Senhora Rebelde e Senhor Submisso romance Capítulo 1214

Luiza não conseguiu conter o riso:

— Cheguei em casa e já fiquei ocupada. O Francisco veio falar sobre o Theo, e nós passamos duas horas conversando no escritório.

Ela não precisou dizer mais nada sobre o Theo, pois Miguel já estava ciente da situação. Ele apenas continuou a perguntar:

— E depois?

— Depois o mordomo nos chamou para jantar. E o Felipinho ficou insistindo que eu o ajudasse a desenhar. Você sabe como é, né? Aquele tempo de qualidade em que não se pode nem mexer no celular.

As desculpas dela eram muitas.

Miguel ouviu tudo com uma mistura de irritação e frustração. Ele queria ficar bravo, mas não conseguia. Mesmo assim, se sentia desconfortável com a situação.

Luiza percebeu que, de fato, havia deixado ele de lado. Desde que chegou em casa, nem sequer mandou uma mensagem para avisar que estava bem. Era natural que ele estivesse aborrecido.

Por outro lado, ela ainda não estava acostumada com a dinâmica de um relacionamento. Se nunca enviava mensagens, mandar uma de repente naquela noite pareceria estranho.

Mesmo assim, ela admitiu para si mesma que o havia ignorado, o que era errado. Decidida a se redimir, foi até a cozinha e trouxe o jantar para ele:

— Pronto, pronto. Não tem por que ficar bravo por algo tão pequeno.

— Pequeno? — Ele arqueou as sobrancelhas e não conseguiu evitar retrucar. — Você me ignorar é uma coisa pequena?

— Eu só não podia ficar mexendo no celular.

— Eu acho que você simplesmente não queria mandar mensagem. — Ele murmurou, abatido. — Se quisesse, teria dado um jeito, não importa onde estivesse.

Luiza sentiu a dor de cabeça chegar.

— Eu vim até aqui trazer sua comida. Ainda vai querer criar caso? Parece até que você prefere que a gente brigue, como se fosse impossível ficarmos bem juntos.

Miguel, de repente, ficou em silêncio e abaixou a cabeça para continuar comendo.

Luiza achou a atitude dele estranha e se sentou ao lado, perguntando:

— Por que parou de falar?

Ele engoliu a comida antes de responder, em um tom baixo:

— Eu só tenho medo de que você se arrependa de novo.

Luiza ficou surpresa e olhou para ele.

Miguel continuou:

— Você foi embora e passou várias horas sem me mandar nem uma mensagem sequer. Fiquei com medo de que, ao chegar em casa, você pensasse melhor e decidisse que não quer mais ficar comigo.

Então era isso, ele não tinha segurança no relacionamento.

As emoções de Luiza se agitaram. Ela apertou os lábios, mas, no fim, estendeu a mão e segurou a dele, grande e quente:

— Eu não me arrependi.

Ela disse apenas isso, e Miguel imediatamente envolveu a mão dela com as dele.

Miguel, por sua vez, continuou a encará-la e disse, com a voz rouca:

— Já vimos tudo um do outro. O que pode ser estranho agora?

O rosto de Luiza ficou imediatamente vermelho:

— Isso foi no passado! Depois, nem tínhamos mais sentimentos um pelo outro.

— Você não tinha sentimentos, mas eu nunca deixei de ter. — Ele murmurou em resposta.

Luiza arqueou as sobrancelhas e, quase instintivamente, resmungou:

— Bem, a culpa é sua por ser tão insuportável antes.

— Eu estava com medo.

— O quê? — Luiza não entendeu.

Miguel se aproximou do ouvido dela e explicou, claramente:

— Medo de perder você. Mas depois percebi que ter medo não adiantava. Quanto mais medo, mais a gente tenta segurar. E quanto mais a gente segura, mais rápido perde.

Enquanto ouvia, Luiza assentiu levemente. Quando levantou os olhos para ele e viu a melancolia em seu olhar, ficou um momento pensativa antes de perguntar:

— Está preocupado com o quê?

— Com o quanto eu fui estúpido antes. Você é uma pessoa que responde à gentileza, mas eu insistia em usar métodos duros para forçar as coisas. — Ele parecia profundamente arrependido pelas decisões erradas que tomou no passado.