A vizinha do CEO romance Capítulo 10

João Vicente procurava sentir a água fria passar pelo seu corpo e pensar em algo que não tivesse nada a ver com ela, com o fato dela ser maravilhosa e o detalhe que os dois estavam totalmente sozinhos. Pensou na empresa, em todos os seus problemas, no pai, na mulher do pai e pronto, foi o suficiente para o carinha lá de baixo se acalmar. Ele conseguiu finalmente sair de onde estava e ir nadar com ela. Aquilo não podia estar acontecendo, todo sentido daquele plano idiota era ajudá-la, e não a levar para cama. Uma mulher sozinha, fragilizada e sem memória. Que tipo de cretino ele seria se tentasse tirar vantagem disso? Isso era abominável até para o seu antigo eu, que não ligava muito para as outras pessoas.

Percebeu que daquele momento em diante, ia ser difícil se controlar perto dela. Alguma coisa havia terminado de despertar, não conseguiria apagar da mente aquele corpo e a mulher extremamente interessante que ela era.

Nadaram por um bom tempo, até que decidiram sair para comer algo. Sentados nas esteiras, aproveitaram tudo que ela havia preparado. Era tudo bem simples, mas estava ótimo. Ele terminou e se deitou em um canto da esteira, admirando o céu azul livre de poluição, tão diferente do da cidade.

— Olha, eu preciso dizer, que eu nunca fiz nada assim na minha vida. Aproveitar um dia assim, em um lugar como esse, sem problemas, sem estresse. Só nós e esse lugar.

Ela guardou os potes de comida e se juntou a ele, deitando a seu lado.

— Então aproveita. Porque nem sempre teremos essas chances, a vida não é um morango!

— Como assim? — Ele se virou para encará-la com curiosidade e escorou a cabeça no antebraço.

— Ué, as pessoas costumam dizer que a vida não é um morango. Eu acho ainda que, na verdade, ela é um abacaxi, pois você tem que descascar, deixar descansar no açúcar e ainda assim se comer vai cortar a boca.

— Eu não sei como é possível, algumas vezes você é inacreditavelmente otimista, outras e tão pessimista que chega a soar cínica. Tem certeza de que não é bipolar?

— O que eu posso dizer, às vezes eu sou triste e às vezes feliz. Bastante realista e raramente iludida. Talvez seja como dizem, me ame ou me deixe.

Ele deitou-se sobre as costas novamente e respondeu.

— Para tomar essa decisão eu preciso saber mais. Ainda não cheguei suficientemente ao fundo do seu ser. — Ela riu do comentário que poderia ter um duplo sentido e resolveu gracejar.

— Para chegar tão, no fundo, assim, primeiro você tem que me pagar um jantar.

Ele se virou novamente e a encarou, incrédulo com o que ouviu.

—Desculpe, mas você sabe que eu tenho dificuldade em me controlar quando deixam a bola quicando. É mais forte que eu.

— Eu não sei. Mas estou começando a pensar que como dizia aquela música que você escutou umas cinco vezes na vinda para cá, eu estou achando que você me ama, “que você me adora, que me acha f*”. E só não está encontrando uma forma de me dizer diretamente.

Ela riu alto com o comentário dele.

— João, quem é que colou em mim como um psicopata? Se existe alguém aqui interessado em algo, esse alguém deve ser você.

Ele refletiu por um momento, antes de responder.

— Interessado em algo, eu estou mesmo, mas não necessariamente com você. Não se preocupe, não se encontra em perigo comigo. —quis deixar claro. —Nossa, já faz muito tempo, se é que você me entende.

Céu corou um pouco com seu súbito desabafo. Escutar dele que não se sentia em nada atraído por ela, foi um pouco decepcionante. Tentou disfarçar o mal-estar. Se sentou na esteira e começou a juntar as coisas.

— Acho melhor a gente ir, se não vamos pegar muita noite na estrada.

— Ok, mas está tudo bem? Ficou chateada com algo que eu disse?

— Deixa de ser ridículo, é claro que não. Eu só lembrei que estamos muito longe de casa.

Eles juntaram tudo e foram em direção ao carro. Durante o caminho de volta, Céu quase não falou nada. João tentou várias vezes puxar assunto, mas ela apenas respondia o que era perguntado. Se as coisas tinham tomado aquele rumo, a culpa era dela, não deveria ficar fazendo aquele tipo de brincadeira. Sentia-se tão à vontade ao lado dele que não filtrava nada, simplesmente era ela mesma. Juntando isso com o fato de estar se sentindo cada vez mais atraída, era receita certa para seguir ficando desapontada.

Ao chegarem, ele parou o carro na frente da casa dela. Ela foi abrir a porta para descer, mas ele a impediu.

— Espera Céu. Não vai ainda. É obvio que não está tudo bem, você quase não falou nada o caminho inteiro. Me fala o que aconteceu, por que ficou assim?

— Eu não sei João. Talvez eu realmente sofra de bipolaridade.

— Não me vem com essa. Você estava bem, foi alguma coisa que eu disse? Aquilo sobre eu estar um pouco carente? — Ela pensou por uns segundos antes de responder.

— O problema não é você, sou eu.

— Ah, Céu, pelo amor de Deus, essa desculpa é mais velha que a minha avó.

Ela sorriu, pois não tinha a intenção de soar como uma frase feita. Simplesmente foi como saiu o que estava pensando.

— Mas é a verdade! Eu estou me sentindo muito confusa. Eu acho que estamos passando muito tempo juntos.

— Eu ainda não entendi o que quer dizer com isso. Você não quer mais me ver, é isso?

— João, eu acho que esse não é um assunto para gente falar na frente de casa.

— Então vamos entrar na sua casa!

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