O estrondo dos tiros se intensificou, seguido por gritos de dor e ordens gritadas em vão. O caos se espalhou pelo complexo como uma tempestade descontrolada, e Aslin sentiu seu pulso acelerar. Suas amarras a mantinham presa, mas a confusão ao seu redor era sua única chance.
O doutor franziu o cenho e recuou um passo, como se calculasse se valia a pena continuar ou se seria mais prudente recuar. Os guardas trocaram olhares tensos. Um deles se aproximou da porta com a arma em punho, preparado para qualquer ameaça. Foi nesse momento que uma explosão sacudiu o edifício.
O impacto fez as paredes tremerem e lançou destroços ao chão. Uma nuvem de fumaça e poeira invadiu o ambiente, cegando a todos momentaneamente. Aproveitando a distração, Aslin se impulsionou com toda a força e puxou as correntes. O metal rangeu contra o cano ao qual estava presa, até que a pressão rompeu o encaixe. Ela caiu de joelhos, com os pulsos doloridos e a respiração entrecortada.
O doutor reagiu na hora.
— Peguem-na! — gritou.
Os guardas se viraram para ela, mas Aslin já se movia. Com o corpo dormente, cambaleou até a porta aberta e se lançou pelo corredor. Os sons da batalha ainda rugiam ao seu redor, mas ela não se deteve para pensar no que estava acontecendo. Apenas correu.
O ar cheirava a pólvora e sangue. Passou por corpos no chão, alguns com as roupas encharcadas de vermelho. Não reconhecia os rostos, mas também não tinha tempo para se deter. O eco de passos atrás dela indicava que estava sendo perseguida. Sua única opção era seguir em frente.
Alarmes soavam de forma estridente enquanto ela dobrava por um corredor estreito e encontrava uma porta entreaberta que levava ao exterior. Do lado de fora, a tempestade rugia sobre a montanha, as árvores se agitavam violentamente sob o céu noturno. Não pensou duas vezes. Lançou-se para fora do prédio e seus pés tocaram a terra molhada.
O ar frio golpeou seu rosto. A floresta se estendia à sua frente, escura e ameaçadora, mas era sua única saída. Ela se enfiou entre as árvores, a lama grudando em seus pés descalços enquanto sua respiração se tornava errática. Os trovões retumbavam à distância, acompanhados pelos gritos e tiros que ainda ecoavam no complexo.
Ela não sabia por quanto tempo correu. A dor nas costelas e o peso da barriga a obrigaram a diminuir o ritmo. Seu corpo estava no limite, mas o medo a impulsionava.
Então ela os ouviu.
— Por aqui! Ela deve estar perto! — A voz de um dos guardas cortou o silêncio da chuva.
Aslin se agachou atrás de um tronco caído, cobrindo a boca para conter a respiração ofegante. As lanternas varriam a floresta, buscando qualquer sinal de sua fuga. Se a encontrassem, tudo teria sido em vão.
Ela se arrastou na escuridão, sentindo cada galho se partir sob suas mãos trêmulas. Seus olhos procuravam desesperadamente um esconderijo, algum lugar onde pudesse se ocultar. Foi então que viu: a entrada escura de uma caverna, escondida entre a vegetação e a rocha molhada.
Não tinha escolha. Com as últimas forças que restavam, arrastou-se para dentro, sentindo a pedra fria contra a pele. A escuridão a envolveu, e ela se pressionou contra a parede, rezando para não ser vista.
Os passos se aproximaram. As luzes passaram direto, iluminando o chão lamacento.
— Vasculhem bem! Ela não pode ter ido muito longe.
Aslin prendeu a respiração.
Os passos vacilaram, mas no fim, se afastaram. Ela permaneceu na escuridão, tremendo, com o coração martelando no peito.
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