Uma Proposta de Amor romance Capítulo 8

Charlotte

Charlotte

As coisas na casa dos Mackenzie já eram difíceis por causa do temperamento difícil da dona Martina, mas ficaram ainda piores. O senhor Mackenzie era gentil e tentava estar presente na vida das filhas, mas eu evitava sua companhia, pois a Martina estava cada vez mais ciumenta e eu não queria chamar sua atenção, assim como acontecia com a Nicole, que era maltratada pela dona da casa. Eu não era tratada com tanta hostilidade, mas também não era tratada com bondade.

Depois de passarmos um fim de semana na casa da Nicole, onde ficou evidente que a Martina não concordava com seu marido em nos dar folga ao mesmo tempo, ela começou a me tratar com rispidez. Não sei exatamente quando isso aconteceu, mas a Martina passou de uma patroa exigente para alguém que tornava a vida das babás um verdadeiro inferno.

A cada dia que passava, seu tratamento piorava, sem motivo aparente. Em um momento em que estávamos sozinhas arrumando o closet da Eloá, perguntei à Nicole se ela tinha alguma ideia do que estava acontecendo, afinal, ela trabalhava para aquela família há mais tempo do que eu.

— Ela tem ciúmes do senhor Mackenzie, Charlotte – foi a explicação que ela me deu, mas que me deixou ainda mais confusa.

— Eu sei que sim, Nicole. Mas ela não tratava a gente assim, dessa forma tão agressiva – insisti.

Ela me olhou e notei que parecia culpada. Nesse momento, decidi que perguntaria de maneira clara aquilo que vinha martelando em meus pensamentos desde o primeiro dia em que cheguei naquela casa.

— Você e o senhor Mackenzie tem algum tipo de envolvimento um com o outro?

— Como assim? – ela perguntou aquilo de uma forma muito assustada. — O que você quer dizer com isso?

Nós estávamos naquele momento arrumando as roupas da Eloá, algo que foi sempre função da arrumadeira, mas que a Martina agora queria que nós duas fizéssemos.

A cada dia que passava, ela inventava mais coisas para fazermos nos momentos que deveriam ser de pausa como, por exemplo, agora, que a Eloá estava em sua aula de piano.

A Nicole também estava trabalhando bem mais que antes, saindo da casa por volta das nove da noite, quando não era mais necessária para cuidar da Eloá, pois a menina dormia bem antes disso.

— Eu acredito que nós tenhamos intimidade o suficiente para falar abertamente sobre determinados assuntos e vou ser bem direta.

Respirei fundo, criando coragem para fazer a pergunta que tanto desejava e fui em frente. Tínhamos desenvolvido uma amizade ótima entre nós duas e ela não poderia ficar chateada comigo por fazer tal questionamento.

— Você tem um caso com o senhor Mackenzie?

Nicole arregalou os olhos, ficando totalmente surpresa por minha pergunta e depois, surpreendeu-me quando caiu na gargalhada.

— Não é engraçado, Nicole – falei séria.

— Não, não é – ela confirmou, respirando para controlar as risadas. – Eu só fiquei nervosa.

Achei aquilo estranho, mas depois relacionei algumas coisas e entendi por que a Nicole sorria tanto, até mesmo em alguns momentos totalmente inapropriados.

— Eu tenho crise de riso quando fico muito nervosa – ela falou aquilo que eu tinha acabado de concluir. – Mas respondendo a sua pergunta... não. Eu não tenho um caso com o senhor Mackenzie.

— Você não estranhou a pergunta que eu fiz. Ficou apenas nervosa – apontei. – O que isso significa?

— Que eu sou sim, apaixonada pelo pai da Eloá – ela confirmou. – Mas jamais poderia ter uma relação com um homem comprometido. Ainda mais quando ele é o meu patrão.

— Mas eu vejo que ele te olha de uma forma diferente de como olha para mim.

— Isso não importa, Charlotte. Ele é comprometido e, como já falei, é o meu patrão – ela falou, parecendo triste. – Eu tenho medo de que a dona Martina perceba os meus sentimentos e me demita. Tenho medo de deixar a minha pequena à mercê de alguma pessoa que não a trate bem, como nós o fazemos.

— Eu sei que você ama a Eloá, Nicole. É visível – falei aquilo que percebi desde o primeiro dia. – Então, você acredita que a dona Martina percebeu que você gosta do senhor Oliver, e por isso tem sido tão ruim conosco? Foi isso que quis dizer quando falou que ela estava com ciúmes?

A Nicole não pôde responder, pois a própria Martina entrou no closet, a expressão de ódio em seu rosto praticamente soltando fogo pelo nariz.

— Saiam da minha casa agora!

Fiquei paralisada de pavor ao compreender o que acabou de acontecer. Eu estava em maus lençóis!

— Mas senhora... – ainda tentei argumentar.

— Saiam! – ela gritava. – Saiam agora! Eu quero vocês duas fora da minha casa! Fora!

As lágrimas começaram a cair de meus olhos aos borbotões! O que eu faria? Para onde iria?

— Dona Martina... – falei entre soluços.

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