Christopher
— Eu venci... — sussurrei para mim mesmo ao observar Charlotte indo embora, mas por que o gosto da vitória está tão amargo?
Engulo em seco, enfio as mãos no bolso e permaneço em pé refletindo os acontecimentos dos últimos minutos. O meu plano saiu do jeito que eu imaginei, fiz ela se envolver e ficar caidinha pelo cara das mensagens, só que o cara das mensagens era eu, o cara que ela sempre desprezou e tentou humilhar, se apaixonou e foi louca o suficiente para se encontrar com um desconhecido, eu assumo que balancei e cheguei a me arrepender por tê-la enganado tanto, mas o que está feito já estava feito e eu não poderia retroceder depois de tudo, e o que me deixa tranquilo e na expectativa é porque eu percebi que ela não vai descarga barato, o meu intuito com esse plano era dar um fim nisso, mas eu não quero que acabe, eu pensei que eu queria, mas a verdade é que eu estou ansioso para descobrir o que ela vai fazer comigo agora.
Ela ficou muito puta da vida, com certeza ela não vai deixar barato. Espero que ela faça o mesmo comigo, que se passe por outra pessoa e me faça ficar apaixonado, aí marcamos um encontro e nos pegamos de novo.
Começo a gargalhar no escuro, sozinho, mas aos pouco a risada vai morrendo e me pego sentindo um desconforto na barriga.
Merda, preciso ir pra casa.
Charlotte
Corri pra casa aos prantos. Nunca senti tanta raiva em toda a minha vida, é inacreditável que o Christopher seja tão babaca. Entrei pra dentro do meu quarto, a Sara está no quarto do Gu provavelmente colocando ele pra dormir e eu agradeço por isso, eu não quero conversar com ninguém agora, não nesse minuto. Preciso de um minuto em paz dentro do meu banheiro. Lavo o meu rosto pra tirar a maquiagem borrada, eu me olho no espelho por diversas vezes ao longo do processo, minha cara está enorme, o meu nariz trancado e vermelho é o que mais se destaca.
— Seu idiota — resmungo me encarando no espelho fingindo estar olhando para ele, — nunca vi um cara tão idiota igual a você, seu babacão, parece um...
— Charlotte? — Sara me chama na porta.
— Só um segundo!
Eu não vou conseguir disfarçar a minha cara mesmo, nem que eu ficasse aqui por dias horas, então não preciso adiar o inevitável.
Saio do banheiro e na mesma hora a Sara se espanta perguntando o que aconteceu, sentamos-nos na minha cama e eu expliquei tudo, sem esconder nada, todos os detalhes eu falei pra ela.
— Charlotte, eu consigo até ver, vocês dois vão se casar! Escreve o que eu estou te falando.
— Você surtou? — pergunto muito brava com esse comentário dela — Sara você não entendeu o que aconteceu?
— Dramática? Sara, eu só quero me esquecer disso, só isso, você não faz ideia de como eu estou me sentindo — levo a minha mão ao peito e de novo começo a chorar.
— Pare, não pense nisso — Sara me abraçou tentando me confortar.
Mas ela não me entende, acho que ninguém me entenderia.
Pedi pra ela ir pra casa dela, já estava tarde e ela custou a fazer a minha vontade, mas no final ela cedeu e chamou o taxista de confiança da família dela. Eu só quero ficar sozinha com os meus próprios pensamentos, ninguém me entende melhor do que eu.
Deitada, tentando dormir, descobri que o buraco no meu peito ficou bem maior, e depois de tudo o que eu senti quando estive com o Christopher está na cara de eu gosto dele. Por que? Como alguém consegue ser tão trouxa ao ponto de gostar de alguém que só machuca e faz mal?
Eu devo ser algum tipo de sociopata, só pode ser isso. Mas tudo bem, eu já tenho uma ideia do que eu vou fazer pra me livrar de uma vez por todas desses sentimentos infantis que eu sinto pelo Christopher... Se bem que sentimentos infantis não envolvem tudo aquilo que aconteceu, enfim, seja o for, eu vou vencer isso. Tenho certeza que eu não sou a primeira garota a passar por esse problema e nem serei a última, eu devo ser forte e pensar com a cabeça.
É isso, por mais que eu não queira fazer o que eu tenho em mente, vai ter que ser assim. Tenho que pensar no progresso, dói, mas é só dessa forma que eu vou ficar bem.
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