Como combinado, após o expediente, encontro-me com Mia e vamos juntas até o Grupo First place. Mantenho-me em silêncio durante todo o trajeto, sentindo como se uma faca atravessasse meu peito ao ser obrigada a isso.
No entanto, pensar no motivo que me levou a isso e na recuperação da minha mãe, de certa forma, me conforta. Ao menos consegui resolver parte do problema que tanto me assombrava.
— Te ver assim me deixa péssima, Ava! — Mia diz, ao entrarmos no elevador. — Como eu queria poder te ajudar.
— Tudo bem, Mia. Eu vi o quanto você se empenhou para tentar me ajudar. — Sorrio sem graça e ela acaricia meu ombro. — Agora só resta me conformar. Tenho certeza de que irei sobreviver a esses dois anos.
O "bip" do elevador interrompe minha melancolia ao chegarmos à cobertura. Damos alguns passos até a recepção, onde uma deslumbrante moça loira de olhos azuis, que mais parece ter saído de alguma agência de modelos, nos cumprimenta de forma totalmente robótica e com um certo ar esnobe, antes de nos levar até a sala de reuniões, onde Noah e Taylor já nos aguardam.
— Com licença, Sr. Ewing. — A moça fala num tom amigável e manhoso, completamente diferente de alguns minutos atrás. — A Srta. Hampton e a Srta. Moore chegaram.
— Muito obrigado, Srta. Herrera, está dispensada. — Noah responde e se levanta para nos cumprimentar, enquanto a Srta. "modelo de revista" acena com a cabeça e se retira. — Srta. Hampton, Srta. Moore, queiram se sentar.
— Srta. Moore, alguma dúvida sobre o contrato?
— Nenhum, Sr. Spencer. Você fez um excelente trabalho! — Mia afirma. Taylor sorri orgulhosamente ao colocar a cópia original do contrato em cima da mesa.
— Srta. Hampton, se desejar, pode analisar novamente antes de assinar. — O advogado diz, mas sequer consigo dar atenção às suas palavras. Me viro para Noah, que exibe um ar entediado e indago:
— Vamos realmente fazer isso, Sr. Ewing?
— De forma alguma, Srta. Hampton! Te chamei aqui para ter o "privilégio" de vê-la novamente — Noah diz num tom irônico — Por Deus, Ava, já perdi as contas de quantas vezes você me perguntou! Apenas assine e não me faça perder mais tempo.
Finjo reler o contrato enquanto tento reunir um pouco de coragem para seguir em frente com isso. Mas apenas o suspiro impaciente de Noah me faz querer fugir o mais rápido possível. Após alguns breves minutos, devolvo o contrato para Taylor, que o assina imediatamente após Noah, e Mia o assina antes de me entregar.
Solto um longo suspiro enquanto assino, e assim que a última letra do meu nome é escrita, o contrato é selado com uma lágrima que cai involuntariamente sobre as folhas.
— Está feito, Srta. Hampton! — Noah diz sem se importar com meu choro contido. — Ou melhor, Sra. Ewing. Como descrito no contrato, a partir de hoje você tem uma semana para se mudar para minha casa.
— Não preciso que me lembre dessa parte desagradável, Sr. Ewing. Mia, podemos ir? Eu preciso realmente de uma dose de algo bem forte antes de ir para minha casa.
— Claro, Ava. Sr. Spencer, Sr. Ewing, com licença. — Mia diz após se levantar. Ela cumprimenta Noah e Taylor com um aperto de mãos.
— Ava, lembre-se que agora você é uma mulher casada. Portanto, espero que não saia por aí roubando relógios alheios, ou acabo com você antes mesmo de se mudar para minha casa.
Respiro fundo e ignorou o comentário de Noah, cumprimentando formalmente Taylor antes de sair da sala com Mia.
Envolta pela sensação de despedida, percorro cada cômodo do meu apartamento, absorvendo cada detalhe meticulosamente planejado. Morar sozinha sempre foi um sonho que conquistei ao atingir a maioridade, e hoje, despeço-me dele por dois anos.
Um sorriso se mistura com as lágrimas ao pegar a última mala, deixada no meio da sala. Com um suspiro, tranco a porta e sigo em direção à minha nova morada, que alcanço em questão de minutos.
— Boa tarde, Sra. Ewing! — Uma mulher de estatura pequena, olhos esverdeados e os cabelos elegantemente presos em um coque, com uma expressão que revela experiência e uma idade próxima aos cinquenta anos, saúda-me com um caloroso sorriso ao abrir a porta — Permita-me dar-lhe as boas-vindas. Meu nome é Sra. Hill e sou a governanta desta residência.
— Prazer em conhecê-la, Sra. Hill. Se puder, prefiro que me chame de Ava, por favor.
— Como desejar, Ava. — Ela pega a mala de minha mão com um sorriso, colocando-a cuidadosamente ao pé da escadaria. — Vamos iniciar com um tour pela casa antes de levá-la ao seu quarto. Por aqui.
Sigo a Sra. Hill enquanto ela lidera o caminho, conhecendo cada recanto da casa. Após alguns minutos, ela me apresenta aos demais membros da equipe e, por fim, me conduz até meu quarto.
Deixo minha mala de lado e me deixo cair na cama, sentindo um peso no peito. Enquanto me aconchego nos lençóis brancos, os últimos raios de sol tingem o quarto com uma tonalidade dourada suave, anunciando o entardecer.
Meu olhar percorre o ambiente, confrontando a dura realidade que aceitei. Casar-me com Noah é como entregar-me, de certa forma, ao próprio diabo. Foi um gesto desesperado para proteger quem eu amo da possível fúria do meu pai.
Agora, aqui estou eu, imersa nesta majestosa mansão, envolta em tristezas e incertezas. Este é o preço que aceitei por traçar impulsivamente o meu próprio destino. Que venham as provações, pois o que estava em jogo é mais precioso do que consigo mensurar. É por ela que enfrentarei as consequências, mesmo que isso signifique suportar a presença de Noah Ewing.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Contrato Por Engano
Manda mais capítulo...
Mais capítulo por favor...
Ansiosa pra o resto da história...