Uma Proposta de Amor romance Capítulo 9

Oliver

Cheguei em casa um pouco mais tarde naquela noite, pois tive que comparecer a uma audiência onde a Reloading era uma das partes, que acabou por demorar bem mais do que eu gostaria.

Entrei no meu quarto e encontrei a cama arrumada e a Martina não estava em lugar algum. Não fui à procura de informações sobre a minha querida esposa. Eu não me importava em saber onde ela estava ou o que estaria fazendo.

A única coisa que esperei sempre da Martina foi que cuidasse da nossa filha com carinho e atenção, duas coisas que ela nunca fez e que estava tornando cada dia mais insustentável a minha convivência com ela.

No início do nosso casamento ela até conseguiu me convencer de que era uma mãe amorosa, mas nada que o tempo não conseguisse mostrar a verdade.

Meus amigos pensavam que eu não sabia quem era de fato a minha esposa, mas eu apenas não queria envolver outras pessoas na minha relação já tão complicada.

Depois que tomei banho, fui diretamente para o quarto da minha pequena, pois desejava ao menos dar-lhe um beijo de boa noite, por mais que ela já estivesse dormindo e que não pudesse saber que eu havia estado com ela.

Mas quando entrei no quarto, para minha surpresa, a Eloá ainda estava acordada, aos berros, enquanto uma senhora vestida com o uniforme de babá tentava conter seus gritos, falando algumas palavras de alívio.

— O que está acontecendo aqui? – perguntei em um tom de voz alterado, tentando ser ouvido acima das vozes delas.

—- Senhor Mackenzie? – a senhora perguntou insegura.

A Eloá estava sentada em sua cama, o rosto inchado coberto por lágrimas, como se já estivesse chorando há bastante tempo, enquanto a senhora estava de pé ao seu lado, agora com o olhar assustado.

— Sim, sou Oliver Mackenzie – F

falei em um tom duro. – E a senhora, quem é?

— Estou cuidando da sua filha por essa noite, senhor.

— Explique-se melhor, por favor – pedi, caminhando até a Eloá e a pegando no colo, limpando seu rostinho e me sentindo um pouco mais calmo.

Imaginei que deveria ter acontecido algum imprevisto com as duas garotas que eram babás da minha filha e que, por esse motivo, a Martina tenha contratado uma babá para passar a noite com a Eloá.

Apesar de ficar chateado com o fato de que a própria mãe não se disponibilizou a ficar com a nossa filha ao menos por uma única noite, eu me conformei com a realidade dos fatos.

— Eu não tenho conhecimento de nada além disso, senhor – a senhora, que parecia ter por volta de quarenta anos, falou.

— Tudo bem, então – falei. – Peço desculpas pela forma como me alterei. Apenas não tinha conhecimento que havia sido necessária a sua presença hoje.

Saí do quarto com a Eloá e a levei para a biblioteca, pois eu tinha montado um cantinho especial para ela naquele cômodo da casa, que dispunha de uma pequena mesa, com cadernos de colorir, lápis de cor e outras coisas que ela gostava de brincar.

Enquanto caminhava com a minha filha nos braços, fui falando baixinho, tentando acalmar o seu pranto e somente após este ter cessado, foi que tentei conversar com a minha pequena, para que ela me desse ao menos uma pista do porquê de tanto choro.

Quando eu já estava sentado no sofá da biblioteca com a Eloá no colo, quando ela por fim se acalmou totalmente, percebi que seu olhar era triste. Ela parecia bastante desolada e eu fiquei apreensivo.

— O que aconteceu, filha? – perguntei diretamente.

Eloá era uma criança calada e tímida, mas eu sabia que era também muito inteligente e que poderia me esclarecer sobre o que estava se passando com ela.

— A Nicole e a Charlote foram embora, papai.

Uma lágrima caiu tímida e eu me senti mais tranquilo, pois aquele era um problema fácil de resolver.

— Elas irão voltar, querida. Não precisa ficar assim.

Eu disse aquilo pois imaginei que a Martina tivesse concedido uma folga para as duas ao mesmo tempo, algo que eu mesmo havia feito algumas semanas atrás.

— Não vão, não, papai – ela insistiu e eu franzi o cenho, sem conseguir entender a convicção em seu tom. – Elas não vão mais voltar para a nossa casa.

— Como assim, filha? Explica para o papai, por favor.

— Eu ouvi a Martina mandando-as embora para sempre.

Claro que nesse momento a Eloá, que era apenas uma criança e só a Martina não tinha noção daquele fato, caiu no choro novamente e eu não mais tentei conter as suas lágrimas.

Fiquei ao seu lado por todo o tempo que ela sentiu necessidade de colocar para fora o turbilhão de sentimentos e quando, por fim, a minha menininha parou de chorar, eu estava ao seu lado.

A verdade é que ela acabou por dormir e eu subi as escadas com ela novamente em meus braços, que já estavam doloridos por seu peso, uma vez que ela não era mais nenhum bebê.

— O senhor está precisando de ajuda com a criança?

A governanta apareceu em meu caminho e a forma como ofereceu ajuda não me agradou, pois eu já havia percebido que ela nunca se referia a minha filha pelo seu nome. Era sempre “a criança”. E eu não gostava dessa forma dela de falar. Aliás, nada naquela casa me agradava há bastante tempo.

— Eu posso cuidar da Eloá sozinho. Obrigado.

Recusei com educação, apesar de a minha vontade ser de gritar com ela, com todos naquela casa enorme e fria. Mas eu era um homem controlado e não me deixava levar pelas emoções.

Desolação 1

Desolação 2

Desolação 3

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Uma Proposta de Amor