Lis olhou para a empresa de Michael impressionada diante da imponência do local. O edifício ficava em uma área extremamente cara da cidade, e tudo exaltava elegância diante das cores, dos móveis e do modo como as pessoas se comportavam. Ao ver o modo como todos cumprimentavam Michael, ela se viu o encarando surpresa pelo modo como ele parecia ser respeitado pelas pessoas a sua volta. Um tipo de respeito que ele não possuía no palácio, pois a anos escutava boatos sobre a família real desprezá-lo diante de seu comportamento atípico.
— Você é realmente dono daqui? – Ela se viu perguntando assim que eles saíram do elevador.
— Sócio majoritário – A corrigiu ao manter as mãos no bolso de sua calça caminhando no mesmo ritmo que Lis. Ele não desejava que as pessoas conversassem com ela, pois naquele local, ele era alguém importante. Alguém respeitado pelos seus feitos e não pelo seu título. Parou em frente a sua sala, torcendo o nariz ao perceber que ela iria ficar sozinha em sua sala – Fique aqui, não devo demorar – Abriu a porta exibindo um escritório grande com janelas de vidro, uma mesa de madeira no centro do cômodo, uma parede repleta de livros, um sofá confortável do outro lado da sala ao lado de um pequeno bar. – É a minha sala.
— Eu ainda preciso voltar para a universidade – O relembrou antes de entrar na sala segurando-se para não começar a mexer em tudo antes que ele a deixasse sozinha.
— Só não faça loucura – Pediu – Esse lugar é realmente importante para mim – Confessou em tom baixo antes de fechar a porta, a deixando sozinha. Lis sorriu ligeiramente ao perceber que pouco a pouco, ele começava a demonstrar nuances diferentes de si mesmo. – Ou posso estar imaginando coisas – Murmurou ao olhar para a mesa de madeira. Suspirou ao se aproximar dela, tocando-a levemente. Ela sempre havia gostado de móveis daquela forma. Rustico e elegante. Se viu tentada a abrir as gavetas, mas meneou a cabeça ao se sentar na cadeira de couro ficando em frente ao notebook em cima da mesa. E quando estava prestes a tocar no computador, viu uma pequena moldura. Uma mulher de cabelos escuros sorria na fotografia. E então, ela se virou percebendo que aquela moldura era o único pertence pessoal e intimo dele naquele escritório – Parece que até os monstros amam – Se viu pigarreando incerta sobre o que estava fazendo.
Um incomodo se instalou a cada segundo que seus olhos encaravam a fotografia tentando adivinhar o tipo de relação que Michael havia mantido com aquela jovem. E o motivo de não ter mais fotografias.
De certa forma, ela se sentia traída por não saber nada dele.
— Mas não é como se ele soubesse tudo sobre mim – Percebeu a ironia da situação ao olhar para a porta, ansiosa de que ele aparecesse, e como por milagre, a porta foi aberta, mas por uma mulher loira extremamente bem vestida segurando uma bandeja.
— Sou a secretária do senhor Stone – A secretária falou sorridente – Meu nome é Alana. O senhor Stone pediu para lhe trazer um pouco de café e biscoitos – Revelou ao andar elegante com seus saltos fazendo um discreto barulho antes de parar em frente a mesa depositando a bandeja – Esses biscoitos vieram da Suiça. O Pedro, sócio do Michael, viajou tem poucos dias. Acredite, são maravilhosos – Falou extremamente simpática ao colocar a xicara e o prato com biscoitos em frente a Lis – Se desejar mais, não hesite em apertar o zero no telefone.
Quando Alana estava prestes a ir embora, Lis a chamou.
— A quanto tempo trabalha com ele?
— Desde que começaram os negócios – O sorriso compreensivo de Alana fez Lis se sentir tola por tentar descobrir algo sobre o príncipe daquela forma – Deseja perguntar algo?
— Sabe sobre a experiência dele no exército?
— Sei um pouco sobre alguma coisa. Ele não gosta de falar daquela época. Nem o Pedro gosta para ser sincera – Revelou após suspirar – Não são tempos fáceis, sabe? – Lis assentiu – Ele não se abriu nem para a noiva. Deve ser algo difícil de lembrar. Um primo voltou do Afeganistão e ele não era o mesmo. Não conheci o senhor Stone antes de tudo, mas escutei um boato de que ele sofreu bastante. Pessoas importantes não vão para o exército, sabe? Ele ficou na linha de frente. Não deve ter sido fácil.
Lis assentiu agradecendo ainda incerta sobre o que procurava, mas se viu ficando cada vez mais curiosa sobre ele.
Eu deveria parar. Se eu descobrir tudo, o que vai acontecer comigo? Posso me sentir conectada a ele de alguma forma, e não querer me afastar.
Meneou a cabeça ao abrir o notebook, se deparando com uma tela de bloqueio e um pedido de senha. Fechou e começou a tomar o café enquanto comia os biscoitos.
***
Michael suspirou ao olhar para Pedro assim que entrou na sala de reunião, se deparando com dois advogados e o seu próximo cliente: Túlio Vargas, o dono de uma corporação química. O segundo príncipe sempre optara por trabalhar com pessoas de quem poderia ter a certeza sobre a sua índole, mas o homem a sua frente demonstrava um sorriso exageradamente falso sempre o que o encarava.
— Já assinei o contrato, não entendi o motivo dessa reunião – Túilio disso aparentando calma ao ajeitar a sua gravata ao olhar para Michael minuciosamente – Essa foi a primeira reunião onde precisei assinar um documento para não revelar a identidade de um dos sócios, e agora entendo o motivo – Sorriu convencido – O segundo príncipe, Michael August Stone. Não sei se estou lisonjeado pela reunião com uma ilustre presença ou se devo considerar uma ameaça para nosso negócio.
— Desejo esclarecer algumas coisas – Michael falou ao se sentar ao lado de Pedro. – Primeiro, sabe que em nosso contrato havia uma cláusula sobre transparência nos negócios – Túlio assentiu sorridente – Mas tenho provas de que tem sonegando impostos, e há rumores de que está testando um remédio que faz os pacientes terem sequelas – O modo frio como Michael dizia cada palavra fez com que Pedro segurasse o riso ao ver a expressão de pânico de Túlio – E como acordamos no paragrafo cinquenta, o contrato será cancelado e será necessário que pague uma multa. Dúvidas?
— Não tem provas sobre nada – Túlio disse ao se levantar.
— Na verdade tenho. – Michael suspirou entediado – Tenho testemunhas sobre tudo. Deseja falar mais alguma coisa? – Indagou ao se levantar acompanhado de Pedro – A minha secretária irá leva-lo até a saída, e por favor, não nos procure novamente – Pediu ao esboçar um sorriso frio ao ir em direção a porta juntamente com Pedro. – Eu disse para prestar atenção nos detalhes, verificar tudo antes de assinar contrato.
— Minha culpa dessa vez – Admitiu ao olhar para a porta do escritório de Michael – Ela realmente está ali? – Ele assentiu – Posso falar com ela, não é?
— Só não comente nada desnecessário – Pedro concordou ao andar o mais rápido que conseguiu abrindo a porta abruptamente. Seus olhos foram em direção a Lis, a qual permanecia sentada na cadeira de Michael apoiando a sua cabeça na mesa – Ela é realmente despreocupada – Sorriu ao ver o modo como ela ergueu a cabeça ao escutá-lo. Os cabelos dela caiam pelo seu rosto e por um segundo Pedro piscou ansioso para escutar a sua voz. – Você é a noiva de Michael, certo?
— Sim, e você?
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