A Dama Cisne Partida romance Capítulo 4

Kevin sempre dizia que, sem a companhia dele, era melhor que ela ficasse em casa.

Mas ninguém sabia.-

O que mais a apavorava era sair com Kevin, mais do que sair sozinha.

Porque, no olhar de cada pessoa que os via juntos, estava escrito: "Um homem tão maravilhoso, por que a esposa dele é manca?"

Ela chamou um carro e seguiu em direção ao hotel.

No carro, olhava silenciosamente para a paisagem da rua através da janela, até que, de repente, viu o carro de Kevin estacionado em uma vaga na calçada.

"Espere um pouco, por favor, pare aqui", pediu ela ao motorista, apressada.

O carro de Kevin estava parado em frente a um restaurante.

Ontem, um amigo de infância de Kevin tinha oferecido um jantar; hoje era a vez de Kevin, estava escrito no perfil da Thais nas redes sociais.

Como se fosse guiada por alguma força desconhecida, ela desceu do carro.

Ao chegar ao restaurante, Giselle ouviu logo: "Já tem alguém esperando, Sr. Anjos." E então, informaram os últimos dígitos do celular de Kevin.

O garçom levou Giselle até a porta de uma sala reservada. "É aqui."

"Obrigada", agradeceu Giselle.

Na verdade, ela mesma não sabia ao certo o que estava fazendo ali. Em casa, era tomada por uma onda de impulso atrás da outra, mas agora, de pé diante da porta, faltava-lhe coragem até para empurrá-la e entrar.

Lá dentro, vinham vozes animadas de conversa.

"Hoje não posso voltar muito tarde, nem beber, ontem cheguei bêbado em casa e a onça lá soltou as garras."

Era um dos amigos de infância de Kevin.

"Você ainda é meu irmão? Naquela época dizia que, acontecesse o que acontecesse, sua irmã vinha sempre em primeiro lugar. Agora virou um mandado pela esposa? Só o Kevin continua sendo nosso amigo de verdade."

Era Thais, com uma voz doce e delicada.

Então era assim a personalidade de Thais.

Então era esse tipo de garota que Kevin gostava.

"O que você devia, já pagou com tanto dinheiro!"

"Pois é, devia ter dado dinheiro direto e acabado com tudo, pra que sacrificar sua própria felicidade?"

"Olha, pensa bem, Kevin. Até se você levasse uma imagem de santo pra casa, ainda poderia fazer um pedido nos dias santos e pedir proteção pra ficar rico. Mas casar com uma pessoa assim, pra quê?"

"Exato, que ajuda ela pode te dar? Não pode te acompanhar em eventos, em casa até servir água deve ser um problema, não? Kevin, vai beber água... Assim, assim, é assim mesmo?"

A sala explodiu em gargalhadas, com o riso escandaloso de Thais misturado, "Kevin, sua esposa anda assim mesmo?"

Encostada à porta, Giselle sentiu o sangue subir à cabeça, uma mistura de raiva e humilhação, a ponto de perder o equilíbrio.

Ela empurrou a porta da sala.

Lá dentro, todos estavam rindo alto.

Um dos amigos de infância de Kevin, chamado Eduardo, segurava um copo de água e caminhava de modo exagerado, mancando e mudando a voz: "Kevin, Kevin, Kevin, vem beber água, Kevin, ah— caí, Kevin, me ajuda—"

Ela olhou para Kevin, esperando que seu marido, o homem que mais amava, finalmente tivesse uma atitude naquele momento.