Rejeitada, mas reivindicada pelos seus quatro alfas romance Capítulo 80

[Archer]

O medo de Sable é visível em seus grandes olhos azuis. Posso apenas imaginar que o pensamento de voltar para a casa de seu tio, a enche com o tipo de terror que carrego em relação às bruxas. Nenhum de nós gostaria de voltar ao local de tanta dor e humilhação sem uma boa razão.

Mas por trás de seu medo, há também determinação. Esta Sable não é a pequena ovelha assustada que convenci a ficar conosco no primeiro dia em que a conheci, no dia da reunião do conselho. Esta Sable cresceu e mudou fisicamente, mentalmente e emocionalmente. Ela não está cedendo ao medo como costumava fazer. Seu rosto está duro e imóvel, pronta para enfrentar cada alfa nesta sala se isso significar que ela conseguirá o que quer.

Estou tão orgulhoso dela que meu coração parece que vai explodir.

— Só quando o inferno congelar! — Trystan rosna, cortando o ar com a mão e olhando ao redor para o resto de nós em busca de apoio. — Seu tio te mataria antes de olhar para você.

— Você vai ficar aqui. Com Amora. — Ridge diz em um tom mais calmo, menos agressivo.

— Em primeiro lugar, eu não preciso de uma babá. — os olhos de Sable brilham, então ela olha para cima para Amora, que ainda está de pé atrás de sua cadeira. — Sem ofensa.

— Não recebi nenhuma. Vai lá, garota. —Amora oferece a ela um sorriso lupino.

— Em segundo lugar, estamos falando do meu passado. — Sable acrescenta, virando-se de volta para o resto de nós. — Eu vou.

Dare balança a cabeça. Ele me olha como se eu fosse apoiá-lo antes de focar sua atenção em Sable.

— Se eu tiver que te amarrar na cama, eu farei.

Amora ri.

— Vamos lá. Eu não preciso saber todos os seus segredos sujos de companheiro.

O lábio inferior de Sable se projeta, e posso ver que ela está se preparando para uma briga. Não tenho dúvidas de que ela vai vencer. Antes que mais alguém possa falar, eu estendo a mão e seguro a dela. Ela olha nos meus olhos, e tento deixar transparecer todo o amor que sinto por ela através da minha expressão.

— Você tem certeza de que está pronta para isso? — pergunto a ela, baixando minha voz. A pergunta é apenas para ela. Ignoro os outros. Preciso saber o que ela pensa.

Sable engole em seco, seu olhar se movendo ao redor da mesa, mas então ela endireita os ombros e projeta o queixo para fora.

— Sim.

Eu assinto uma vez. Se ela está certa, então vou lutar por ela.

— Não! Você está brincando? Droga, não. Fim da história. — Trystan fala antes que eu possa. — Isso não é uma negociação.

— Nós te tiramos do porão daquele homem, onde ele ia te matar. — Dare rosna, seu lobo logo abaixo da superfície de sua pele. — Você não vai voltar para lá.

Eu entendo. Realmente entendo. Todos estão preocupados com ela. Inferno, eu também estou. Mas ela é uma mulher adulta com seus próprios desejos e necessidades, e com um passado que nenhum deles pode compreender. Dare, talvez, se ele pensasse logicamente em comparação com seu próprio trauma. Mas ele não é um pensador. Ele é um fazedor. Até onde todos estão preocupados, ela é uma mulher inocente que precisa de proteção.

Ao soltar sua mão, eu me dirijo aos outros shifters.

— Nenhum de vocês entende a situação porque vocês não estiveram lá antes. Há uma certa necessidade de enfrentar seu abusador, ou enfrentar as pessoas que te machucaram. Para fechar a ferida para que ela possa começar a cicatrizar. Eu sei, porque nunca tive essa oportunidade.

Eu pauso, pensando na maneira como isso me consome todos os dias. Eu guardo vários anos de dor absoluta e humilhação em meu coração, e não quero. Eu quero fechar esse capítulo e esquecer.

Não é tão simples.

Eu quero dar a Sable a chance de curar a ferida em seu coração. Nenhuma quantidade de tempo ou curas milagrosas jamais curará as marcas que seu tio deixou em seu corpo, mas ela poderia ter um encerramento nisso. É um pequeno preço a pagar, e estaremos todos lá com ela para protegê-la dele.

Limpando a garganta, continuo.

