Antologia Erótica romance Capítulo 33

Trabalhava em um laboratório um pouco controverso e até cruel com algumas cobaias, testes de telecinesia que mais pareciam de um filme de ficção científica haviam se tornado muito promissores.

A luz estourada do corredor criou um longo retângulo na sala escura quando abri a porta, iluminando o corpo amarrado em uma cadeira reclinável, apesar do conforto do estofado, ele rodava os pulsos para se soltar.

- Número Dez?

Ele levantou a cabeça para mim, relaxando os braços e deu um pequeno sorriso.

- Oi, doutora.

Entrei seguida de um dos guardas que fechou a porta e se posicionou com um rifle apontado para o homem. Arrastei um banquinho com rodas até próximo a cadeira no estilo consultório de dentista, abri a gaveta no armário baixo e tirei algumas coisas que precisava usar no procedimento.

Bisturi, linhas, gaze e tesoura.

- Vai me machucar, doutora? - Dez mantinha a voz divertida, um mecanismo de defesa que eu conhecia bem, ignorei.

Peguei o pequeno chip e coloquei cuidadosamente sobre a mesa.

- Está brava comigo?

- Você sabe o que fez, Dez.

- E você sabe porque eu fiz.

Olhei para trás e o guarda ainda mantinha a arma apontada, isso me irritava, Dez era perigoso, mas não era nenhum animal, além disso valia muito dinheiro para o laboratório. Se eu confiava que o guarda não atiraria no primeiro sinal de violência de Dez? Não mesmo. Dava para ver no seu rosto que ele faria de tudo para sobreviver. Embora nenhuma arma fosse páreo para o que a cobaia era capaz de fazer.

- Deixe-nos a sós.

- Tenho ordens para proteger a doutora de qualquer ameaça.Seu marido…

- Meu marido pode financiar o experimento, apesar disso sou eu quem manda aqui. Eu disse para nos deixar sozinhos, por favor - eu não estava pedindo e ele sabia disso, saiu da sala e bateu a porta. Certamente aliviado.

- Doutora, eu não quis - Dez começou a fazer aquela carinha de cão sem dono que não me convencia mais.

- Não, Dez - evitei olhar para ele - não pode matar os médicos só porque conversam comigo.

- Ele não estava só conversando, estava? Olhou para sua bunda, mesmo sabendo que é casada.

- Você sabe que sou casada e faz a mesma coisa.

- Mas ele pode encontrar outras mulheres, mas eu tinha que me aliviar com você, não tenho escolha.

- E o matou por isso?

- Pelo que ele pensava enquanto olhava.

Sua declaração fez os pelos da minha nuca se arrepiarem. Olhei lentamente em sua direção, assustada, mas curiosa.

- Sabe o que ele estava pensando? Consegue fazer isso?

Ele deu de ombros.

- Claro, sei o que os homens pensam quando olham pra sua bunda, em entrar nela - abriu um sorriso - isso inclui a mim.

Uma onda de calor passou pelo meu corpo, Dez deixava claro que se sentia atraído por mim desde o primeiro dia que entrou no laboratório e apesar de não demonstrar, senti o mesmo por ele. Afastei o pensamento e me concentrei na tarefa.

- Vou fazer uma pequena incisão logo abaixo da sua clavícula, vamos implantar um chip para te monitorar, assim pode ter mais liberdade e até caminhar nas instalações.

- Vão me catalogar e rastrear como uma tartaruga marinha?!

- É para te ajudar.

- Me controlar.

- Dez...

- Está bem - ele virou o rosto na minha direção - mas desse lado, quero olhar para você enquanto me condena.

- Você tem poder o suficiente para impedir, entrou nesse programa por escolha, com as drogas que demos a você pode me matar sem esforço.

- Eu sei, mas não vou, você sabe disso, eles sabem disso. Por isso mandaram você - seus olhos pararam nos meus - só me responde uma coisa?

- Claro.

- Assim que você colocar isso em mim, as minhas chances de sair daqui caem para zero.

- Isso não foi uma pergunta.

- Eu sei.

Ele desviou o olhar, embora permanecesse virado em minha direção. Um podia me arremessar longe e estourar as amarras com facilidade e vê-lo fazer o contrário, por mim, fez eu me sentir péssima.

Seu rosto calmo e impassível chamava demais minha atenção, a culpa pelo que eu estava prestes a fazer, junto com o desejo incontrolável que ele despertava em mim me levou a abaixar o rosto até ele e beijar o canto de sua boca. Não me afastei enquanto ele virava para mim e nossas bocas se encontraram.

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