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A noiva rejeitada romance Capítulo 94

O ar na caverna tornou-se mais denso, como se a própria escuridão estivesse prendendo a respiração. Aslin permaneceu imóvel, seu corpo ainda tremendo pelo esforço e pelo frio. Seu instinto gritava para que recuasse, para que buscasse outro caminho, mas sua razão lhe dizia que lá fora a esperavam homens que não hesitariam em levá-la de volta àquele inferno.

Com os olhos bem abertos na penumbra, tentou distinguir mais detalhes da caverna. Abaixou-se e deslizou a mão pelo chão úmido, sentindo o contorno dos ossos. Eram frágeis, secos, pequenos demais para serem humanos. Animais, provavelmente. Mas as marcas na pedra… essas eram diferentes.

Obrigou-se a respirar devagar, a não se deixar dominar pelo pânico. Se alguém já havia estado ali antes, talvez essa pessoa tivesse encontrado uma saída. E ela precisava fazer o mesmo.

Avançou com cautela, deixando que seus dedos percorressem a parede rochosa em busca de alguma fenda, algum indício de um túnel mais profundo ou de uma fresta de luz que indicasse uma saída. Cada passo a tornava mais consciente do eco de sua própria respiração e do som distante da água pingando na escuridão.

Então, ela ouviu.

Um sussurro.

Parou imediatamente, o coração martelando nos ouvidos. Prendeu a respiração e forçou os ouvidos. Não eram os guardas. Não era o vento. Era algo mais… algo dentro da caverna.

Um estalido sutil, como se algo ou alguém se movesse entre as sombras.

Aslin engoliu em seco e, sem fazer barulho, deu um passo para trás.

Mas antes que pudesse reagir, sentiu o toque de um tecido contra seu braço.

O pânico a dominou. Girou nos calcanhares, pronta para correr, mas uma mão se fechou sobre seu pulso, detendo-a.

— Não grite — sussurrou uma voz áspera na escuridão.

Aslin sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. Não conseguia ver o rosto da pessoa, apenas a silhueta encurvada ao seu lado. O aperto em seu pulso não era violento, mas firme.

— Quem é você? — sussurrou, tentando controlar o tremor na voz.

O estranho demorou um momento para responder. Depois, com um tom baixo e grave, disse:

— Alguém que também quer sair daqui.

Aslin prendeu a respiração. A silhueta diante dela era pouco mais que uma sombra na penumbra, mas a firmeza do aperto a mantinha ancorada no presente.

— Como posso saber que você não é um deles? — perguntou, num sussurro.

— Porque, se eu fosse, você já estaria de volta com eles — respondeu o estranho.

Seu tom era seco, mas não ameaçador. Aslin forçou-se a se acalmar. Não tinha muitas opções e, se aquela pessoa também estava fugindo, talvez pudesse ajudá-la.

— Vou por outro caminho — respondeu ele.

Algo no tom dele dizia a Aslin que havia coisas que não estava lhe contando, mas ela não tinha tempo para questionar.

— Obrigada — disse, antes de se virar para o túnel.

O homem a observou por um momento antes de murmurar:

— Boa sorte.

Aslin não respondeu. Entrou no estreito corredor e começou a se arrastar pela pedra fria. Seu corpo doía, cada músculo gritava pelo esforço, mas ela se obrigou a continuar.

O ar ficou mais úmido, e logo ela ouviu o som da água correndo. Quando finalmente emergiu do túnel, viu o rio subterrâneo à sua frente. A correnteza era forte, mas ela não tinha outra escolha.

Inspirou fundo e se lançou na água.

O frio atingiu seu corpo como uma lâmina. Afundou por um instante antes de emergir à superfície, ofegante. A corrente a arrastou imediatamente, e Aslin só pôde se agarrar à esperança de que o rio realmente a levaria para a liberdade.

Porque ela não podia se permitir cair nas mãos deles novamente.

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