Só Teu! Volume II da Trilogia Doce Desejo. romance Capítulo 43

Logo que vestiu o agasalho de ursinho panda na filha, Alexander ajeitou o capuz com orelhinhas pretas e sentou no carpete rosa. Colocou Jullie no chão e achou graça ao vê-la caminhar de forma desajeitada ao redor do quarto. A pequena menina tropeçou no tapete e desequilibrou, as mãos firmes do pai a agarraram antes que ela caísse.

― Você parece a sua mãe. ― O sorriso cortava o rosto em dois. ― Ela vive caindo quando eu estou por perto.

― Papa! ― Jullie apontou para o urso no nicho pintado de rosa na parede próxima à janela.

― Vem cá, eu vou pegar seu amiguinho. 

Alexander segurou a filha no colo e com a outra mão pegou o ursinho Pooh, de Jullie. Olhou para o relógio de aço no pulso direito, eram quase dez horas da manhã. Estava atrasado para se despedir de Marcelly. Saindo do quarto da bebê, deu alguns passos apressados até o quarto dos gêmeos e entrou.

― Rodolpho, onde está o seu irmão?

― Ele está escovando os dentes, pai.

Alexander bateu à porta do banheiro.

― Alex, seu avô já está chegando.

― Já estou indo, pai! ― A voz infantil ecoou do outro lado da porta.

Aquela manhã chuvosa de julho e o céu encoberto por nuvens cinza trazia um ar de melancolia, Alexander deu um beijo no rosto de Jullie e se  aproximou da janela para mostrar os pingos da chuva que molhavam o gramado verde. O sorriso se desfez logo que enxergou o veículo preto parado em frente à calçada da casa.

― Não pode ser! ― Balançou a cabeça em sinal negativo. ― Ela não teria coragem.

― Quem, papai? ― Alex apareceu de surpresa.

― Ninguém. Eu pensei alto! ― Ele se abaixou e colocou Jullie no chão. ― Alex e Rodolpho fiquem aqui no quarto e cuidem da irmãzinha de vocês. Eu vou lá embaixo conversar com a sua mãe. Não saiam daqui! ― ordenou de mansinho.

― Está tudo bem? ― Alex sentou no chão e abraçou a irmã. 

― Está! ― Alexander deu um longo abraço e beijou a testa de cada um dos filhos. ― Cuidem da Jullie para o papai, eu já volto! ― Deu outro abraço nas crianças e saiu apressado.

Na sala de estar, Marcelly aguardava sentada com as pequenas mãos sobre o colo. Balançava os sapatos vermelhos com um lacinho na ponta. Os olhos verdes arregalaram assim que viu Alexander descer as escadas, a menina de cachos dourados balançou a cabeça.

― Onde está a sua mãe?

― Ela está na cozinha! Maman está nervosa, não quero ir embora.

― Vai para o quarto dos seus irmãos e tranque a porta. ― Sussurrou e deu um beijo em Marcelly. ― Papai vai resolver tudo.

Marcelly fez que sim com a cabeça, deu um abraço no pai e o obedeceu. A menina subiu os degraus.

O estômago revirou quando ouviu a voz estridente de Josephiné, não esperava que ela fosse até sua casa. 

“Chamem a Polícia e venham para cá!”. 

Os dedos hábeis de Alexander digitaram a mensagem no celular, tocou na tela e enviou o recado para os contatos selecionados.

Próximo à porta da cozinha podia ver a silhueta de Rosa, a governanta tentava apaziguar a situação. Com cautela ele se aproximou, olhou em volta e prestou atenção no jeito como a mulher segurava a ponta do cabelo e enrolava com o dedo indicador.

Mesmo que Alexander estivesse acostumado com os surtos de raiva de Josephiné, aquela era a primeira vez que ela usava um meio violento.

― Não se aproxime, mon amour!

Josephiné moveu a cabeça para o lado ao ver a parede de músculos se esgueirar em passos lentos. 

A face tinha uma expressão perturbadora assim que apontou o revólver em direção a Alexander.

― Seu problema é comigo! ― Engrossou a voz. ― Deixe a minha família fora disso! ― O coração se agitou ao ver o revólver 38 mirar mais uma vez em Nicole.

O rosto oblongo tinha uma expressão vazia, Josephiné olhou de Alexander para a Nicole do outro lado do balcão. As emoções falavam mais alto do que a razão e tomavam atitudes questionáveis.

― Você tinha uma família comigo, chéri. ― A fala era lenta e macia. ― Eu queria ter mais filhos, foi você que não quis. ― Ciciou e elevou os olhos na direção de Nicole. ― O que você viu nessa chienne?

― Meça suas palavras ao falar da minha esposa.

Movimentou-se em direção a ela sem se importar com a arma engatilhada.

― Alexander, não! ― Os olhos castanhos de Nicole arregalaram diante da tensão. ― Ela só quer conversar com você.

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