Ela não se machucou. Meses atrás, aquelas palavras a teriam destruído. Ouvi-lo descartá-la, reduzi-la a nada, teriam se aprofundado nela, apodrecendo, fazendo-a questionar tudo.
Mas agora ela só se sentia cansada.
E talvez um pouco de pena dele.
Quando Adônis finalmente se virou e a viu parada ali, algo brilhou em seu rosto, choque, talvez até uma ponta de culpa. Mas então, como sempre, ele escondeu na arrogância.
— Ora, ora... — disse ele lentamente. — Falando no diabo.
Katherine inclinou a cabeça, estudando-o como se ele fosse um estranho. Porque era exatamente isso que ele era.
— Sabe... — disse ela lentamente, com a voz firme — pensei que ouvir você dizer essas coisas fosse doer. — Ela o encarou. — Mas não doeu nem um pouco.
Adônis zombou.
— Ah, qual é, Kate...
— Não. — ela o interrompeu, dando um passo à frente. — Você não pode fazer isso. Não mais.
Adônis se mexeu, desconfortável.
— Não foi...
— Não. — ela o interrompeu novamente. — Preciso que você ouça isso. Você fez uma escolha. Você escolheu ela em vez de mim. Você SE escolheu em vez de mim. Para de bancar o sofrido que esse papel não combina com você. — Adônis engoliu em seco e desviou o olhar. — Você não tem direito de ficar aqui sentado, agindo como se eu devesse ficar esperando enquanto você decidia se eu valia a pena. — sua voz era dura e fria. — Eu valho a pena. Você só não percebeu e por sua causa, durante um longo tempo eu esqueci meu valor.
Um silêncio pesado encheu a sala.
Walter ficou parado, de braços cruzados, observando a expressão de Adônis oscilar entre raiva e algo perigosamente próximo do arrependimento.
— Você precisa se recompor. — disse Katherine finalmente. — Porque isso... — gesticulou ela, indicando os destroços ao redor dele, as garrafas quebrada e a bagunça em que ele havia se transformado — é patético.
A garganta de Adônis se contraiu enquanto ele engolia em seco, com as mãos fechadas em punhos.
— Kate...
— Você escolheu. — ela disse simplesmente. — Agora você tem que conviver com isso.
E assim, ela se virou e foi embora.
Deixando Adônis para trás.
E entrando na vida que era, finalmente, totalmente dela.
A sala VIP parecia mais pesada do que nunca com o peso do ponto final.
Annie já estava ao telefone, ligando para alguém limpar a bagunça que Adônis deixara para trás. Cacos de vidro espalhados pelo chão, resquícios de sua fúria, mas os verdadeiros destroços, os que importavam, estavam imóveis no meio da sala.
Adônis ficou ali parado, com as mãos moles ao lado do corpo e a expressão vazia. Ele a havia perdido. Oficialmente. Irrevogavelmente.
Sua respiração saiu brusca quando a compreensão se instalou, e então, com um grunhido de frustração, ele bateu o punho contra o balcão. O impacto ecoou, mas não a trouxe de volta. Nada o faria.

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Os comentários dos leitores sobre o romance: Querido ex, obrigada pela traição