Um amor de cabaré romance Capítulo 5

A noite chegou, e os meus pais já se recolheram, eu coloquei todo o meu material de trabalho na bolsa, minhas lingeries, e me arrumei pra ir pro cabaré.

Ao longo do caminho, fiquei pensando se eu o veria de novo, aquele homem tão arrogante marcou a minha mente apenas com o olhar, e eu sei que já falei que não queria vê-lo nunca mais, porém sempre vem um frio na barriga quando penso nessa possibilidade.

Assim que cheguei no cabaré, fui logo sendo interrogada pela Faby.

Faby: Mila, o que deu em você pra dispensar um tipão daqueles? aquele cara poderia te pagar uma bolada garota.

- Ele era arrogante, ficou colocando em questão o meu profissionalismo, e eu tenho pavor de homem assim.

Faby: Mila, não dá pra ficar dando uma de orgulhosa nesse trabalho, a sua atitude pareceu mesmo de alguém antiprofissional, a sua sorte era que o Raul não estava aqui ontem.

- E ele iria fazer o quê Faby? eu não assinei nenhum contrato com ele, não sou obrigada a nada.

Faby: Mas a casa fica mal falada Mila, se esse cliente abrisse a boca e isso se espalhasse, não seria só o seu profissionalismo que iria ser questionado, a casa iria sofrer as consequências.

Realmente ela tinha razão, mas eu estava com tanta raiva e me sentindo tão diminuída que foi impossível pensar no que isso puderia refletir no cabaré.

- Olha, eu vou tentar não repetir isso tá bom? agora me deixa quieta que eu preciso me arrumar.

Ela se retirou mas logo voltou dizendo que tinha um cliente me esperando, eu terminei de me arrumar e fui atendê-lo.

Fiquei com o cliente apenas por alguns minutos, ele só queria dar uma rapidinha antes de ir pra casa.

Eu tomei um banho, me arrumei novamente, e esperei que outro cliente me solicitasse, foi então que o Raul entrou na sala.

Raul: Preciso que saiam e fiquem no corredor enquanto eu converso com a Mila.

As meninas se retiraram, e pelo rosto dele, eu já sabia do que se tratava.

- Vai direto ao assunto Raul, falei sem paciência pras encaradas dele.

Raul: Pra uma garota tão novinha, você até que tem uma língua bem grande não é Mila?

- Sim, principalmente pra responder gente babaca.

Raul: Não se esqueça que eu ainda sou o dono desse lugar, e não é porquê você paga pra trabalhar aqui que você não deva respeitar os clientes desse lugar.

- Exatamente Raul, eu pago pra trabalhar aqui, e eu não pago pra ser desrespeitada, se fosse pra eu ser desrespeitada, eu iria trabalhar em qualquer esquina, então se eu pago, e se você ganha bastante dinheiro com a minha xota, você deveria saber que eu mereço respeito tanto quanto os clientes.

Ele ficou tenso, e pelo visto eu o atingi.

Raul: Então já que você não se sente respeitada aqui, você pode se retirar, você não trabalha mais aqui.

- Ótimo, estou de saída então.

Ele pareceu surpreso, e de cara eu percebi que ele estava apenas fazendo chantagem emocional, mas o fato de eu ser nova, não fazia se mim uma besta.

Eu dei as costas pra ele e comecei a arrumar as minhas coisas.

Raul: Eu deixo você ficar se você atender o cliente que você dispensou ontem.

Eu senti um frio na barriga ao saber que ele estava no cabaré.

Eu encarei o Raul, e fiquei pensando se eu deveria ceder as chantagens dele ou se me manteria firme, pra provar que ele não mandava em mim, mas a resposta veio logo em seguida.

- Sinto muito, eu não irei atendê-lo, eu até poderia, mas depois dessa sua chantagem barata, eu não vou. Todos nós sabemos que 80% dos caras que frequentam a casa querem a mim Raul, você precisa de mim mais do que eu preciso de você, então eu vou sair por essa porta, e você vai perder muita grana a partir de então.

Na mesma hora eu vi os olhos do Raul se estreitarem, ele estava mais tenso do que antes, e tinha uma raiva exposta que assustaria qualquer pessoa, menos a mim.

Raul: Cuidado Mila, a sua beleza e esse corpinho não vai durar pra sempre, e homem enjoa, e um dia vão buscar por novidades.

- Quando eu deixar de ser novidade aqui, eu posso ser novidade em outro espaço Raul, esses homens não são os únicos existentes no mundo, e nem esse local é o único que eu posso trabalhar.

Raul: Que escrota! Ele rosnou.

Tudo bem garota, o que você quer pra atender aquele cliente? me diz seu preço.

Dessa vez foi a minha vez de estreitar os olhos, o cara devia ser realmente muito cheio da grana, e pelo desespero do Raul, ele tinha oferecido alguma quantia pra me comer.

- Quanto ele te pagou?

Raul: Não seja ridícula, ele não me pagou nada, eu só não posso perder um cliente desse nível.

- Eu quero metade do valor que ele te pagou.

Raul: Você não me ouviu garota? ele não me pagou nada.

- Olha aqui Raul, se eu atender esse cliente e arrancar que ele te deu alguma quantia, eu nunca mais coloco os meus pés aqui entendeu? então acho bom você me dizer o valor e não mentir pra mim.

Raul: Você é muito ordinária Mila, que porra! Ele gritou enquanto colocava as mãos na cabeça.

Ele respirou fundo e depois me respondeu.

Raul: Cem mil.

Ele me deu cem mil pra comer essa tua buceta que parece ser de ouro, falou com ironia.

Eu fiquei sem reação por alguns instantes, pois ninguém nunca havia pagado tão caro por mim.

- Eu quero a metade desse valor, e não vou te pagar os 20% desse cliente hoje, entendeu? temos um acordo?

Raul: Só hoje Mila, as próximas vezes que ele vinher, você vai pagar o valor normalmente.

- Ótimo.

Raul: Agora termina de se arrumar e vai atendê-lo, ele está na suíte 14.

O Raul saiu batendo a porta furioso, e eu iria ganhar uma bolada em um único dia.

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