Alex saiu para trabalhar e eu me ajeitei na cozinha. Estava faminta.
— Não Bella, isso não é serviço seu!— era Giorgia que me repreendia.
De repente, Cristal ficou paralisada e os seus olhinhos lacrimejaram.
Giorgia cobriu a boca com as mãos.
— Meu Deus, onde achou essa roupa?— ela quis saber.
Eu olhei para o vestido confortável, estampado em amarelo e branco e sorri.
— Ah, eu achei no armário, lá no quarto em que eu…
Giorgia me interrompeu e pôs-se a me arrastar para fora da cozinha.
— Deixe ela assim, Gi!
Giorgia paralisou ao ouvir o tom autoritário da menina.
Eu sorri inocente, mas Giorgia estava aflita.
— O seu pai não vai aprovar essa ideia!
— Ela está linda! Parece a minha mãe!— Cristal disse, se aproximando e segurando a minha mão.
Eu me deixei levar de volta à mesa de serviço, onde antes comia um lanche.
Cristal debruçou-se na mesa, me olhando com admiração.
— Você caiu do céu?— ela indagou tão séria que eu fiquei paralisada, segurando o meu pão.
— Eu? Do céu!
A menina explicou, afastando os braços da mesa:
— Sim, a mamãe disse que você chegaria, para eu esperar!
Eu franzi a testa e olhei para Giorgia que tinha os olhos inundados.
— Você a conheceu?— Cristal insistiu.
Giorgia me salvou. Passou na frente da menina e a arrastou falando agitada:
— Vem Cristal, tem que se arrumar para a aula de balé!
— Eu não gosto de balé!— a menina protestou.
Giorgia parou me olhando sem jeito e disse:
— A Bella vai estar lhe esperando quando chegar. Ela vai ajeitar as suas roupas e o seu almoço! Não é Bella?
Eu me assustei.
— É sim, claro!
Elas saíram e eu comecei a comer rápido.
Pouco depois, as duas passaram por mim apressadas. Eu me sobressaltei.
— O que eu faço agora? Eu vou junto?
Giorgia sorria achando graça.
— Não se preocupe, o motorista vai levá-la!
Eu olhei para a porta e só então percebi um rapaz, usando um terno preto. Ele tinha mais cara de segurança, imaginei que andava sempre com o juiz.
Cristal me mandou um beijo de longe e saiu sorridente.
Giorgia se voltou ofegante.
— Menina, se o juiz te ver vestida assim, não quero nem pensar!
— Por que? Que mal tem, Giorgia? Não está para doação?
Giorgia suspirou e respondeu agoniada:
— Querida, tem menos de seis meses que a patroa faleceu! Ele não pode vê-la vestida assim, em hipótese alguma!
Eu fiquei daquele jeito e combinamos que antes do juiz chegar, ao final da tarde, eu tiraria o tal vestido.
O destino parecia estar brincando, porque o motorista na volta, trouxe o patrão e nos pegou desprevenidas.
Eu arrumava o seu quarto, quando avançou para a escada correndo, dizendo ter esquecido uma pasta.
Giorgia tentou impedi-lo mas não deu tempo.
Eu forrava a cama tranquilamente quando o som da porta se abrindo bruscamente me assustou.
Eu me virei e ele estava lá, segurando a maçaneta, me olhando como se tivesse vendo um fantasma.
— Senhor!
— Essas roupas…onde as achou?
Eu engoli em seco e só naquele momento me dei conta de que usava o vestido da falecida.
— Eu…
— Tire, agora!
Eu passei por ele desesperada e saí correndo, com vontade de chorar.
Giorgia veio atrás de mim.
— Calma Bella! Por favor, não chore, ele foi pego de surpresa, foi só isso!
— Ele gritou comigo!— eu disse abaixando as alças do vestido.
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