A vizinha do CEO romance Capítulo 8

Sem entender exatamente como uma simples conversa havia se tornado uma discussão. Céu foi apagar as luzes e escovar os dentes para se deitar. Já em sua cama, seguia confusa sobre o que acontecera. Não tinha a intenção de chegar tão longe. Talvez realmente o tenha ofendido falando sobre o seu gosto para mulheres. Tinha que ser justa, não o conhecia bem, não sabia nada sobre esse aspecto de sua vida. Havia feito um julgamento apenas baseado no que via.

Ele era um homem muito atraente, interessante e charmoso, por isso julgou que ele fosse superficial. Uma atitude bem preconceituosa de sua parte.

A verdade é que ele nunca deu motivos para que ela o julgasse assim, muito pelo contrário, só tinha coisas boas a dizer de sua pessoa, não media esforços para ajudá-la. Talvez ela o tenha atacado por estar insegura, com alguma crise de autoestima. Quando ele sugeriu que ela era uma mulher como outra qualquer, ficou na defensiva para deixar claro que ela não ousaria se colocar como uma opção, pois sabia que ele não a via dessa forma.

Mas a dúvida que ficara era, por que isso a afetou tanto? Por que ficou tão na defensiva com a possibilidade de ser ou não ser uma mulher que ele se sentiria atraído? Não era ele para ela apenas um amigo muito solícito? Definitivamente esse não era um comportamento usual dela, se sentir tão insegura assim!

Talvez toda a ajuda e atenção que ele estava lhe dando estivessem afetando a sua mente. Estavam passando muito tempo juntos também. Não podia esquecer que estava se recuperando de um acidente muito grave, em que ficara em coma e quase morreu. Essas coisas mexiam com o psicológico.

Um homem maravilhoso, moreno, alto e forte, era uma tentação muito grande, mas o seu cérebro ainda dominava o seu corpo, e não suas partes íntimas. Independente da causa, o fato era que fora injusta com ele. O certo seria pedir desculpas, talvez fazer algo para compensar e em retribuição por tudo que ele vinha fazendo por ela. Começaria pedindo desculpas, de alguma forma original, que tivesse a cara dela, a fim de quebrar o gelo. E depois podia levar ele para algum lugar legal, que de preferência ele ainda não tivesse ido. Será que ele conhecia a Cachoeira Paraíso?

Era um dos pontos turísticos de natureza mais próximos e ainda assim, ficava a umas duas horas de distância. Ia muito lá quando era criança, mas depois do falecimento dos pais, nunca mais fora. Não passava ônibus perto, mas poderiam ir com o carro dele, passar o dia e fazer um piquenique. Durante a semana não deveria haver muito movimento. Decidiu ser isso mesmo que faria. Agora precisava dormir, para colocar os planos em prática cedo pela manhã. Tomara que a ansiedade deixasse, e que ele não tivesse nenhum compromisso.

No dia seguinte tocaram a campainha do João Vicente cedo. Não eram ainda 9:00 horas quando ele atendeu a porta. Ao abrir não havia ninguém, apenas um envelope no chão. O pegou e abriu, não pode conter um sorriso da audácia daquela mulher. Dentro havia uma imagem de um gatinho branco com um balão de fala escrito: Não quero ficar de mal com você, então me peça desculpas.

Ele olhou em volta e não havia ninguém, mas sabia exatamente de quem se tratava. Entrou outra vez e fechou a porta. Não podia ser real, ela havia se referido a ele como fútil e superficial, e depois ainda mandava aquele bilhete. No meio das suas ponderações a campainha tocou novamente. Dessa vez, ele correu para atender, outra vez não havia ninguém, apenas outro envelope. Abriu este, e dessa vez a imagem era outro personagem de desenho animado, um dos pinguins de “Madagascar” e dizia: Sou uma pessoa maravilhosa, a loucura vem de brinde.

Pelo menos a atitude estava ficando menos ofensiva. Entrou e fechou a porta. Quando estava passando um café na máquina ouviu a campainha de novo, dessa vez não correu, porque sabia que não a encontraria, ela era uma mulher bem rápida para a estatura que possuía. Essa agora era uma imagem do “Gato de Botas”, naquela cena que ele segura o chapéu nas mãos e faz cara de suplicante. Estava escrito em caixa alta: DESCULPE, VAI, PRECISO APENAS DE UMA OPORTUNIDADE PARA ME REDIMIR. SE CONCORDAR ME MANDA UM ZAP. NUNCA MAIS VOU TER CORAGEM DE TE CHAMAR.

Muito dramático, ele pensou. A fim de resolver logo isso, pegou o telefone e digitou um oi. Deveria ter esperado mais, para fazê-la sofrer por antecipação, mas hoje não estava a fim de fazer jogos. Fora dormir bem chateado com a briga. A sensação de não saber como seria o dia seguinte havia sido incômoda. Ela visualizou em seguida, mas ficou por um tempo digitando, como se estivesse em dúvida sobre o que iria falar.

Ao final perguntou apenas:

Tem planos para hoje?

Nada demais. Ele respondeu.

Então vem comigo para um lugar, prometo que vai valer à pena. Fique pronto em uma hora. Vista roupas leves, e leve uma muda extra.

Mesmo curioso, respondeu apenas com um ok. Tomou o café, e foi arrumar uma bolsa para levar.

Céu havia acordado cedo para preparar tudo, imprimir os bilhetes e preparar um lanche para a viagem. Se saíssem às 10:00 horas chegariam lá ao meio-dia, assim teriam a tarde toda para aproveitar.

Montou uma bolsa com o que havia preparado, e outra com uma muda de roupa, protetor solar, repelente e toalhas. Não tinha nenhum biquíni, então pegou um top de ginástica e um short. Se fizesse muito Sol a marquinha disso ia ficar um charme, pensou ela. Se bem que o Sol da tarde apenas não poderia fazer um grande estrago.

João buzinou pontualmente em frente à sua casa. Ela saiu, entrou no carro e se sentou no banco do carona. Ainda se sentia meio envergonhada pelo seu comportamento.

— Oi!

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: A vizinha do CEO