Dois meses depois...
- Oi.... sou eu... – Amélia murmurou, olhando para a lápide sofisticada. - Não consegui vir antes… e confesso que venho adiantando isso a muito tempo.
“Leonora Martins Rockfeller. Esposa e mãe. Uma visionária das virtudes da beleza,”
Amélia sorriu tristemente ao ler aquela dedicatória. Sua mão apertou o envelope preto com força. Ele já estava amassado de tanto passar pelo mesmo processo várias vezes.
- Você tem uma neta... Achei que gostaria de saber. – respirou fundo. – O nome dela é Maya, ela tem dois meses...
O vento fresco do mês de julho bagunçou seus cabelos um pouco mais compridos que o habitual.
- Felizmente, ela se parece mais com o pai dela do que comigo, então eu acho que você gostaria dela um pouco... – lágrimas se formaram em seus olhos e ela fungou.
Se sentou na grama verde, abraçando os próprios joelhos.
- Eu nunca te contei, mas me formei em arquitetura. Sou responsável por diversos projetos da Acrópole, e também ganhei um prêmio. – ela fez uma pausa. – Foi meu primeiro projeto solo, é um instituto psicossocial que abriga mulheres e crianças vítimas de violência doméstica.
O canto dos pássaros parecia alegre demais para esse momento. Ela olhou para eles e limpou o rosto.
- Eu sei que isso não te traria orgulho, mas eu quis te contar mesmo assim.
Amélia abriu o envelope amassado e retirou o papel manchado de vermelho escuro. Suas mãos estremeceram.
- Antes de ler o que quer que você tenha escrito aqui, eu quero que saiba que eu te amei..... mesmo depois do seu ódio e de sua constante rejeição.. eu te amei...

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