Alfa, você me ama? romance Capítulo 6

Bloquear os pensamentos dos alunos ao meu redor durante a primeira aula se mostrou um desafio. Não estava habituada a estar cercada por tantas pessoas ao mesmo tempo. No entanto, por estar sentada na primeira fileira, aqueles ao meu redor estavam concentrados na palestra do professor. Quando me dei conta, a aula estava chegando ao fim, então comecei a juntar os cadernos e pastas que o orientador havia me entregado anteriormente.

Enquanto saía, notei que o professor me observava. Ele foi a primeira pessoa que conheci até então que não havia pensado sobre o fato de eu ser a companheira do Alfa. Só por isso, decidi que gostava dele.

A próxima aula ainda demoraria uma hora para começar. Isso me deu tempo para comer alguma coisa no refeitório. Enquanto esperava na fila, peguei minha carteira de estudante.

O orientador me informou que o cartão estava preenchido com créditos para refeições. Isso significava que eu tinha liberdade para escolher o que comer e quando comer.

Eu mal podia acreditar. A qualquer momento, eles poderiam simplesmente dizer que foi um erro e me enviar de volta para a matilha Big Lake.

Deixei escapar um longo suspiro enquanto a mulher escaneava meu cartão e fazia um gesto para que eu passasse.

Eu estava dentro. Eu deveria estar aqui. Ninguém iria me parar.

Eu estava pasma, minhas pernas tremiam, achei que iria cair ali mesmo, só consegui colocar algumas coisas no prato antes de escolher uma mesa. Assim que me sentei, alguém se aproximou, puxando a cadeira à minha esquerda sem convite. Duas pessoas, na verdade, um casal. A jovem sorria para mim enquanto colocava seu prato na mesa.

“Oi! Meu nome é Felipe! Sim, eu sei que é um nome de homem, mas você ouviu certo. Apenas me chame de Felipe. Você é a novata híbrida, certo?”

Eu ainda estava tentando processar como ela havia decidido se sentar ao lado de uma mestiça por conta própria.

Nem todo mundo nos odiava como em Big Lake, mas como eu ainda tinha sangue humano, nenhuma matilha nos recebia de braços abertos. Ela não parava de falar enquanto me arrastava para uma conversa com ela e seu amigo Neil, fofocando sobre a matilha Deep Tree.

De alguma forma, consegui deduzir rapidamente da conversa que existiam quatro famílias importantes dentro da matilha Deep Tree. A maior delas era a família Sampson, responsáveis pelo império comercial e conexões diretas com diversas outras matilhas poderosas. O apoio deles havia sido fundamental para consolidar Vinícius como o novo Alfa há algum tempo. As outras três famílias eram os Nathaniel, os Lambert e os Mantel.

“Você teve sorte de ser a companheira do Alfa Vinícius,” Felipe me disse enquanto comia.

“Você vai ser a Luna de uma matilha extremamente influente em todas as áreas, entretenimento, imóveis, tudo…”

Coloquei o garfo no prato, sem apetite. “Por que você acha que eu sou a companheira dele?”

“Não é óbvio? Ele está com quase vinte anos. Ele tem procurado sua predestinada por eras. E agora, pela primeira vez, ele retornou com você.”

Certo. Estou quase convencida.

No final da tarde, Justin me acompanhou de volta à mansão. Após me lançar uma piscadela, ele me instruiu a verificar no meu quarto o 'kit de precaução' que ele havia preparado. Eu não entendi o que aquilo possivelmente queria dizer até que uma das empregadas me conduziu até o meu novo quarto, que ficava ao lado da suíte do Alfa Vinícius. Em cima de uma mesa redonda, vi um laptop novinho em folha, um maço generoso de dinheiro, cartões bancários e a chave de um carro.

Por um longo momento, permaneci em estado de choque. Até ontem, eu estava escovando o cabelo de Lilian enquanto ouvia seu discurso sobre o lixo que eu era, como acontecia todos os dias.

Além disso, hoje era meu segundo dia no campus, comecei a reconhecer diversos rostos durante as aulas, e vice-versa. Eles eram muito mais amigáveis do que as pessoas da minha escola anterior, após um tempo sendo cautelosa, eu comecei a me sentir mais a vontade com eles e então nos apresentamos um para os outros.

No entanto, algumas pessoas não me aceitaram bem. A principal delas era Cecilia, que teve o azar de ter que se sentar ao meu lado em duas das minhas aulas. Eu me perguntava por que ela simplesmente não escolhia outro lugar, já que ela detestava tanto estar perto de mim. De qualquer forma, achei fácil ignorar seus pensamentos ruidosos e ciumentos por eu ser tão próxima ao Alfa Vinícius.

O alívio veio quando Felipe e eu almoçamos juntas, e ela tinha tanto assunto para fofocar que me induziu (embora eu estivesse mais do que disposta, para ser honesta) a um jantar também.

“Você se lembra de eu ter te contado sobre a família Sampson ontem, certo?” ela disse enquanto comia a salada. “Minha formação é em psicologia, mas tenho algumas aulas perto do prédio de Economia, então vejo muito o filho mais novo dos Sampson. O nome dele é Noelle e ele é provavelmente o único homem mais gato do que o Alfa Vinícius, embora alguns discordem. Eu diria que é uma disputa acirrada. Mas de qualquer jeito, não caia nessa. Ele é um super mulherengo. Mas cara… ele é gostoso.”

Ao lado dela, Neil lançou-lhe um olhar de desconforto. Eu ri enquanto observava os dois trocando brincadeiras e piadinhas.

Era por isso que os lobisomens eram tão obcecados não só com famílias, mas também com laços, não apenas de companheiros. Esse senso de amizade e comunidade era o que eles realmente queriam e, pela primeira vez, eu esqueci que eu não fazia parte daquele mundo.

Todos precisávamos ir para casa em algum momento. Embora Felipe e Neil estivessem animados para permanecer no refeitório até a hora de fechar, eu tinha que me preocupar em juntar minhas coisas para retornar à mansão antes que ficasse tarde. Só porque eles não tinham me dado um toque de recolher não significava que estava livre para fazer o que quisesse. No momento em que eu pisasse em algum calo invisível, já seria tarde demais.

Eu estava no estacionamento, procurando minha chave na mochila quando uma voz arrogante me interrompeu:

“Então você é Layla.”