Amor Sombrio romance Capítulo 4

Lis andou de um lado para o outro inquieta. Ela não havia saído do quarto desde que Sebastian havia a deixado lá, e agora se perguntava o que faria naquele lugar. O exagerado silencio assim como a sensação de aprisionamento fez com que a sua paciência se esgotasse rapidamente e antes que se desse conta, já havia aberto a porta.

O corredor encontrava-se silencioso, talvez mais do que o seu novo quarto, e ao caminhar a esmo se viu indo na direção oposta a das escadas. Lis desejava descobrir quantos quartos haviam naquele lado e, talvez, buscasse o quarto do príncipe.

Por algum motivo desejava vê-lo novamente somente para ter a certeza de que ele seria o seu inimigo.

Seus passos não faziam barulho ao andar e quando estava prestes a tocar em uma das maçanetas sentiu uma mão em seu ombro. Virou-se abruptamente, encarando o Príncipe Michael.

Lis não conseguiu evitar de admirar a beleza fria que ele exalava. Seus cabelos encontravam-se levemente molhados, sua calça jeans colava em sua perna e sua blusa social lhe dava um ar mais despojado do que deveria.

— Parece que o rei conseguiu lhe domar. – Michael falou sério ao encarar Lis – E o que faz andando livremente? Dentro desse palácio é como uma prisioneira. Não tem vontade própria e muito menos livre arbítrio. Deve seguir as ordens de todos, entende, certo?

A arrogância e a forma petulante como Michael a olhava e falava com Lis a fez passar a língua pelo seu lábio inferior levemente, gesto que fazia sempre que a raiva começava a se alastrar por todo o seu corpo.

— Acredita ser algum tipo de Deus? Você é um nada, lembre-se disso. Está sendo forçado a isso tanto quanto eu – Falou debochando dele ao revirar os olhos – E agora fica se fazendo de forte. É por isso que desprezo pessoas como você, sabia disso? Arrogância, prepotência e egoísmo. – Lis continuou a falar sem se intimidar como a forma que Michael se aproximava dela nem mesmo quando sentiu a parede em suas costas. Ele havia a encurralado. – Isso é alguma ameaça? – Sorriu ao erguer a cabeça para manter seu olhar fixo no olhar de Michael, entretanto não esperou que ele segurasse o seu pescoço com mais força do que conseguia aguentar. Suas mãos seguraram os braços de Michael em um reflexo.

— Você é um nada, não eu – Disse com uma estranha calma sem tirar os olhos de Lis – Nunca mais diga que sou um nada, como você – A advertiu ao soltá-la. A jovem olhou para o príncipe assustada. E não demorou para tudo se encaixar. Por todo o reino, uma conversa sobre um dos príncipes ser louco e agressivo circundava, contudo ninguém jamais soube ao certo o nome correto e agora o monstro a encarava de volta.

— Você é um monstro – Grunhiu ao levar as mãos ao próprio pescoço – Acha que isso ficará assim? -–Perguntou ao avançar em direção a Michael. Ela sabia que estava em desvantagem, mas não iria permitir que ele a fizesse se sentir incapaz e fraca. Ergueu a mão pronta para marcar a face do príncipe com seus cinco dedos quando escutou palmas atrás de Michael. Olhou surpresa para o homem que os olhava dividido entre o susto e admiração.

— Eu não deveria interromper, eu acho – O primeiro príncipe, Augusto falou acanhado tentando compreender o que havia acontecido entre o casal para que a jovem estivesse prestes a bater em seu irmão. Augusto poderia ser considerado idêntico a Michael se não fosse pelos seus olhos mais claros e seu rosto mais expressivo. – Sou Augusto e imagino que seja a noiva do meu irmão.

— Não mais – Lis disse altiva – Vocês que vão para o inferno. Podem me matar, matar meus pais, eu não me importo. – Disse ao passar por Michael contudo sentiu a mão dele segurá-la – Me solte – O avisou ao encará-lo – Se atreva a fazer algo e...

— Ameaças? – Michael sorriu exibindo covinhas. – Está tão assustada com o monstro que vai fugir.

— Espera que eu diga que irei enfrenta-lo? Não sou uma idiota. Se tem coragem para fazer isso comigo agora, depois só vai piorar.

Michael se limitou a sorrir ao aproximar seus lábios do ouvido dela.

— Meu pai está desesperado ao ponto de mata-la, se recusar. Estou falando sério – A advertiu baixo – Aceite esse aviso como um presente de noivado – A soltou, deu de ombros e foi em direção a Augusto, com as mãos no bolso da calça. – O que faz aqui? Pensei que tivesse um reunião com o consulado hoje.

— Eu tinha, na verdade transferi outro dia para poder conhecer a minha cunhada, e fiquei surpreso com o que encontrei – Admitiu sorrindo descontraído – Tente não irritá-la, está bem? Mulheres bravas são as melhores, mas quando se irritam – Suspirou – Nem Deus pode salvar o homem.

Michael se limitou a assentir, sem vontade de fingir interesse na conversa.

— Vou para o jardim – Michael falou ao passar pelo irmão, o deixando confuso.

— Qual o problema com vocês? – Lis perguntou assim que se viu sozinha no corredor com Augusto – Como podem brincar com a vida das pessoas assim? Somos seres humanos assim como vocês – O ultrajante comportamento de Michael assim como o seu aviso a deixou mais frágil do que gostaria de admitir.

— Eu sinto muito – Augusto se limitou a falar incomodado como a forma que Lis o encarava – Não sei o que está acontecendo, mas talvez posso ajuda-la.

Lis sorriu com escarnio.

— Destrua esse rei doente e seu filho psicopata então – Lis falou ao menear a cabeça. O seu pescoço doía e sentia dificuldade em engolir a saliva. Ela jamais havia sofrido uma tentativa de estrangulamento antes.

Ele realmente iria me matar?

— O que eles fizeram com você? – Augusto perguntou assim que Lis passou por ele.

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