Manuel pensou por um instante antes de dizer:
— Nessa situação, a única coisa que você pode fazer é processá-lo. Mas Duarte é seu irmão... Como você vai processá-lo? Vai acusá-lo de cárcere privado ou de agressão? Você precisa pensar bem, porque, se levar isso adiante e ele for condenado, seu irmão pode acabar na prisão.
Natacha hesitou. Embora Duarte fosse realmente detestável, ele ainda era seu irmão de sangue. Tudo o que havia vivido desde a infância o tornara no homem que era hoje.
Joaquim percebeu o dilema de Natacha e interveio:
— Deixa isso pra lá... No fim das contas, Duarte ainda é tio das crianças. Não se esqueça de que minha mãe já está presa. E se seu irmão for preso também? O que vai ser da nossa família com dois criminosos? Se isso vazar, como nossos filhos vão encarar essa história no futuro?
No fim, Natacha desistiu da ideia de denunciar e processar Duarte.
Pela família. Pelas crianças.
Depois que Rosana e Manuel partiram, Natacha parecia profundamente abatida, quase afundando em depressão por causa de tudo aquilo.
Joaquim tentou consolá-la:
— Talvez as coisas não sejam tão ruins quanto você imagina. O fato de o Duarte ter ficado tão furioso e ido atrás da Lorena significa que ela é importante para ele. Ele pode estar com raiva, mas não faria nada para realmente machucá-la.
— O que você quer dizer com "realmente machucar"? — Natacha franziu a testa. — Para vocês, homens, só existe agressão física e insultos como forma de violência? Sabe o que Lorena me disse da última vez que a vi?
Mesmo sem que Natacha respondesse, Joaquim já podia imaginar. Conhecendo o temperamento de Duarte e o quanto ele estava acostumado a lidar com mulheres, certamente tinha outros métodos para se vingar.
Naquela noite, por mais furioso que Duarte estivesse, ele não levantou a mão contra Lorena. Isso só significava uma coisa: ele havia encontrado outra maneira de puni-la.
Natacha contou o que Lorena havia sofrido e, olhando para Joaquim, disse:
— Você sabe... Às vezes, a humilhação fere mais do que tapas e gritos. Tenho medo de que Lorena não aguente... E se ela fizer uma besteira...?
Joaquim a interrompeu de imediato:
— Chega! Não fala assim, isso me dá arrepios. Então é isso, precisamos negociar com o seu irmão! No fim das contas, a cirurgia de transplante de coração do Domingos não pode ser adiada. E não se esqueça: você é a maior especialista do país nesse tipo de procedimento. Seu irmão ainda vai precisar vir até você. Que tal aproveitarmos essa oportunidade para, pelo menos, fazer com que ele baixe a guarda? Caso contrário, vamos passar o resto da vida sem ver a Lorena.
Natacha baixou os olhos em silêncio e disse:
— Mesmo que eu realmente corte laços com o meu irmão, eu jamais deixaria de cuidar do Domingos. Seja ele meu sobrinho ou apenas mais um paciente, eu o salvaria do mesmo jeito.
— Eu sei disso, é claro. — Respondeu Joaquim. — Mas o seu irmão também sabe o que fez, e é óbvio que está preocupado, com medo de que você se recuse a operar o Domingos. Por isso, você precisa manter a calma. Se ele vier até você, aproveite para se reconciliar com ele primeiro.
Natacha não esperava que Joaquim, apesar dos próprios ferimentos, só pensasse nela e na família. Seus olhos ficaram vermelhos, marejados pela emoção. Com a voz embargada, murmurou:
— Joaquim... Me desculpa! Tudo isso aconteceu por minha culpa!
Joaquim sorriu com resignação e apertou suavemente a mão dela.
— Boba... O que você tá falando? Nós dois temos uma dívida com o Dr. Gabriel. Qualquer coisa que façamos pela Lorena, é o mínimo. O Dr. Gabriel deu a vida por você... comparado a isso, o que são meus ferimentos?
Natacha fungou e, tentando conter as lágrimas, declarou:
— Assim que resolvermos essa situação e conseguirmos tirar a Lorena de lá, eu nunca mais quero ver o meu irmão. Nós somos de mundos completamente diferentes.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Sr. Joaquim, a sua esposa é a mulher daquela noite!
Nossa que história chata horrível como se escreve uma mulher tão burra aff...