Depois de reviver o que havia passado...
Uma hora depois, o sol despontava e Alexia ficou admirando a paisagem. Sorriu sem forças, ainda chorando, e disse a si mesma:
'Depois da tempestade vem a bonança. Isso vai passar. Ela deveria ficar bem, certo? Alexia não queria ter passado por nada daquilo. O que pode ter acontecido para que tudo terminasse daquele jeito? Cecelia deveria estar na cama com o meu marido e não com aquelas coisas feias. Não sei quem é melhor: meu marido ou aquelas coisas.'
Alexia se levantou do chão e continuou dizendo:
"Ela quer me culpar! O que vou fazer agora? Edward parece não acreditar em mim. Devo tentar explicar a ele e, quando ele comprovar a verdade, certamente, entenderá que não tem nada a ver comigo".
Caminhou até o carro e voltou para casa. Sua única prece era que a família e Edward não a interpretassem mal. Trinta minutos depois, Alexia já estava de volta. Tudo estava quieto. Deu um suspiro e saiu do carro. Olhou ao redor como se fosse uma ladra prestes a roubar uma casa, balançou o cabelo que cobria seu rosto e colocou a mão no peito na tentativa de se acalmar. Mas seu coração ainda batia forte como um tambor. Lentamente foi até a porta e a abriu o mais silenciosamente possível. Assim que examinou o ambiente, deu de cara com alguém com os olhos fixos nela. Rapidamente, deu um salto e gritou:
"Ai, meu Deus! Você me assustou!".
Alexia entrou na sala e percebeu que Edward não estava sozinho. Pelo contrário, a família toda estava no corredor e parecia que todos estavam esperando por ela, pois, assim que ela falou, eles se viraram em sua direção.
Alexia suspirou e olhou para Edward, juntando as mãos como se fizesse uma prece. Olhou para ele com esperança e sussurrou em seu ouvido:
"Acredite em mim só desta vez. Eu não fiz nada e não sabia o que estava acontecendo naquele quarto. Pensei que você estivesse lá".
Demonstrando escárnio, ele riu.
"Por que você fez isso? Você é mulher! Como pode tramar isso contra a Cecelia? Ela foi estuprada por sua causa. Está satisfeita com o resultado?".
Estupefata, Alexia o encarou. Estava com seu corpo paralisado. Em seguida, perguntou baixinho:
"Ela está bem? Ela vai ficar bem?".
Com um sorriso irônico, ele segurou a mão dela e disse:
"Você tem que explicar para todos da família o motivo por trás do seu ato".
Edward a arrastou até o meio deles e, então, ela foi empurrada e caiu de joelhos. Lágrimas brotaram de seus olhos e escorreram pelo chão. Olhando de volta para Edward, foi totalmente ignorada por ele, que acabou virando a cabeça para outra direção. Assim que Alexia tentava se levantar, sentiu um calcanhar em suas costas e uma voz que dizia:
"Se você me desafia, saia deste chão, sua perversa!".
Ela reconheceu a voz. Era de sua cunhada. Tentou se levantar, mas então outra voz foi ouvida:
"Se ousar arruinar a vida de minha filha, garanto que ficará aleijada".
Alexia sabia que se tratava de sua sogra. Sendo assim, suas lágrimas fluíram com mais rapidez. E, finalmente, outra voz soou no ambiente:
"Você terá que confessar seu crime para nós ou entregaremos você à polícia".
Alexia fungou triste e pensou:
'Tudo o que passei nesses anos nesta casa se resume à humilhação e desrespeito. Acho que não entrei para esta família como uma esposa, mas, sim, para servi-los por gostar do filho deles. Quatro anos é o suficiente para pagar pela minha estupidez e então...'
Olhou ao redor, enxugou os olhos e disse naturalmente: "Então vamos nos divorciar. Estou cansada de tudo isso".
As palavras saíram sem esforço, como se tivesse ensaiado várias vezes.
Em seguida, afastou-se dos familiares e seguiu para o seu quarto. Todos pensaram que ela estivesse brincando, acreditando que ela fosse implorar algo para eles depois. Mas Alexia entrou em seu quarto, pegou uma mochila cheia de roupas e suspirou:
“Já fiz e desfiz essa mochila várias vezes, mas agora é hora de sairmos daqui”.
Havia uma folha em branco sobre as roupas. Ela a pegou, fechou o zíper da mochila e saiu do quarto. Assim que se aproximou dos familiares, caminhou até Edward e lhe entregou o papel.
“Já assinei. Assine a sua parte e nos encontraremos no tribunal amanhã às 8h30. Estarei esperando”, ela disse.
Assim que proferiu suas palavras, foi embora. Edward ficou olhando para o papel com uma cara feia e disse para si:
“Essa mulher está se divorciando de mim? Vou lá amanhã. Vamos ver se ela consegue fazer isso”.
Ele rapidamente se afastou de todos, que ficaram se entreolhando confusos diante da reviravolta nos acontecimentos.
Assim que Alexia deixou a casa, seguiu para o centro da cidade. Estacionou em frente a um prédio e entrou correndo sem tirar sua bolsa do carro. Com a mão, cobriu a boca enquanto lágrimas jorravam constantemente de seus olhos. Depois disso, bateu em uma porta e, assim que alguém a atendeu, ela se jogou em seus braços e começou a se lamentar.

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