Estava na hora de acertar as contas Ícaro.
Alberto dirigia como um louco, o motor do carro rugindo como sua própria fúria. O sangue pulsava em suas têmporas, a respiração acelerada e o gosto metálico da raiva na boca. Não havia tempo para pensar, para ponderar. Ícaro, o seu irmão precisava pagar pelo que fez.
Ele subiu sem avisar, marchando como um predador para o apartamento de Vitório, seu irmão mais velho. A governanta sequer teve tempo de anunciá-lo antes que ele arrombasse a porta do escritório com um estrondo.
Vitório e Ícaro se voltaram abruptamente, interrompendo a análise dos novos projetos para Dallas. O queixo de Ícaro sequer teve tempo de registrar a surpresa antes de receber o primeiro soco. O estalo seco do impacto ecoou pela sala, seguido de um grunhido de dor.
Ícaro cambaleou, mas reagiu rápido. Com um golpe certeiro no estômago, fez Alberto dobrar o corpo para frente. Mas a fúria de Alberto era descomunal. Ele se lançou sobre o irmão, socando-lhe o rosto, costelas, ombros, qualquer parte do corpo que estivesse ao alcance. Ícaro revidava com força equivalente, seus punhos acertando com violência o maxilar e o abdômen de Alberto.
Vitório levantou-se num rompante, tentando intervir, mas foi empurrado para o lado quando os irmãos derrubaram uma cadeira no calor da luta. O escritório se transformou em um campo de batalha.
— Que porrah está acontecendo?! — Vitório berrou, agarrando Ícaro pelo ombro, mas este se desvencilhou com brutalidade.
— Eu vou te matar, seu desgraçado! — Alberto rugiu, cuspindo sangue. — Você destruiu tudo!
— Assume as suas merdas, Alberto! — Ícaro retrucou, limpando o canto da boca ensanguentada.
— Você queria esconder sua vida dupla da Samanta? Que você tem uma submissa? Que é um dos donos da Masmorra? Acha mesmo que isso ia durar pra sempre?
— Você não sabe de nada, seu idiota! — Alberto avançou outra vez, mas Vitório se meteu entre eles, segurando os dois pelos colarinhos com força. — Nunca mais se meta na porra da minha vida!
— Se você não fosse um covarde de merda, teria resolvido isso antes! — Ícaro cuspiu, tentando se soltar. — Eu fiz o que deveria ter sido feito!
Alberto rosnou como um animal, e Vitório teve que usar toda sua força para segurá-lo. Mas o que veio a seguir congelou o ar na sala.
— Não conte mais comigo para essa merda de clube. — Alberto cuspiu, ajeitando a camisa rasgada. — A partir de agora, vai ter que comparecer a todas as reuniões e apresentações de sócios como todos nós. Vamos ver como vai explicar isso para a sua mulher.
Um sorriso sarcástico se formou nos lábios ensanguentados de Ícaro.
— A diferença entre nós é que Amélia sabe exatamente quem eu sou. Não escondo nada dela. — Ele estreitou os olhos. — Mas, já que isso virou um problema, eu tô fora. Acabou. Estou saindo da sociedade.
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