A ascenção da Luna romance Capítulo 154

Enquanto folheava os documentos, a expressão de Meredith se fechou. Embora não entendesse todos os detalhes de negócios, ficou claro que a proposta de Cassandra era excelente — muito superior à que seu pai havia preparado. Meredith se perguntava como Cassandra, tendo assumido o Grupo Horizon há menos de dois meses, poderia ter criado algo assim sozinha. Ela devia ter tido ajuda.

Independentemente de quem a tenha auxiliado, a proposta de Cassandra era impressionante. A ideia de que Thaddeus poderia escolher essa proposta em detrimento da de seu pai era algo que Meredith não podia aceitar.

— Isso não pode acontecer — murmurou, mordendo o lábio enquanto uma ideia surgia. Rapidamente, trocou o conteúdo da pasta de Cassandra pela proposta medíocre de seu pai. Como ambas tinham etiquetas com os nomes, a troca foi fácil e sem indícios. Agora, a proposta de Cassandra levava o nome de seu pai, enquanto a outra, mais fraca, aparecia como sendo de Cassandra.

Satisfeita, Meredith sorriu.

De repente, ouviu passos do lado de fora da porta. Meredith colocou as pastas de volta no lugar e, fingindo desinteresse, tirou o telefone como se estivesse ocupada em uma ligação.

Quando o Beta entrou, captou uma sensação estranha no ar, mas apenas sorriu e colocou o café sobre a mesa.

— Desculpe a demora, Sra. Gardner.

Meredith sorriu levemente, fingindo naturalidade.

— Não tem problema.

Embora ela estivesse à vontade, os instintos do Beta continuaram alertas. Ele estava prestes a perguntar se precisava de mais alguma coisa quando o telefone de Meredith tocou, interrompendo-o.

— Desculpe, preciso atender — disse Meredith, parecendo um pouco envergonhada ao atender. — Alô? Kelly, você já saiu?

Ao ouvir o nome, o Beta ficou desconcertado. Kelly tinha sido solto?

— Certo, estarei aí em breve — Meredith finalizou a ligação e se voltou para o Beta com um sorriso. — Poderia avisar Thaddeus que não o verei hoje? Surgiu um compromisso urgente.

O Beta assentiu educadamente.

— Claro, Sra. Gardner. Avisarei o Alpha.

Embora não gostasse de Meredith, sabia que precisava manter uma postura respeitosa, já que ela era a companheira do Alpha.

Assim que Meredith saiu, o Beta reuniu as propostas e levou-as até Thaddeus, no último andar. Ao bater na porta, ouviu a voz profunda e decidida de Thaddeus:

— Entre.

— Alpha, estas são as propostas de parceria das vinte alcateias — informou o Beta, colocando a pilha de documentos na mesa.

Thaddeus largou a caneta e olhou para os papéis.

— Estão todas aqui?

— Sim, Alpha.

Ele hesitou, mas antes que pudesse mencionar o desconforto que sentiu durante o encontro com Meredith, Thaddeus fez uma pergunta inesperada:

— Qual delas é a da Cassandra?

Assim que o Beta saiu, Thaddeus pegou a proposta de Cassandra novamente, revendo o documento com calma, anotando sugestões e melhorias ao longo do texto.

Enquanto isso, Cassandra já estava de volta à antiga mansão dos Raeburn na Matilha Sandstrider.

A mansão foi construída por seus pais há mais de vinte anos, sendo o local onde ela crescera e colecionara boas lembranças. No entanto, tudo mudou quando sua mãe faleceu e seu pai se casou novamente. Com a chegada de sua madrasta e meia-irmã, o lugar deixou de ser seu lar e tornou-se apenas onde ela dormia e comia.

Seis anos atrás, quando seu pai também faleceu, sua madrasta e meia-irmã fugiram com o dinheiro da herança, abandonando a mansão. Desde então, Cassandra a trancou e nunca mais voltou.

Agora, ao encarar a antiga residência, tudo parecia familiar, ainda que distante.

Com um suspiro, Cassandra pegou a chave e preparou-se para destrancar a porta. De repente, algo a fez parar. Revirou a bolsa e tirou a chave que Agnes lhe dera.

— Estranho... — murmurou ao comparar as duas chaves em sua mão. Uma era a chave antiga da casa, a outra, a chave de Agnes. Eram diferentes.

Quando recebeu a chave de Agnes, Cassandra não se lembrava de que ainda tinha a original e, por isso, não havia notado a diferença. Agora, porém, ela se perguntava se a chave de Agnes não abriria outra porta, ou se as fechaduras haviam sido trocadas.

Seus pensamentos foram interrompidos quando olhou para o portão da mansão e se aproximou. A fechadura permanecia a mesma. Parecia, então, que a chave de Agnes servia para uma porta diferente dentro da casa.

— Vou entrar e ver o que descubro — disse para si mesma, abrindo a porta e entrando na mansão.

Por dentro, o lugar estava vazio e coberto de poeira. A madrasta e a meia-irmã de Cassandra haviam vendido todos os móveis e eletrodomésticos antes de fugir, deixando apenas as paredes e o silêncio. O chão, tão coberto de poeira, registrava claramente as pegadas de Cassandra a cada passo.