A tempestade havia se instalado sobre a mansão, com trovões ressoando à distância e rajadas de vento sacudindo as janelas. Carttal permanecia em silêncio ao lado de Aslin, sentindo o peso da noite sobre os ombros. Mas a tranquilidade durou pouco.
Uma batida apressada na porta rompeu o momento. Ethan entrou sem esperar permissão, o rosto pálido e a respiração ofegante.
— Carttal... temos um problema.
Carttal se levantou imediatamente, os músculos se retesando.
— O que houve?
Ethan engoliu em seco antes de responder.
— Sibil escapou.
O ar ficou denso num instante. Aslin levou a mão à boca, os olhos refletindo o mesmo horror que Carttal sentia por dentro.
— Como? — a voz de Carttal saiu afiada como uma lâmina.
Ethan balançou a cabeça.
— Não sabemos ao certo. A cela estava intacta, os guardas não viram nada fora do comum… mas quando fomos verificar há uma hora, ela tinha sumido. Como se nunca tivesse estado lá.
Carttal fechou os olhos por um instante, contendo um palavrão. Aquilo não era uma simples fuga. Não se tratando de Sibil.
— E as câmeras?
— Inúteis. Todo o sistema de segurança sofreu uma interferência logo antes do desaparecimento. O único que temos é um fragmento borrado das gravações antes do sinal cair.
Ethan lhe estendeu um tablet. Carttal o pegou e pressionou “Reproduzir”. A imagem tremulou, mostrando a cela de Sibil: um quarto blindado, sem janelas, com apenas uma cama e uma mesa metálica. Ela estava sentada num canto, imóvel, com a cabeça baixa. De repente, a imagem se distorceu com estática. Quando voltou… a cela estava vazia.
Carttal cerrou os dentes.
— Isso não é uma fuga comum.
— Não — concordou Ethan. — Isso é algo além. Algo que ainda não entendemos.
Aslin abraçou o próprio ventre com ambas as mãos.
— Se Sibil está solta... ela vai nos procurar. Você sabe disso, Carttal.
Ele a olhou e assentiu, sério.
— Eu sei.
O vento rugiu mais forte lá fora, como se o próprio universo quisesse alertar que algo sombrio se aproximava.
Carttal largou o tablet sobre a mesa e se virou para Ethan.
— Quero toda a equipe em alerta. Ninguém entra ou sai sem minha autorização. E revise quem esteve perto da cela antes da interferência. Se houve traição interna, eu quero saber.
Ethan assentiu e saiu da sala rapidamente.
Carttal soltou o ar devagar, tentando conter o turbilhão de pensamentos em sua mente.
Sibil não era apenas uma ameaça. Era um fantasma do passado que nunca deveria ter sido libertado.
E agora, estava solta.
E vinha atrás deles.
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Carttal se levantou de súbito e saiu do escritório com passos firmes.
— Ethan! — chamou enquanto descia as escadas.
Ethan apareceu quase de imediato, como se estivesse esperando que algo acontecesse.
— O que foi?
Carttal lhe mostrou o tablet. Ethan o pegou, leu a mensagem e soltou um suspiro.
— Droga...
— Não temos tempo para xingamentos. Se Sibil consegue me contactar, significa que tem acesso às redes seguras. Significa que está nos observando.
Ethan assentiu e começou a digitar em seu próprio dispositivo.
— Vou revisar todas as conexões criptografadas. Se houver uma brecha, eu vou encontrar.
Carttal olhou ao redor, como se esperasse ver sombras se movendo pelos cantos da mansão.
Mais perto do que você imagina.
Seu instinto gritava que aquilo não era apenas uma ameaça. Era um aviso.
Sibil já estava dentro.
Ou pior ainda…
Nunca tinha saído.

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