Se Tudo Pudesse Recomeçar romance Capítulo 165

Ele não conseguia me deixar ir, de jeito nenhum, a não ser que morresse.

E mesmo que morresse.

Ele não queria me deixar, queria me levar junto.

Ele não podia viver sem mim.

Nem nos momentos mais dolorosos.

Quanto mais agora.

Franzi a testa e disse: "Você está pensando em ignorar o acordo e me forçar a processá-lo?"

O acordo entre mim e César não era um mero compromisso verbal; se ele quisesse desistir, não poderia simplesmente voltar atrás.

Nosso acordo foi registrado em cartório, com efeito legal; se ele não cumprisse o que prometeu, eu poderia levá-lo diretamente ao tribunal. Com esse acordo, o tribunal poderia decretar o divórcio e distribuir os bens conforme assinamos no contrato de separação.

Ele sairia de mãos vazias!

Ao perceber que eu não hesitava em dizer que o processaria, e ao ver em meus olhos apenas aversão, sem qualquer resquício do amor passado, o desespero nos olhos de César gradualmente se transformou em um vermelho de loucura.

Ele não conseguia aceitar, de jeito nenhum, que eu dizia não o amar mais.

E que não amava, sem um pingo de hesitação, sem arrependimento, sem dor.

Ele estava errado.

Mas era um erro imperdoável?

Por que eu conseguia ser tão impiedosa?

"Se você me processar, nós podemos nos divorciar, e será de acordo com o nosso contrato, no qual saio de mãos vazias, mas."

Esse "mas" do César fez meu coração apertar.

Não sei por quê, de repente me lembrei do que Paloma disse.

Você realmente acha que o irmão César transferiu todos os bens dele para você para reconquistar você?

Não era para me reconquistar.

Seria para me prejudicar?

Assim que esse pensamento surgiu, ouvi:

"Mas, Via, eu conseguiria uma nova empresa no auge, enquanto você ficaria com dívidas que não conseguiria pagar em várias vidas."

"Você talvez não saiba, mas o Grupo Cardoso agora é praticamente uma empresa de fachada, prestes a falir. Transferi minhas ações para você, tornando você a maior acionista do Grupo Cardoso e responsável por todas as dívidas. Assim que nos divorciarmos e o Grupo Cardoso falir, todas as dívidas serão suas."

Nesse instante, César rasgou sua máscara de arrependido, disposto a sacrificar tudo por amor, revelando sua verdadeira natureza calculista de homem de negócios.

Nunca imaginei.

Que a pessoa eliminada seria eu!

Não só não posso deixá-lo de mãos vazias, mas também me vejo sem nada, e ainda sobrecarregada de dívidas!

Meu suposto triunfo, meu sucesso.

Foi uma piada do começo ao fim!

Ele é realmente assustador! Conseguiu esconder tal cálculo sob uma fachada de profundo amor!

"Via, não me olhe assim."

Recuperando-se do surto, César voltou a ser aquele que queria me reconquistar com devoção, e ele não suportava me ver olhando para ele daquela forma.

"Via, eu não quero machucar você, e nunca machucaria. Eu apenas..."

"Não quero me divorciar de você, não posso perder você." Só queria que eles ficassem juntos para sempre.

"Enquanto não nos divorciarmos, você terá tudo como ativos, não como dívidas, e trabalharei para você pelo resto da vida."

Enquanto não se divorciassem, as duas empresas seriam uma só, todos os bens seriam dela, e ele trabalharia para ela como empregado vitalício!

Dizem que César me conhece, mas, ao ver aquele vídeo, ele nem sequer perguntou, apenas presumiu que eu era daquele jeito, sem acreditar ou conhecer meu caráter.