Whisky Chocolate romance Capítulo 121

As ondulações das montanhas na tela se acumulavam em camadas, e a vastidão do rio destacava-se pelo balanço que espelhava as silhuetas das montanhas e torres. A obra passava um sentimento de elegância discreta e uma profundidade que não se limitava ao tempo.

No canto inferior direito, um selo vermelho denunciava o pseudônimo do artista: Águas de Março.

Elsa observava esse nome com um semblante meio apreensivo.

Foi um nome sugerido por um professor na faculdade, mas ela tinha mais afeto pelo pseudônimo que escolheu por conta própria: Amanhecer da Noite.

Contudo, naquele momento, Regina estava no seu pé, e suas obras estavam longe de serem exibidas no ateliê. Seus colegas aconselharam que ela trocasse de pseudônimo.

Por isso, ela havia criado outra peça naquele dia, disposta a dar uma chance à mudança.

Elsa deixou o pequeno selo de lado e, ao levantar os olhos, viu Rita olhando com interesse para sua pintura e de repente perguntou: "Rita, tem vontade de aprender a pintura?"

Aprender...

Os olhos de Rita brilharam e ela acenou com a cabeça: "Com certeza!"

Ouvindo isso, Elsa revelou a pintura que acabara de completar e a colocou sobre a mesa ao lado, preparou um novo papel e passou um pincel para Rita: "A pintura prioriza a tinta e usa a cor como complemento, valoriza o ritmo e a exatidão. Para criar paisagens, é preciso dominar as técnicas de pincelada, tinta, composição e cor..."

Após um breve tutorial, Elsa mostrou como manejar o pincel com alguns movimentos, e uma montanha remota apareceu no papel.

Elsa entregou o pincel para Rita: "Agora é sua vez."

Rita, que tinha aprendido caligrafia com pincel no orfanato, não tinha experiência com pintura, mas se destacava na imitação. As letras que ela desenhava com o pincel fino eram indistinguíveis das originais.

Depois de refletir um pouco, Rita fez dois movimentos no papel.

Elsa, ao ver isso, ficou boquiaberta: "Você nunca fez isso antes?"

Rita confirmou com um aceno.

Elsa exclamou, impressionada: "Mas a segurança da sua mão ao pintar é notável! E essa montanha... está idêntica à minha!"

Seus olhos brilharam: "Rita, que tal se eu te ensinar a pintar depois da aula?"

Ela sempre adorou pintar, uma atividade que lhe trazia paz e muitos aprendizados.

Rita também ficou contente: "Eu ia adorar."

Elsa apontou para os livros na prateleira do quarto: "Aqui estão imagens de pinturas famosas, pode dar uma olhada quando quiser."

E indicou para as pinturas enroladas ao lado: "Estas são minhas obras de dezoito anos atrás, uma delas até foi premiada, pode dar uma olhada."

Todas essas obras estavam assinadas como Amanhecer da Noite.

Cheia de curiosidade, Rita se aproximou e pegou um dos rolos, pronta para desenrolá-lo, quando Elsa casualmente perguntou: "Ah, você veio aqui por algum motivo?"

Rita piscou, lembrando-se do motivo de sua visita: "Ah, vim te chamar para comer."

"..."

"..."

Elsa olhou para cima em silêncio e as duas trocaram olhares por um instante, até que Elsa tossiu levemente: "Então, vamos comer primeiro?"

"… Beleza."

Rita deu mais uma olhada na pintura que segurava, já meio desenrolada, e que claramente era de uma qualidade excepcional. Ela estava hesitante em deixá-la, mas acabou concordando.

Vendo a reação de Rita, Elsa sorriu e perguntou: "Gostou?"

"Demais!"

Elsa pegou o rolo de volta, uma de suas melhores obras e também a peça premiada. Ela o enrolou e guardou, dizendo: "Então vou emoldurar e colocar no seu quarto, como um presente meu!"

Os olhos de Rita se iluminaram: "Que máximo."

Finalmente, elas desceram as escadas e encontraram o resto do pessoal já acomodado à mesa para o jantar. Caio não conseguia esconder um sorriso, enquanto Vicente arqueava uma sobrancelha, parecendo já bem entrosado com o grupo.

Sylvia soltou um sorriso: "Eu falei para não chamarem vocês. Queria ver quanto tempo esses dois nerds demorariam para lembrar do jantar. Nossa, só quarenta minutos, até que foram rápidos!"

As provocações fizeram Elsa sorrir e ela comentou com Rita: "Quando eu era pequena, me esquecia do mundo pintando. Sua avó nem me chamava nem me esperava. Se eu perdesse a hora da refeição, ficava sem comer. Mas olha só, agora ela nos espera."

Elsa e Caio trocaram um olhar e, ao olharem para Vicente, seus olhos se encheram de compreensão.

Sua filha estava tão mergulhada nos estudos que realmente não tinha tino para romances.

Provavelmente, só alguém como Vicente poderia entender isso, não é?

Realmente, era algo para se preocupar.

Com a atenção voltada para ele, Vicente falou com tranquilidade: "Tia, para mim está ótimo, desde que Rita goste."

Rita: "…………"

Depois da refeição, Elsa estava bem mais receptiva a Vicente. Quando ele se preparava para ir embora, ela fez questão de dizer: "Vicente, venha jantar conosco mais vezes."

Vicente olhou para Rita, um rapaz alto de um metro e oitenta e oito, e perguntou baixinho: "Posso?"

Antes que Rita pudesse responder, Elsa disse: "Se eu estou dizendo que sim, então pode."

Caio também se manifestou: "Se precisar de ajuda com alguma coisa, é só falar comigo."

"Ok, tio, tia, até mais." Depois de se despedir, Vicente se voltou para Rita: "Você está ansiosa para subir e estudar? Então não precisa me acompanhar."

Rita, que nunca pensou em acompanhá-lo: "… Ah."

Após a partida de Vicente, Rita subiu para seu quarto e, pensativa, mandou uma mensagem no grupo do chefão:

Estudante: [Quero falar sobre alguém. ]

Professor: [Fala, Ritinha. ]

Pianista: [Quem é? ]

Pintor: [Quem? ]

Estudo: [Vocês conhecem alguém chamado Vicente? ]