"Por que demorou tanto?", minha amiga, Charlotte, perguntou.
"Uma palavra: Logan."
Charlotte revirou os olhos.
"Sendo o idiota de sempre?"
"Não acredito que você tenha ganhado uma detenção por causa dele", disse Abi, nossa outra amiga.
"Eu sei, e ainda tenho que fazer essa maldito trabalho", eu gemi.
"Mais duas horas de tarefa para fazer hoje à noite. Já vi que sete horas de aula no dia não são suficientes", Abi lamentou, olhando para a folha do trabalho enquanto cuspia um cacho de cabelo de sua boca.
"Faz isso no computador e deixa a fonte enorme", respondeu Charlotte, com seu tom otimista de sempre.
Abi riu. "Conhecendo Sr. Greggory, se você não seguir a regra de tamanho da fonte 12, ele vai mandar você refazer três vezes."
"Nada além de fatos", eu disse com um suspiro.
Abi e Charlotte eram minhas duas únicas amigas de verdade. Quando me mudei para Kellington aos onze anos, elas tinham pena de mim enquanto eu almoçava sozinha na escola por semanas, sem saber como socializar no mundo humano.
Eu me mudei várias vezes quando criança, e nunca tinha ido a uma escola. Meus pais me ensinaram o básico, mas éramos rebeldes apenas pulando entre matilhas e vivendo na natureza durante a primeira década da minha vida. Então, apesar de ser meio esquisita e lupina, elas me aceitaram, e nos tornamos melhores amigas desde então.
No primeiro ano do ensino médio, confiei a elas meu segredo. Elas aceitaram surpreendentemente bem. Elas disseram que sempre souberam que havia algo estranho comigo bem como a minha família. Mas continuaram me tratando como uma pessoa normal e se recusaram a me abandonar.
Agora, no terceiro ano do ensino médio, éramos um trio sólido que ocasionalmente esbarrava em alguns outros grupos sociais da escola.
"Então ... fomos convidadas para a festa de Cameron hoje à noite", disse Charlotte, olhando para Abi antes de olhar para mim. "Você vai, Ella?"
"Cameron? Tipo, o Cameron Wood?", eu murmurei, "Nem a pau..."
"Olha, isso já é passado, Ella", disse Abi.
Eu levantei minha sobrancelha, "O quê? Duas semanas atrás?"
Charlotte soltou um gemido e agarrou minhas mãos.
"Vai ser divertido. O lugar estará lotado e talvez nem vejamos ele", disse ela.
"Não", eu disse com firmeza, "além disso, tenho muito dever de casa e, desde que minha mãe foi embora, tem sido difícil conciliar as tarefas domésticas e escolares com a vida social. Mas vocês duas se divirtam. Eu não me importo."
"Connor não pode ajudar nas tarefas domésticas? Ele poderia fazer o jantar ou algo do tipo?", Abi perguntou.
Charlotte e eu nos entreolhamos com olhares meio apavorados, meio histéricos.
"Isso vem de alguém que nunca viu Connor em uma cozinha tentando fazer uma torrada", eu disse.
Mas, há dois anos, ela não aguentava mais morar na casa. Dormir na mesma cama que ela dividia com ele, ver suas fotos, sentir o perfume persistente em suas roupas, ver a correspondência chegar com o nome dele no envelope.
Era demais.
Então ela partiu para viver como uma rebelde novamente. Ela queria que Connor e eu nos juntássemos a ela, mas gostávamos de nossas vidas em Kellington. Tínhamos amigos, uma educação e um lar. Então decidimos ficar, conseguimos empregos em uma pequena lanchonete na periferia da cidade e começamos a pagar as contas por conta própria.
Como eu disse, nada foi "fácil".
Sentei-me com Abi e Charlotte no refeitório, comendo o sanduíche seco no qual gastei dois dólares. Estava mole e só tinha uma fatia única de queijo dentro, que suava de uma forma que o queijo definitivamente não deveria.
"Quer saber? Você está certa", eu disse, jogando a pobre daquela refeição fajuta na minha bandeja,"eu vou. Mereço um pouco de diversão..."
O grito de Charlotte me interrompeu, enquanto ela me esmagava em um abraço. Abi riu enquanto observava meus globos oculares quase saltarem da cabeça.
"Ok, Charlote. Acho que entendemos. Agora solta a pobrezinha", ela riu.
"Vamos comer algo melhor, estou morrendo de fome", eu disse, farejando o ar.
Senti o cheiro de batatas fritas quentinhas no ar e meu estômago roncou apenas com isso.
"Você está sempre com fome", riu Abi.
"Não é minha culpa que eu tenha um metabolismo desumanamente rápido," eu disse. "Literalmente."

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