Perigoso (Letal - Vol.2) romance Capítulo 31

Existe um inferno dentro de mim que nunca terá paz. Eu me ajoelhava sob o vento calmo ao pé de uma árvore verde, onde à beira de sua raiz havia três túmulos. Meu pai, minha mãe e Jhon. Ele deve estar me odiando já que coloquei o corpo do lado de nossos pais, uma vez que o filho da puta os matou sem nem pensar duas vezes.

Eu pendurava sua gloriosa medalha de honra, as quais ele esfregou na minha fuça o quão ele era bom. Mas, sabe o que vai acontecer? Meus pais devem estar nos esperando do outro lado, disposto a dar uma fodida coça nos dois, porque ente eu e John não existe diferença nenhuma.

Ele é um cuzão morto, eu sou um cuzão vivo. Nenhum de nós somos bons.

— Senhor Prime. — Eu olhei para trás, a loira de óculos e de meia idade sorriu um tanto fraco. — Desculpe incomodar, é que a nova babá chegou.

Ela se virou quieta, eu voltei a refletir meus infernos olhando a cruz de bordas metálicas e mirei os nomes nas lápides de gravura. Levantei, olhei a casa à um certo ponto distante e podia jurar que todo o meu passado passava por mim como um maldito pesar…

Eu via Sore gritando no caminho, pegando o ônibus pro colégio, minha mãe gritando com John e eu fazendo as malas para entrar no exército. Eu via meu pai trabalhando, o jantar com os vizinhos e o trabalho cansativo da fazendo nas marcas de seu rosto. E eu achei que ia voltar pra esse lugar com a minha filha e com a Érina.

Grande merda fodida…

Subi as escadas da porta, atravessei as duas entradas e me deparei na sala com uma gostosa de peitos grandes, bunda cheia e jeans colado. Ela estava abaixada brincando Pray, que chupava seus dedinhos e chacoalhava um chocalho pára tentar chamar atenção do bebê. Leslie se colocu ao meu lado, sorriu com os traços da meia idade em seu rosto e apontou a mulher.

— Senhor Prime, essa é Diana. Ela veio se apresentar como a nova babá.

A menina se endireitou, arrumou a blusa curta e tentou não focar na cicatriz em meu rosto, os traços rígidos do tempo e desviou o olhar por um breve momento. Passado seu desconforto, ela ajustou a franja atras da orelha e sorriu.

— Muito boa tarde, senhor Prime. Eu sou a nova babá.

— Cai fora da minha casa. — ela piscou, olhou para Leslie como se a governanta pudesse fazer alguma coisa e voltou a olhar pra mim — Quem te mandou aqui?

— Ah, eu vi a vaga no itinerário do jornal e…

— Ótimo, pode cair fora. A vaga não é sua.

— Mas o senhor nem fez uma entrevista e…

— Foda-se. Cai fora. — resmunguei, virei as costas, ouvi a menina ir reclamar alguma coisa com Leslie e depois sair pisando duro, desgostosa com a porra da situação. — Colocou a vaga no jornal da cidade? — Questionei, assim que Leslie adentrou a cozinha e me viu pegando um copo de água.

— Tem total descrição, não passa de uma opção comum como qualquer outra, senhor Prime. — se justificou, o que me fez olhá-la — A menina era boa moça, tem responsabilidade.

— Se continuar mentindo pra mim, Leslie, tem uma vala no subsolo difícil de achar. — Leslie se calou, uma vez que ela já conhecia as regras da irmandade. — Eu comi aquela vadia na semana passada, e estava com um quilo de álcool impregnado no sangue.

Leslie respirou fundo e limpou as mãos no avental.

— Senhor Prime, o senhor me paga muito bem, mas eu estou com muito trabalho para se dar conta sozinha. O senhor não deixa ninguém de fora entrar, e toda moça que aparece aqui acaba colocando um defeito.

— Pode sair se quiser, Leslie. — Ela se calou, bati o copo na pia e a olhei duro. — É a minha filha, eu sou pai e pior ainda, o patrão.

Ela suspirou cansada, fez uma negativa. Pray começou a chorar, eu fui até o depósito térmico da mamadeira, peguei o pote de dentro e um jogo de fralda de boca que ficava ao lado, em cima do balcão de mármore e me retirei. Peguei Pray no colo, subi com ela pro quarto e fechei a porta. Sozinho dei à ela a mamadeira, esperei ela arrotar, limpei sua fralda e fiquei com ela no colo enquanto ela resmungava acordada e alternava seu nervosismo chupando os dedos.

Eu olhei a janela, a vista do velho pôr do sol e sentei na poltrona de descanso, de uma casa ainda em reforma.

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