Alfa, você me ama? romance Capítulo 5

Um amargor cresceu dentro de mim. Claro que ele não quis dizer isso. Eu sabia que não era verdade, claro, mas ontem à noite, o pensamento de que alguém pelo menos acreditava que precisava de mim…

Mas ao acordar, ele voltou a si. Ele sabia.

“Não fui eu quem te salvou há nove anos”, eu disse.

E tarde demais, percebi meu erro.

“(Quando contei a ela sobre isso? Justin disse algo para ela?)”

Oh, não. Estava tudo bem. Ele apenas mencionou sobre os “nove anos” — ele nunca disse nada em voz alta sobre ser salvo. Corri para cobrir meus rastros.

“Você falou isso enquanto dormia,” eu continuei. “E se você pensa que eu sou…”

Mas ele apenas sorriu. “Eu normalmente não falo dormindo. Eu realmente devo ter dormido bem na noite passada.”

Fiquei em silêncio, mas ele empurrou a conversa para frente.

“Você deixou Big Lake há nove anos?” ele perguntou.

“Não. Eu estive com eles durante toda a minha vida.”

“Quero saber se você já esteve na floresta, fora dos limites do território.”

Eu estava prestes a negar quando de repente me lembrei de ter me perdido na floresta há muito tempo. Então, sim, eu estive lá, mas nada aconteceu. Voltei para casa e foi isso.

Mas Vinícius interpretou mal minha expressão. “Você se lembra.”

“Não — eu já estive lá antes. Mas eu nunca vi você.”

“Faz muito tempo. Você se esqueceu.”

“(Lembro-me do seu gosto… tão doce.)”

Eu não pude deixar de corar.

Eu sempre pensei que ter o poder de ouvir os pensamentos dos outros significava que eu estava sempre no controle das minhas reações. Eu sabia tudo o que eles tentavam esconder, afinal, mesmo que eles escondessem sua verdadeira natureza de mim, eu estava sempre pronta quando eles revelavam suas verdadeiras intenções.

Fiquei paralisada. Eu não poderia lidar com o Alfa Vinícius da mesma forma que eu lidava com os outros. A maneira intensa com a qual ele me fitava era uma questão à parte, mas mesmo escutando seus pensamentos, eu não conseguia entender o que ele queria de mim.

Memórias vagas ecoaram em sua mente, diferentes dos pensamentos ativos. Ele estava se lembrando de algo que aconteceu há muito tempo…

Dor. Medo. A memória dele implorando por ajuda. Eu não conseguia compreender completamente aquilo, mas a memória foi tão intensa que até mesmo eu fui capaz de escutá-la.

E então — alívio. A sensação de alguém o tocando. Uma voz baixinha, tão leve que mal pude ouvir:

“(Você está bem?)”

A voz de um jovem Vinícius:

“(Quem é você?)”

Mas a voz nunca se identificou.

Com o olhar de Vinícius ainda fixo sobre mim, eu compreendi. Aquela voz desconhecida, ele acreditava que fosse eu. Mas isso era apenas mais uma prova de que a pessoa naquela memória não era eu.

E talvez eu quisesse que fosse, porque quando finalmente cai na real, uma onda de decepção me inundou.

Eu precisava ficar longe dele.

“Vou tomar um banho,” eu disse, e deslizei para fora da cama.

***

Ele me levou para tomar café da manhã. A sala de jantar da noite anterior parecia completamente diferente na companhia dele. Não sei se era pelo fato de sermos os únicos ali ou se sua presença era tão marcante que transmitia essa sensação. Especialmente quando ele fez um gesto para que eu me sentasse ao seu lado.

Olhei para as portas, onde do lado de fora, a equipe aguardava para realizar a limpeza após a nossa refeição. Um desconforto embrulhou meu estômago.

“Devo me familiarizar com o resto da equipe?” Perguntei. “Pensei que faria isso ontem à noite, mas…”

“Não. Você não precisa se familiarizar com eles mais do que eu.”

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