— Eu não acho que seja papel de ninguém dizer a Sable o que ela pode ou não fazer, quando se trata de seu próprio passado e do trauma que ela viveu.

Mesmo enquanto falo, sabendo que estou fazendo a coisa certa em apoiá-la, meu lobo se rebela contra a ideia de Sable estar perto de seu tio sádico. É perigoso, e Deus sabe que nunca quero que essa mulher esteja em perigo novamente.

Mas nossa companheira não é uma flor murcha. Ao longo destas últimas semanas, eu a conheci. Ela tem uma reserva de força e resiliência escondida dentro dela, mais do que ela mesma entende. E agora, seu lobo finalmente fez uma aparição. Ela está completa de uma maneira.

Ela pode fazer isso, especialmente com todos os quatro de nós ao seu lado.

Ridge é o primeiro a ceder, o que não é surpreendente. Nós dois parecemos ser os mais fáceis de convencer quando se trata dela.

— Tudo bem. Mas você nos ouve e segue nosso exemplo. Se esquentar e dissermos para você correr, você corre.

Sable concorda, seus olhos grandes e redondos.

— De acordo.

O rosto de Dare está duro, um músculo tremendo em sua mandíbula. Tenho quase certeza de que ele vai concordar com Trystan nisso, mas ele me surpreende pra caramba ao assentir de repente.

— Você deveria vir conosco. Você merece estar lá.

— Vocês estão falando sério agora? — Trystan joga as mãos para cima, frustração e raiva apertando sua expressão. — Vocês vão levá-la direto para a boca do leão.

Sable se levanta e empurra a cadeira para trás, olhando para baixo para ele.

— Um mês depois que Ridge se tornou alfa, ele colocou fogo em suas calças. Em um funeral.

— Não! — Sable exclama, explodindo em risadas que aquecem dentro de mim.

— Sim. Ele realmente fez isso. — Amora sorri. — Temos esse ritual em que o alfa acende uma vela grande em memória. Ele deixou cair o fósforo, e suas calças deviam ter sido extremamente inflamáveis. No momento seguinte, ele estava dançando pela sala, batendo nas chamas, enquanto a família enlutada assistia horrorizada. Foi tudo de que se falou por semanas. Ele ficou tão envergonhado.

— Quando voltarmos, você tem que me contar todas as suas histórias embaraçosas sobre ele. — diz Sable. — Promete?

Ridge entra na sala, seus olhos se estreitando suspeitosamente para as duas mulheres.

— O que está acontecendo aqui?

Sable fecha a boca e tenta limpar o sorriso do rosto, mas seus olhos ainda dançam travessos.

— Você sabe que deveria apagar os fósforos antes de deixá-los cair, certo?

Ridge vira seu olhar estreito para Amora, que simplesmente sorri enigmaticamente.

Coloco a mochila no ombro e cutuco o outro alfa com o cotovelo.

— Não se preocupe, cara. Meu pai tem contado a ela histórias embaraçosas sobre mim, toda vez que a vê.

— Apenas sinto-me mais próxima de todos vocês dessa maneira. — provoca Sable. — Isso faz com que vocês pareçam menos como alfas temíveis e mais como homens normais e adoráveis. — Ela toca minha bochecha, e eu derreto nas pontas de seus dedos.

Ninguém consegue desarmar um alfa como sua companheira.

Trystan e Dare juntam-se a nós, e nos reunimos no quintal da frente para nos transformarmos. O sol já se foi do céu, substituído pelo roxo do crepúsculo profundo. A sensação de que cronometamos isso errado surge dentro de mim novamente. Tenho o pensamento perturbador de que as coisas vão ficar mais difíceis a partir daqui, mas controlo minhas emoções e me preparo para a caçada.

— Eu poderia ir com vocês. — oferece Amora. — Não se pode errar com mais mão de obra.

— Não, eu quero que você fique aqui. Com a matilha. — responde Ridge enfaticamente. — Mas eu aprecio sua disposição em ajudar.

Está claro para mim o que ele está dizendo sem realmente colocar em palavras.

Não sabemos o que esperar quando chegarmos à casa do tio de Sable. Da última vez que estivemos lá, nossa presença revelou a ele que Sable estava nas mãos de metamorfos. Pelo que sabemos, ele pode ter adicionado armas ao seu repertório que poderiam causar grandes problemas para nós.

Ridge quer que Amora fique para trás no caso de nenhum de nós voltar.