Carttal sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. A sensação de estar sendo observado ficava mais forte a cada segundo que passava. Apressou o passo até o quarto onde Aslin dormia.
Abriu a porta com cautela e seu olhar percorreu o ambiente. Aslin estava encolhida na cama, respirando tranquilamente. Aparentemente, tudo estava em ordem. Mas Carttal não confiava nas aparências. Fechou a porta atrás de si e se aproximou da janela. Puxou um pouco a cortina e observou a escuridão lá fora. Nada. Apenas o reflexo da tempestade nos vidros e o sussurro do vento.
Pegou sua arma da mesa de cabeceira e sentou-se em uma cadeira ao lado da cama. Não dormiria naquela noite.
Horas depois, quando a tempestade parecia ter se acalmado, um ruído o colocou em alerta. Um leve rangido no corredor. Carttal levantou-se em silêncio e caminhou até a porta. Abriu com cautela e espiou. Nada. Apenas sombras dançando sob a tênue luz do corredor.
Mas então, ele sentiu.
Uma presença.
Um instante depois, a janela do quarto explodiu em mil pedaços. Aslin acordou com um grito abafado, exatamente quando Carttal se virou com a arma em punho.
Um homem entrou no quarto pelo vitrô estilhaçado, movendo-se com a agilidade de uma sombra. Vestia-se todo de preto, o rosto coberto por uma máscara. Mas os olhos… frios, calculistas, fixos em Carttal.
— Eu te avisei que estávamos perto — sussurrou o invasor.
Carttal atirou. O homem se moveu com uma rapidez desumana, desviando da bala e lançando-se sobre ele. Carttal mal teve tempo de reagir antes de sentir um soco atingir seu abdômen. O golpe o fez recuar, mas não caiu. Se estabilizou e contra-atacou, desferindo um direto no rosto do invasor.
O golpe acertou em cheio, mas o homem mal se mexeu.
— Quem é você? — rosnou Carttal.
— Alguém que veio buscar o que lhe pertence — respondeu o desconhecido.
Carttal sentiu o sangue gelar nas veias.
— Sibil te enviou?
O homem sorriu sob a máscara.
— O que você acha?
Nesse momento, o chão rangeu atrás dele. Carttal girou num impulso desesperado para proteger Aslin, mas já era tarde demais.
Um segundo atacante surgiu do nada, agarrando Aslin por trás e colocando uma faca em sua garganta.
— Nem mais um movimento — advertiu.
Os olhos de Aslin estavam cheios de terror. Carttal sentiu a fúria queimar por dentro.
— Solta ela — ordenou, a voz afiada como uma lâmina.
O homem da máscara inclinou a cabeça.
— Não tão rápido. Primeiro, temos uma mensagem de Sibil para você.
Carttal cerrou os dentes.
— Qual é a mensagem?
— Carttal! O que diabos aconteceu?
— Levaram ela... — disse com dificuldade — Aslin… Sibil está com ela.
Um silêncio carregado de fúria se formou antes que Ethan falasse de novo.
— Me dê a última localização. Vamos encontrá-los.
Carttal se apoiou na parede, forçando-se a levantar. Suas pernas tremiam, mas ele não caiu.
— Vou atrás deles.
— Não seja idiota! Você está ferido.
— Não me importa.
Cerrando os dentes, sentiu o sangue empapar seu lado. Não havia tempo a perder.
Sibil cometeu um erro ao não se certificar de que ele estava morto.
Porque agora, ele ia recuperá-la.
E faria o inferno arder, se fosse preciso.

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