Whisky Chocolate romance Capítulo 120

A voz de Regina ecoava arrogante.

Elsa fechou a cara: "Olha só, isso não tem nada a ver com você, não é mesmo?"

Regina debochou: "Como assim não tem nada a ver comigo? Esqueceu quem eu sou? Sou a presidente da Associação de Arte da Cidade Litorânea, quer vender suas telas, vai ter que passar por mim."

A Associação de Arte da Cidade Litorânea, apesar de ser uma organização civil, era vista com grande respeito por todos os pintores e artistas locais.

Elsa sacou na hora o que Regina insinuava: "Foi você que armou essa situação?"

De repente, a voz de Regina ficou mais dura: "E se fui? Ontem vocês mexeram com a minha filha, fazendo com que o Daniel a bloqueasse no WhatsApp, então não me venha com essa história de 'velha amizade'."

Elsa apertou os lábios.

Ela havia entregue suas obras faz tempo, e ainda não tinham sido vendidas. Mas o problema com Daniel tinha sido só ontem, o que indicava que Regina já estava tramando contra ela há algum tempo.

Qual era a necessidade dessa mágoa que já durava dezoito anos?

Regina escarnecia novamente: "Nem precisei fazer muito, mas você aí achando que é o Picasso, né? Pintou uns quadros e pensou que ia revolucionar o mundo da arte? Ficou dezoito anos sem tocar num pincel, já viu o nível do que você produziu?"

Elsa sentiu um vazio ao admitir para si mesma. Apesar de achar que suas últimas duas obras estavam no mesmo nível de dezoito anos atrás e que sua vivência havia trazido uma maturidade que enriquecia suas paisagens, tudo não passava de sua opinião pessoal.

Ela não fazia ideia do que os outros pensavam de sua arte.

Aquelas palavras de Regina destruíram a confiança que Elsa tinha reconquistado, fazendo com que soltasse o garfo sobre o prato sem querer.

Elsa respirou fundo: "Tem mais alguma coisa para dizer?"

Regina respondeu com uma frieza: "Elsa, neste meio, quem é talentoso e quem não é, quem pode afirmar com certeza? Tudo depende de quem está por trás. Você me ofendeu, não vai ter um caminho fácil, pelo menos aqui na Cidade Litorânea. Estou doida para ver você virar motivo de chacota!"

Elsa ficou tão irritada que suas mãos começaram a tremer, e ela desligou a chamada sem esperar Regina terminar de falar.

Lágrimas encheram seus olhos, atraindo a atenção de Caio, que perguntou: "O que houve?"

Elsa o encarou e balançou a cabeça: "Não é nada."

Na verdade, muitos dos compradores de arte não eram exatamente entendidos no assunto, e a fama dos artistas muitas vezes era resultado de marketing. A Família Serra tinha recursos financeiros, e se resolvessem investir nela, certamente poderiam construir uma reputação.

Mas Elsa não queria isso.

Ela retomou a pintura não para fazer Caio gastar dinheiro por ela. Além do mais, os cinquenta milhões que recuperaram foram reinvestidos no negócio, deixando a situação financeira da família apertada nos últimos tempos. Ela não desejava colocar mais pressão sobre Caio.

Ademais, mesmo que contasse a Caio, existia uma distância entre o mundo das artes e o dos negócios, e sem investir pesado, ele não teria muitas alternativas.

Caio percebeu que ela preferia não falar sobre isso e suspirou.

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À noite, quando Rita retornou da escola, percebeu que seus avós já tinham chegado. Seu avô enfrentava problemas de saúde e tinha dificuldade para caminhar, morando no quarto térreo com sua avó. O quarto deles estava arrumado, e agora conversavam na sala.

Ao vê-los, Rita se aproximou, os olhos brilhando ao encontrar sua avó Sylvia Costa.

Sylvia brincou com ela: "Rita, estava com saudades da vovó?"

Rita: "...Sim."

Sylvia suspirou: "Saudades de mim ou dos meus livros?"

"...Dos dois."

"O que você sente mais falta, de mim ou dos livros?"