"Todos deram tanto de si pela empresa, se dedicaram, passaram tantas noites em claro, só assim conseguimos chegar onde estamos hoje… Ela… ela fica em casa aproveitando o fruto do nosso esforço, ainda vive te importunando, incomodando o Eduardo e o Saulo… Eu só queria me dar bem com ela, ser amiga dela, agir como conciliadora, deixar o ambiente mais harmonioso entre todos, mas ela não gosta, está sempre me xingando… Fiquei revoltada, por que ela pode te procurar e te encontrar quando quiser, e tudo que ela pede você dá? Fiquei fora de mim e tranquei ela na sala de reuniões… Eu só… só não queria que ela te encontrasse tão rápido… Eu jamais imaginei que fosse acontecer um incêndio na sala…" Thais chorava tão forte que mal conseguia respirar.
Giselle a olhava friamente, vendo seu teatrinho, sem saber se Kevin iria, de novo, pedir que ela a perdoasse.
"Kevin, eu… eu nunca mais vou fazer isso, prometo… Eu vou ser obediente… por favor? Me perdoa…" As lágrimas de Thais caíam uma a uma na manga da camisa de Kevin.
Giselle sorriu com ironia: "Thais, parece que você está confundindo as coisas. A vítima sou eu, não ele! Você não acha estranho pedir perdão pra ele?"
"Mas Giselle…" Thais a olhou, trêmula, "Eu sei que você me odeia… Você sempre me detestou, agora então, nunca vai me perdoar. Eu… eu posso pelo menos te pedir desculpas? Eu te compenso! Pago seus remédios, sua indenização por danos morais, você pode me perdoar?"
Giselle abriu um sorriso ainda mais irônico: "Compensar? Vai me compensar com o dinheiro do meu próprio marido?"
O rosto de Thais ficou vermelho na hora, os olhos transbordando lágrimas e mágoa.
Que dó! Parecia até que era ela quem quase tinha morrido queimada hoje!
Kevin inspirou fundo. "Giselle, também não é assim…"
"Então, como é que é?" Giselle já sabia: Kevin, esse idiota, já tinha sido convencido por Thais. Pra ele, Thais era uma princesinha delicada, uma fada inocente, incapaz de fazer mal a alguém. Tudo que fazia era por bondade, por justiça, defendendo ele e seus ‘grandes amigos’, punindo ela, a ‘vilã’ da história.
"A Thais já prometeu que vai te compensar…"
"E não é com o dinheiro do meu marido que ela vai me compensar? Ela vive dizendo que a empresa é fruto do seu esforço e dos seus amigos, que eu só aproveito. E ela? Não é igual? Que mérito ela tem pra ser sua assistente? Que mérito pra morar no apartamento que você comprou? Usar as joias que você deu?"
"Giselle!"
Giselle olhou para o rosto furioso de Kevin e soube que tinha acertado em cheio.
Ela só tinha falado da boca pra fora, mas era verdade: Kevin realmente tinha comprado um apartamento pra Thais!?
Ela se calou, olhando para os dois à sua frente, com um sorriso de puro escárnio.
Kevin passou a mão pela testa, impaciente. "Giselle, não precisa ser tão cruel…"
"Não estou forçando ninguém! Foi ela que disse que ia se entregar! Agora não vai mais? Isso não é teatro?"
Thais desabou em lágrimas. "Eu vou! Vou agora mesmo!"
Com um movimento brusco de cintura, Thais saiu correndo do quarto, chorando alto pelo corredor.
"Thais! Thais!" Kevin se levantou apressado para correr atrás dela, mas ao chegar à porta, pareceu lembrar de algo, voltou às pressas e falou rapidamente com Giselle: "Giselle, a Thais é muito orgulhosa, não aguenta ser contrariada, se for agora, pode acabar fazendo besteira, eu vou atrás dela e volto já…"
Giselle olhou pra ele, achando tudo aquilo até engraçado.
Será que ele estava mesmo tão aflito por causa da Thais?
Ele nem conseguia terminar de falar antes de sair, foi falando enquanto já corria pra porta. As últimas palavras dele se perderam junto ao som apressado dos passos no corredor…

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Dama Cisne Partida
Acho que Kevin morreu…...