprar os jornais.
Eloise arregalou os olhos, mesmo sozinha.
— Jason…
— Eu não estou brincando. — ele rebateu, sério. — Já fiz isso antes. E não hesitarei em fazer de novo.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Querido ex, obrigada pela traição