― Não, Brendan! Por favor! Estou te implorando, por favor, não! ―
Brendan sorriu e disse:
― Não? Não o quê? Ahh, Deirdre, Deirdre, Deirdre. Você está apostando tudo, não é? Quão baixo você pode afundar? ―
Ele não poderia se importar menos, sobre como ela se sentia. Na verdade, ouvi-la fungar e chorar só o frustrava ainda mais.
― B-B-Bren... Por favor, pense em nosso filho! ― Ela implorou, com lágrimas rolando pelo canto de seus olhos ― nossa criança... ―
― ‘Nossa’ o quê?! Essa coisa dentro de você é somente o filho de uma puta. Eu não tenho nenhuma relação com isso! ―
A frieza em seus olhos gelaria o sangue de qualquer um. Ele queria puni-la e humilhá-la, para despertá-la de sua ilusão. E, mais importante ainda, fazer a criança perecer na brutalidade desse ato.
― Brendan! ― ela gritou novamente, enquanto lutava.
De repente, o celular do homem tocou em seu bolso, forçando-o a parar. Ele atendeu a ligação e colocou no viva-voz, atendendo, grosseiramente:
― O que foi?! ― Ele grunhiu.
A voz de Steven estava visivelmente feliz
― Ela acordou, Senhor Brighthall! A senhorita McKinney acordou! ―
Já passava da meia-noite e, no entanto, um minuto depois da ligação, o homem saltou para dentro do carro e se lançou na escuridão. Sua reação deixava clara a ansiedade e excitação. A mulher dos seus sonhos havia retornado e ele não precisava mais manter a farsa com aquela mulher revoltante.
Deirdre observou a silhueta do carro que esfumava no final da estrada, sentindo um calafrio no coração, que resultava em pontadas que percorriam cada centímetro do corpo. Quando o carro sumiu no horizonte, a mulher saiu da varanda, tomou um banho e vestiu a roupa de dormir
Seis anos atrás, Deirdre tinha conhecido Brendan durante uma campanha de caridade. Ele usava terno e gravata e tinha uma postura tão elegante que ela se apaixonou, à primeira vista. A segunda vez que se encontraram, no entanto, foi em meio às chamas crepitantes de uma casa prestes a ser arruinada. Ele quase foi engolido pelo fogo até que ela mergulhou abnegadamente e o salvou.
Antes de cair inconsciente, ele havia prometido que a encontraria quando se recuperasse. Ele tinha dito que se casaria com ela, prometendo enchê-la de amor.
Depois de acordar, no entanto, ele não cumpriu sua promessa e se noivou com Charlene McKinney. Entretanto, depois que Lena entrou em coma, Deirdre se humilhou, aceitando reentrar em sua vida como imitadora de Charlene. Agora que a original finalmente havia acordado, era hora de se aposentar.
Deirdre adormeceu de tristeza, mas seu telefone a acordou. A dor em seu corpo tinha diminuído, mas não desaparecido e ela se encolheu, em posição fetal, antes de pegar o aparelho. Sua tela iluminada revelava o nome de Brendan.
A visão drenou toda a sua sonolência. Só poderia haver uma razão para ele ligar tão cedo, mas ainda assim, era mais cedo do que ela esperava. Charlene tinha acabado de acordar. Ele estava com tanta pressa para se divorciar de Deirdre, deixá-la de lado e remover todos os vestígios dela de sua vida?
Ela não atendeu, mas Brendan ligou mais uma vez, logo em seguida. Muito apavorada para ignorá-lo, ela atendeu e colocou o aparelho perto do ouvido.
O rosnado impaciente de Brendan soou, do outro lado da linha:
― Eu quero você aqui, agora! ―
― Não estou me sentindo bem ― Deirdre respondeu, com suavidade. Ela tinha sido brutalmente agredida, na noite passada, e ainda sentia choques de dor por todo o corpo ― você pode me deixar descansar um pouco? Vou preencher os papéis do divórcio depois, está bem?
Brendan ficou estranhamente quieto, por um momento.
― Apenas volte. Não há nada a temer. Não estou pedindo que você peça o divórcio agora e não estou interessado em machucar seu filho. ―
Era a primeira vez que Deirdre o via fazer concessões e isso a chocou, mas mais importante, mexeu com algo dentro dela. Afinal, Brendan nunca mentia. Se ele prometesse que não machucaria o filho dela, então não o faria. Mas, isso ainda deixou uma pergunta sem resposta: por que a urgência em que ela voltasse?
"Será que ele percebeu que, embora Charlene esteja acordada, ele nutre alguns sentimentos por mim, afinal? Que eu, no mínimo, mereço uma conversa franca?" Deirdre pensou, consigo mesma.
O pensamento provocou um incêndio em sua mente. Ela sabia que a possibilidade era quase nula e, ainda assim, se sentiu comovida. Por isso, se cobriu com um sobretudo, saiu de casa e chamou um táxi.
A jornada deu muito tempo para sua imaginação correr solta. O que iria acontecer a seguir? Ela se perguntava, até entrar na mansão.
A sala estava mais cheia de gente do que Deirdre esperava. Mas, assim que Brendan a viu, suas sobrancelhas franzidas relaxaram e ele disse:
― Ela está aqui. Colete o sangue dela ―
― Coletar meu sangue? ― Deirdre estava confusa.
Deirdre não teve tempo de reagir. Alguém levantou do sofá e fechou os dedos em volta do braço dela.
― O que você está fazendo?! ― Deirdre gritou, tentando escapar do aperto.
Brendan estreitou os olhos, com impaciência:
― Charlene está inconsciente. Alguém tem que doar sangue e esse alguém será você. Você está indo para lá agora, então pare de perder esse precioso tempo e salve a vida de Lena! ―
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