Amor Sombrio romance Capítulo 6

Lis olhou para o seu reflexo no espelho assim que a cabelereira saiu do quarto acompanhada pela estilista. Seus cabelos estavam presos em um charmoso e elegante penteado, o qual deixava seu pescoço mais longo. Seus olhos estavam mais brilhantes e seu rosto mais iluminado devido a maquiagem. O vestido branco com detalhes em dourado em estilo princesa, com decote em coração e com detalhes na cintura, a faziam sentir uma boneca. Suspirou ao fechar os olhos para em seguida olhar em direção a porta assim que escutou alguém bater. Ela sabia que se saísse daquele quarto, não haveria mais volta. Uma festa havia começado para celebrar o seu noivado com Michael, o príncipe sádico, com repórteres e inúmeras figuras importantes daquele país e de outros que possuíam algum relacionamento econômico ou social.

— Senhorita Muller? – A voz de Sebastian a trouxe para a realidade. Ela não tinha outra opção além de concordar com aquela insanidade. – Posso entrar? – Gritou esperando a resposta de Lis, a qual abriu a porta sem nada falar. Sebastian a olhou de cima a baixo admirado – Está belíssima, se me permite dizer.

O elogio não a fez sentir-se melhor ou bonita, pelo contrário. Lis sentiu raiva. Raiva por estar vestida como eles desejavam. Raiva por estar se comportando como eles esperavam.

— A festa já começou? – Lis perguntou extremamente séria ao ignorar o elogio de Sebastian, e ao vê-lo assentir, respirou fundo – Imagino que o sádico já deve estar na festa. – A menção ao apelido do segundo príncipe, fez Sebastian empalidecer – Não foi difícil descobrir que ele era o sádico quando tentou me matar.

— O príncipe Michael tentou mata-la? – Sua voz demonstrou genuína surpresa.

— Como segunda guarda deveria estar mais atualizado sobre o que acontece dentro do palácio. O segundo príncipe é um doente, e eu espero não precisar ir a policia denunciá-lo, se algo mais acontecer. Não irei hesitar, entende isso, certo?

— Sim, senhorita – Respondeu ao recobrar a sua expressão seria e impassível. – Falarei com o rei e pedirei para enviar um segurança para protege-la – A sua promessa a fez revirar os olhos. Ela não acreditava em nada – Pode me acompanhar para o salão?

— Como se tivesse outra opção – Resmungou ao seguir Sebastian pelo corredor em direção as escadas. Cada vez mais que se aproximava do salão, o mesmo onde se encontrara com o rei dias atrás, o barulho das vozes e de musica clássica preencheu seus ouvidos. E ao passar por uma das portas abertas, o silêncio acompanhou a sua aparição. Todos os convidados olharam em sua direção, flashs foram disparados e sem pensar se viu olhando em direção a Michael, o qual permanecia sorrindo ao conversar com duas mulheres, enquanto seus olhos estavam fixos nela. – Futura esposa do príncipe Michael August Stone, Senhorita Lis Muller – Lis foi anunciada por Sebastian e mesmo após se viu hesitante sobre o que fazer. Os olhares continuaram ainda mais por alguns insistentes e em meio a indecisão se viu caminhando em direção a Michael, atraindo a atenção de todos.

Seus passos ecoavam pelo salão, seu vestido balançava levemente fazendo com que todos a vissem como um anjo caminhando.

— Parece que cheguei atrasada – Lis disse assim que parou em frente a Michael. – Se divertiu bastante em minha ausência?

Um singelo riso foi escutado atrás dela, entretanto Lis não se dignificou a olhar, pois mantinha seu olhar em Michael.

— Valeu a pena a esperar – O modo galante dele a fez desejar vomitar assim que o príncipe segurou em sua mão. Em um gesto de cavalheirismo, Michael levou a mão de Lis até seus lábios – Está perfeita.

— Obrigada – Agradeceu sorrindo falsamente mordendo o seu lábio inferior para conter a raiva e a vergonha que sentia.

— Parece que é a nossa musica – Disse ao segurar em sua mão e puxá-la em direção ao centro do salão, em seguida uma melodia preencheu o ambiente. Michael segurou em sua cintura com uma mão e com a outra manteve suas mãos unidas – Espero que saiba dançar.

— Para a sua infelicidade, eu sei – Depositou a mão em seu ombro e não demorou para rodopiarem o salão - Eu o desprezo, não se esqueça disso.

— O sentimento é mutuo – Sorriu ao olhar para as pessoas ao redor – Mas devo admitir que a sua atuação foi quase perfeita.

— Tudo isso é um jogo para você. Seu lunático – Falou ao se deixar ser guiada por ele pelo salão.

— E o que mais poderia ser?

Lis se manteve em silêncio até a musica acabar, e não demorou para se ver sendo guiada novamente para o centro do salão desta vez por Augusto. O primeiro príncipe a segurou com mais força do que deveria, ao puxá-la de encontro ao seu corpo.

— Nem parece a mesma garota atrevida de antes – Augusto falou próximo ao seu ouvido – Estou realmente curioso em como irá sobreviver ao meu irmãozinho.

— Qual o problema de vocês? Nem tudo é um jogo.

— Para nós, a vida é um jogo. Todos são peças de xadrez e somos os únicos jogadores. Agora a sua posição é de peão. Quero ver até onde pretende chegar.

Lis se manteve em silêncio por alguns segundos até pisar no pé de Augusto.

— Desculpe, acho que não sou um bom peão – Sorriu ligeiramente antes de voltar a sua expressão neutra. A sua vontade era de empurrar Augusto e pisoteá-lo.

— Acredito que seja a minha vez – Philipe disse interrompendo a dança de Lis com Augusto. – Não poderei permanecer por muito tempo, tenho trabalho a fazer – Se explicou diante do olhar surpreso do irmão. – Estou com pressa.

— Tanto faz – Augusto disse ao dar de ombros e afastar-se. Philipe olhou para Lis de cima a baixo, concordando em silêncio ao lhe estender a mão.

— Caso aceite dançar, basta segurar – O terceiro príncipe foi o primeiro a lhe dar uma escolha, o que a fez segurar em sua mão. – Agora deixe que eu a guie – A formalidade em sua voz, a fez sorrir pela primeira vez naquele palácio. Um sorriso de verdade. – Disse Algo engraçado?

— Na verdade disse – Sorriu mais uma vez ao rodopiar pelo salão – Parece ser o único nessa família que ainda tem alguma decência.

— Talvez esteja enganada.

— Talvez – Sorriu ao relaxar assim que Philipe apertou ligeiramente a sua cintura. Por alguma razão, conversar com ele era fácil e agradável apesar de pertencer a família que desprezava. – Não serei sempre agradável com você – O advertiu.

— Não espero que seja – Respondeu frio – Além do mais, não nos veremos, certo?

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