Florence sai e eu bufo de frustração enquanto afundo na minha cadeira, pensando em como contar a ele que não consegui recuperar o relógio, muito menos aceitar a proposta dele. Não demora para que Noah e Taylor apareçam na minha sala, e sinto o medo percorrer meu corpo ao notar o olhar nada agradável de Noah para mim.
— Bom dia, Sr. Ewing, Sr. Spencer. — cumprimento-os com um aperto de mãos e aponto para as cadeiras à minha frente. — Por favor, sentem-se.
— Bom dia, Srta. Hampton.
— Olhe para ela, Taylor, nem parece que anda por aí roubando relógios. — Noah ironiza ao se sentar. — Srta. Hampton, não tenho todo o tempo do mundo. Já basta ter sido obrigado a desmarcar alguns compromissos para vir até aqui.
— Sr. Ewing, eu não pedi para vir. Poderia ter esperado até...
— Com licença, Srta. Hampton. — Mia me interrompe ao entrar na minha sala e nos cumprimenta formalmente antes de parar em pé ao meu lado. — Florence me disse que a senhorita precisa da minha ajuda.
— Sim, Srta. Moore. Esses são Noah Ewing e Taylor Spencer. Eles vieram aqui para tratar de um assunto meio complicado, e eu vou precisar da sua opinião sobre isso. — afirmo. Ela meneia a cabeça em concordância e eu encaro Noah ao vê-lo com um olhar confuso. — Sr. Ewing, esta é a Srta. Mia Moore, minha advogada. Espero que não se importe se ela participar da nossa reunião.
— De maneira alguma, Srta. Hampton. Na verdade, acho muito prudente de sua parte querer se resguardar. Afinal, poderá sair daqui presa. — Noah diz, sarcástico. Mia se aproxima do meu ouvido e cochicha:
— Há algo que eu deva saber antes de começarmos, Ava?
— Srta. Hampton, eu não tenho o dia inteiro. Tenho meus compromissos, ao contrário da senhorita que está brincando de ser a CEO enquanto o seu pai está fora. Então, vamos para a parte importante disso tudo: onde está o meu relógio?
— Eu estive na loja de penhores para tentar recuperá-lo, Sr. Ewing, mas ele já havia sido vendido.
— Exatamente como eu falei que aconteceria, não é mesmo? — Noah se inclina para debruçar na mesa, entrelaçando os dedos ao me dar um olhar tão frio quanto a Antártica — E como resolveremos agora? Aceitará a minha proposta?
— Eu tenho o valor que recebi pelo relógio, posso transferir para o senhor e…
— Quanto? $100 mil? — Ele solta uma risada debochada e encara Taylor. — Ela quer me dar $100 mil pelo relógio, Taylor. Dá para acreditar nisso? A senhorita realmente não tem noção do quanto custou aquele relógio, não é mesmo?
— Não, eu não faço ideia de quanto custa aquele relógio, Sr. Ewing. Mas se não for o suficiente, posso pagá-lo de forma parcelada, se for possível.
— Aquele relógio vale bem mais do que isso, e não digo somente pelo lado material. Então, não me interessa que pague por ele, pois pelo valor sentimental, ainda assim não seria o suficiente.
— Então a proposta absurda que me fez continuará valendo?
— Se não me devolver o relógio, receio que sim. Mas também te dei outra opção, se lembra dela?
— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? — Mia indaga com as mãos na cintura e um olhar confuso.
— A Srta. Moore está ciente do seu passatempo, Ava?
— Eu já disse que...
— Vejo que não. — Noah me interrompe e ajeita-se na cadeira. — Srta. Moore, no último final de semana estive na companhia da Srta. Hampton. Passamos uma noite juntos e, ao amanhecer, como provavelmente de costume, ela roubou o meu relógio e o vendeu. Mas ela não contava que eu a encontraria e faria questão de tê-lo de volta. Ao saber que o tinha vendido, propus um contrato a ela. Como a senhorita ouviu, ela não conseguiu recuperar o meu relógio. Já que ela também não tem a intenção de aceitar a minha proposta, temo que terei que formalizar uma queixa contra ela, não acha?
— Srta. Hampton, eu não preciso te contar as minhas motivações. Enfim, me cansei de tentar te ajudar, a senhorita terá notícias quanto ao nosso assunto em breve. Taylor, vamos?
— Srta. Moore, foi um prazer conhecê-la! — Taylor diz após dar um beijo na mão de Mia. — Srta. Hampton, entrarei em contato em breve.
— Ava, o que você vai fazer? — Mia cochicha assim que Noah vai em direção à porta.
— Tudo bem, Sr. Ewing… — A minha voz sai num fio, completamente contrária à minha vontade. — Eu aceito a sua proposta!
— Perfeito! — Noah exclama ao abrir a porta. — O Sr. Spencer irá redigir o contrato e enviará uma cópia para cada uma de vocês o mais rápido possível.
[...]
Se tivesse outra alternativa, jamais aceitaria a ideia absurda de me casar com Noah, mesmo que fosse por contrato. Contudo, ao mesmo tempo, ponderei sobre como meu pai reagiria se a imprensa soubesse que a herdeira dos Hampton se envolveu em um caso de roubo de relógio. Isso não só marcaria o fim da minha carreira, mas, possivelmente, o fim da minha vida.
Dois dias após ter aceitado a proposta, Taylor me enviou uma cópia do contrato que em breve iremos assinar. Atentamente, o li por duas vezes. As cláusulas estão muito bem estruturadas e explicativas, com obrigações específicas que deverei cumprir. Além disso, há um termo de confidencialidade que me proíbe de revelar a qualquer pessoa o real motivo por trás do nosso relacionamento.
Apesar dos esforços da Mia para encontrar algum pequeno erro no contrato que nos desse mais tempo para encontrar quem comprou o relógio, o excelente trabalho de redação feito por Taylor nos impediu de fazê-lo, extinguindo o último vestígio de esperança dentro de mim.
Nos dias seguintes, tentei desviar meus pensamentos concentrando-me no trabalho e nos estudos, mas mal conseguia prestar atenção nas coisas básicas do dia a dia. Então, o dia de assinarmos o contrato chegou.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Contrato Por Engano
Manda mais capítulo...
Mais capítulo por favor...
Ansiosa pra o resto da história...